DA REPORTAGEM LOCAL

O premiê japonês, Junichiro Koizumi, 62, tem hoje um compromisso de família em São Paulo. Almoça com o veterinário Kenji Iryo, 72, primo em primeiro grau a quem não vê há 12 anos.
Eles tiveram uma convivência estreita em Tóquio, no início dos anos 50. Koizumi era um dos seis filhos de um político na época importante, que chegou a ministro da Defesa. E Iryo estava matriculado na universidade.
Em entrevista há dias à NHK, a televisão pública japonesa, Koizumi foi amistoso ao qualificar Iryo como "um irmão mais velho".
Iryo nasceu em Kagoshima, sul do Japão, cidade que ao final da Segunda Guerra foi bombardeada nas rebarbas da batalha pelo controle da ilha de Okinawa. Perdeu um irmão, aviador da Marinha.
Veio para o Brasil em 1956. Tinha parentes em Santo André. Trabalhou numa plantação de juta e à noite estudava para aprender português e história, necessários à revalidação de seu diploma.
Está aposentado. Mas ainda dá plantão na clínica veterinária que montou no Jardim da Saúde, zona sul. Uma de suas três filhas, bióloga, é sua auxiliar.
Passados tantos anos, ele se julga hoje mais brasileiro que japonês. De seus dois genros, só um é de ascendência oriental. Em sua casa mistura a culinária das duas culturas. Gosta de feijoada. E é torcedor do Palmeiras.
Lembra-se como se encontrou pela última vez com o primo. Reuniram-se com familiares espalhados pelas imediações de Tóquio.
O premiê Junichiro é um "homem de hábitos simples", diz ele. A família dele, em Tóquio, e a sua, em São Paulo, trocam esporadicamente telefonemas. Iryo não é muito de escrever. Isso porque é hoje obrigado a consultar no dicionário as muitas palavras correntes em japonês que esqueceu.
Gostaria que o primo cumprisse por aqui uma agenda mais tranqüila, que conhecesse mais demoradamente o Brasil.
"O Brasil é muito bonito. Tem muitas plantações. Pena que meu primo não poderá passear devagarinho por todos esses lugares", lamenta o veterinário Iryo.
(JOÃO BATISTA NATALI)


Texto Anterior: Japão: Premiê japonês chega ao Brasil hoje e discute comércio com Lula
Próximo Texto: Política monetária: Mantega apóia proposta de ampliar CMN
Índice