São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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RECEITA DO NOBEL

Prêmio Nobel de Economia volta a fazer crítica ao processo de globalização

BC independente pode ser perigoso, afirma Stiglitz

Vanderlei Almeida/France Presse
O ministro Pedro Malan e Joseph Stiglitz em seminário no Rio


DA SUCURSAL DO RIO

O economista norte-americano Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, disse ontem, durante seminário no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que a idéia de um BC (Banco Central) independente pode ser perigosa.
"O perigo de um BC independente é o de ele usar sua posição para tomar decisões políticas", afirmou. Segundo Stiglitz, a credibilidade do BC dos Estados Unidos -o Fed (Federal Reserve)- está em xeque porque ele apoiou a expansão fiscal do atual governo.
Stiglitz fez essas declarações quando o presidente do BC brasileiro, Armínio Fraga, um dos defensores da idéia de um BC independente, já havia deixado o local do seminário, do qual também participou. "Agora que meu ex-aluno já saiu, posso falar", brincou.
O economista disse que o BC independente pode dar certo em um país, como ele acha que deu nos Estados Unidos -apesar das críticas que fez-, mas pode não dar em outro. Na sua opinião, é necessário que se busque algum tipo de "participação democrática" na gestão desses bancos. Ele deu o exemplo da Suécia, onde os trabalhadores participam da gestão do BC.
Diante de uma audiência da qual participavam, além de Fraga, o ministro da Fazenda Pedro, Malan (presidente da mesa), Stiglitz fez pesadas críticas às políticas neoliberais, repetindo no segundo dia do seminário organizado pelo BNDES a tônica do dia anterior.
Ele criticou a falta de mobilidade da mão-de-obra, exceto a altamente qualificada, no mundo globalizado, e disse que é um equívoco considerar como investimento estrangeiro direto nos países investimentos feitos para a compra de estatais.


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