São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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EM TRANSE

R$ 126,487 milhões ingressaram nos dez primeiros dias deste mês; no ano, saldo está negativo em R$ 1,525 bilhão

Timidamente, estrangeiro volta à Bovespa

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos primeiros dez dias deste mês houve o ingresso de R$ 126,487 milhões em investimentos estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Há quatro meses há fuga de capital externo do mercado acionário doméstico -no acumulado do ano, o saldo dessa conta é negativo em R$ 1,525 bilhão.
O resultado positivo deste início de mês não empolgou os analistas. Mais do que um sinalizador de tendência, o dado foi associado a fatores pontuais.
"Nos últimos meses, a sangria foi forte. Agora, com um cenário eleitoral mais tranquilo aos olhos do mercado, é natural que haja uma pequena correção com a volta de alguns recursos", diz Alan Gandelman, da Ágora Sênior.
"No entanto esse capital pequeno que voltou pode ser do tipo que vai embora com a mesma rapidez após a mínima notícia ruim", afirmou.
A fuga de capitais da Bovespa começou em maio passado. O risco de investir no Brasil cresceu aos olhos dos investidores devido à sucessão presidencial.
Um país em ano eleitoral é visto com certa preocupação pelos investidores devido à mudança de governo. A incerteza em relação ao Brasil cresceu porque pesquisas apontavam fortes chances de a oposição sair vitoriosa na disputa. O mercado é avesso a mudanças e tende a adotar como "seu" o candidato do atual governo.
Desde o início da propaganda eleitoral, em agosto, as sondagens mostram uma recuperação do candidato do PSDB, José Serra, o que agrada aos investidores.
"Com a melhora no desempenho de Serra houve um certo alívio, e, como as ações estavam baratas, um pequeno movimento de compra", diz Maurício Zanella, do Lloyds TSB. "Mas não acredito que haverá fôlego suficiente desse tipo de recursos a ponto de o saldo ficar positivo neste mês."
Além do cenário eleitoral, a Bovespa foi afetada pela aversão mundial ao risco após as fraudes financeiras praticadas por empresas norte-americanas.
Outro fator apontado por analistas para justificar o saldo positivo dos investimentos estrangeiros neste início de mês são as ações da Petrobras.
Diante de uma possível guerra entre os Estados Unidos e o Iraque, os preços do petróleo no mercado internacional tiveram forte elevação nos últimos dias. Dessa forma, cresceu a recomendação de várias instituições para a compra de ações de petrolíferas.
"Quando o investidor estrangeiro compara os preços das petrolíferas pelo mundo, percebe que as ações da Petrobras estão muito baratas", avalia Luiz Antonio Vaz das Neves, da Planner.
Nos dez primeiros dias deste mês -equivalente a sete pregões-, o índice Ibovespa, que reúne as 56 ações mais negociadas do mercado paulista, acumulou queda de 4%. No mesmo período, na contramão, as ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras subiram 6,4%. Apenas ontem o papel subiu 6% -liderou as altas do Ibovespa e foi o mais negociado do dia. A ação movimentou R$ 35,582 milhões do fraco giro financeiro de R$ 284,417 milhões da Bovespa. O papel ordinário (com direito a voto) subiu 2,07% e girou R$ 15,5 milhões. Juntos, os dois papéis responderam por 18% do volume da Bolsa.


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