São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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AVIAÇÃO

Perdas dobram em relação ao mesmo período de

Varig dá prejuízo de R$ 1,041 bilhão no primeiro semestre

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Varig registrou no primeiro semestre deste ano um prejuízo recorde de R$ 1,041 bilhão. O número impressiona não só pelo tamanho, mas também devido à comparação com resultados anteriores. No primeiro trimestre de 2002, por exemplo, a companhia havia amargado uma perda de R$ 135 milhões. Em apenas três meses, o prejuízo saltou para R$ 906 milhões. As perdas do semestre são ainda quase o dobro dos R$ 509,8 milhões do mesmo período do ano passado.
O diretor de relações com o mercado da companhia aérea, Manuel Guedes, atribuiu ontem a disparada no prejuízo a provisionamentos contra possíveis despesas futuras e à alta do dólar. Segundo ele, a Varig adotou uma nova política para a elaboração do balanço, que resultou no prejuízo de R$ 1,041 bilhão.
"A empresa passou a fazer reservas de R$ 420 milhões para cobrir futuras despesas com seu fundo de pensão [Aerus" e possíveis gastos com decisões judiciais referentes a impostos contestados juridicamente, como Finsocial e Cofins", disse Guedes.
As perdas da Varig, portanto, poderiam ter sido piores, pois ela e outras empresas de aviação foram beneficiada recentemente pelo governo com uma anistia de dívidas.

Dólar
A Varig, segundo Guedes, também sofreu com a desvalorização do real no segundo trimestre. O aumento de 22% da taxa do dólar resultou em um acréscimo de R$ 260 milhões em sua dívida. Os débitos totais da companhia já giram em torno de US$ 1 bilhão (mais de R$ 3,1 bilhões).
O faturamento da companhia no semestre praticamente empatou com o mesmo período de 2001. A receita foi de R$ 2,5 bilhões, contra os R$ 2,4 bilhões do primeiro semestre de 2001.
Guedes disse, no entanto, que a empresa começa a apresentar alguns resultados positivos. A receita operacional (que diz respeito a quanto a empresa faturou, sem descontar dívidas e provisionamentos) somou R$ 1,5 milhão entre janeiro e junho. No primeiro semestre do ano passado, o desempenho foi negativo, com perdas de R$ 75 milhões.
"A receita operacional de agora não importa pelo número, que é pequeno, mas significa uma mudança na empresa."
A Varig, no entanto, tem enormes dificuldades para sair da situação em que está e reduzir a dívida de US$ 1 bilhão. A empresa previa, por exemplo, que fecharia um acordo de aporte de capital de investidores e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) até setembro. Agora prevê que o negócio pode ser fechado mesmo só em 2003. Ontem, as ações da empresa caíram 6,66%.


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