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Inflação arrefece em
SP e Fipe prevê 0,4%
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Após a forte pressão de agosto,
quando os preços subiram 0,99%
em média, a taxa de inflação retoma uma tendência de queda na cidade de São Paulo. Os primeiros
dados deste mês, referentes aos
últimos 30 dias terminados no dia
7, mostraram alta de 0,79%. O recuo deve continuar nas próximas
semanas, e a inflação ficará próxima de 0,4% neste mês. Essa taxa
deverá ser repetida no trimestre
outubro-dezembro.
A estimativa é de Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe. O
economista da Fipe explica que
esse recuo se deve à pressão menor dos seis itens que estavam
empurrando a taxa para cima:
energia elétrica, telefone, planos
de saúde, tomate, cebola e batata.
Todos já mostram desaceleração
e devem terminar o mês sem
pressionar a taxa.
Mas, se a inflação entra em um
processo de queda, por que o Copom ameaça com nova alta dos
juros na reunião de amanhã? É
simples, diz Picchetti. "O Banco
Central está de olho na inflação
futura. A taxa de 2005 carrega
uma memória de 2004, devido à
indexação do IGP [Índice Geral
de Preços, da Fundação Getúlio
Vargas]", afirma o economista.
É um círculo vicioso. As tarifas
sobem porque são reajustadas pelo IGP, que sofre grande pressão
dos preços no atacado, e essa
mesma taxa de inflação serve para
novo reajuste dos preços administrados no ano seguinte, que, de
novo, vão pressionar o IGP.
Só por conta dos aumentos deste ano do IGP, já se estima alta de
7% para as tarifas públicas no
próximo ano. Como esse item é
responsável por 30% da inflação
gerada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo), a inflação do próximo
ano já "carrega" pelo menos 2,1%,
índice próximo da metade da meta de 4,5% estipulada pelo BC para o período. Essa taxa, no entanto, poderá ser ainda maior devido
à pressão dos preços do petróleo e
de outras commodities no IGP
nos próximos meses.
Para Picchetti, uma saída dessa
amarra "é balizar a meta [de inflação] dentro de um número que
filtre os choques de ofertas". Ou
seja, um número que reflita as variações de preços que efetivamente são afetadas pela decisão da política monetária. Nesses casos,
choques como os de energia elétrica e de petróleo teriam participação reduzida no índice.
Uma alta nos preços do petróleo, por exemplo, pressiona o
IGP, que pressiona os preços administrados, que voltam a pressionar o IGP -e forçam o BC a
elevar os juros.
Picchetti não concorda com as
análises que indicam que há uma
inflação de demanda no momento. O que há é a redução da oferta
de alguns produtos, principalmente dos "in natura". "Não existe uma demanda forte", diz ele. A
atuação do BC é mais para segurar a especulação do que para
conter a demanda, acrescenta o
economista. Ele prevê que o Copom aumentará em 0,25 ponto
percentual a taxa de juros (Selic)
na reunião de amanhã.
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