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EM TRANSE
R$ 126,487 milhões ingressaram nos dez primeiros dias deste mês; no ano, saldo está negativo em R$ 1,525 bilhão
Timidamente, estrangeiro volta à Bovespa
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos primeiros dez dias deste mês houve o ingresso de R$ 126,487 milhões em investimentos estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Há quatro meses há fuga de capital externo do mercado acionário doméstico -no acumulado do ano, o saldo dessa conta é negativo em R$ 1,525 bilhão.
O resultado positivo deste início de mês não empolgou os analistas. Mais do que um sinalizador de tendência, o dado foi associado a fatores pontuais.
"Nos últimos meses, a sangria
foi forte. Agora, com um cenário
eleitoral mais tranquilo aos olhos
do mercado, é natural que haja
uma pequena correção com a volta de alguns recursos", diz Alan
Gandelman, da Ágora Sênior.
"No entanto esse capital pequeno que voltou pode ser do tipo
que vai embora com a mesma rapidez após a mínima notícia
ruim", afirmou.
A fuga de capitais da Bovespa
começou em maio passado. O risco de investir no Brasil cresceu
aos olhos dos investidores devido
à sucessão presidencial.
Um país em ano eleitoral é visto
com certa preocupação pelos investidores devido à mudança de
governo. A incerteza em relação
ao Brasil cresceu porque pesquisas apontavam fortes chances de a
oposição sair vitoriosa na disputa.
O mercado é avesso a mudanças e
tende a adotar como "seu" o candidato do atual governo.
Desde o início da propaganda
eleitoral, em agosto, as sondagens
mostram uma recuperação do
candidato do PSDB, José Serra, o
que agrada aos investidores.
"Com a melhora no desempenho de Serra houve um certo alívio, e, como as ações estavam baratas, um pequeno movimento de
compra", diz Maurício Zanella,
do Lloyds TSB. "Mas não acredito
que haverá fôlego suficiente desse
tipo de recursos a ponto de o saldo ficar positivo neste mês."
Além do cenário eleitoral, a Bovespa foi afetada pela aversão
mundial ao risco após as fraudes
financeiras praticadas por empresas norte-americanas.
Outro fator apontado por analistas para justificar o saldo positivo dos investimentos estrangeiros
neste início de mês são as ações da
Petrobras.
Diante de uma possível guerra
entre os Estados Unidos e o Iraque, os preços do petróleo no
mercado internacional tiveram
forte elevação nos últimos dias.
Dessa forma, cresceu a recomendação de várias instituições para a
compra de ações de petrolíferas.
"Quando o investidor estrangeiro compara os preços das petrolíferas pelo mundo, percebe
que as ações da Petrobras estão
muito baratas", avalia Luiz Antonio Vaz das Neves, da Planner.
Nos dez primeiros dias deste
mês -equivalente a sete pregões-, o índice Ibovespa, que
reúne as 56 ações mais negociadas
do mercado paulista, acumulou
queda de 4%. No mesmo período,
na contramão, as ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras subiram 6,4%. Apenas ontem o papel subiu 6% -liderou
as altas do Ibovespa e foi o mais
negociado do dia. A ação movimentou R$ 35,582 milhões do fraco giro financeiro de R$ 284,417
milhões da Bovespa. O papel ordinário (com direito a voto) subiu
2,07% e girou R$ 15,5 milhões.
Juntos, os dois papéis responderam por 18% do volume da Bolsa.
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