São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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Inflação arrefece em SP e Fipe prevê 0,4%

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Após a forte pressão de agosto, quando os preços subiram 0,99% em média, a taxa de inflação retoma uma tendência de queda na cidade de São Paulo. Os primeiros dados deste mês, referentes aos últimos 30 dias terminados no dia 7, mostraram alta de 0,79%. O recuo deve continuar nas próximas semanas, e a inflação ficará próxima de 0,4% neste mês. Essa taxa deverá ser repetida no trimestre outubro-dezembro.
A estimativa é de Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe. O economista da Fipe explica que esse recuo se deve à pressão menor dos seis itens que estavam empurrando a taxa para cima: energia elétrica, telefone, planos de saúde, tomate, cebola e batata. Todos já mostram desaceleração e devem terminar o mês sem pressionar a taxa.
Mas, se a inflação entra em um processo de queda, por que o Copom ameaça com nova alta dos juros na reunião de amanhã? É simples, diz Picchetti. "O Banco Central está de olho na inflação futura. A taxa de 2005 carrega uma memória de 2004, devido à indexação do IGP [Índice Geral de Preços, da Fundação Getúlio Vargas]", afirma o economista.
É um círculo vicioso. As tarifas sobem porque são reajustadas pelo IGP, que sofre grande pressão dos preços no atacado, e essa mesma taxa de inflação serve para novo reajuste dos preços administrados no ano seguinte, que, de novo, vão pressionar o IGP.
Só por conta dos aumentos deste ano do IGP, já se estima alta de 7% para as tarifas públicas no próximo ano. Como esse item é responsável por 30% da inflação gerada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação do próximo ano já "carrega" pelo menos 2,1%, índice próximo da metade da meta de 4,5% estipulada pelo BC para o período. Essa taxa, no entanto, poderá ser ainda maior devido à pressão dos preços do petróleo e de outras commodities no IGP nos próximos meses.
Para Picchetti, uma saída dessa amarra "é balizar a meta [de inflação] dentro de um número que filtre os choques de ofertas". Ou seja, um número que reflita as variações de preços que efetivamente são afetadas pela decisão da política monetária. Nesses casos, choques como os de energia elétrica e de petróleo teriam participação reduzida no índice.
Uma alta nos preços do petróleo, por exemplo, pressiona o IGP, que pressiona os preços administrados, que voltam a pressionar o IGP -e forçam o BC a elevar os juros.
Picchetti não concorda com as análises que indicam que há uma inflação de demanda no momento. O que há é a redução da oferta de alguns produtos, principalmente dos "in natura". "Não existe uma demanda forte", diz ele. A atuação do BC é mais para segurar a especulação do que para conter a demanda, acrescenta o economista. Ele prevê que o Copom aumentará em 0,25 ponto percentual a taxa de juros (Selic) na reunião de amanhã.


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