São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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FRUTICULTURA

Com investimentos em irrigação, região do semi-árido do Estado se firma como a maior produtora nacional

Ceará eleva exportação brasileira de abacaxi

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

É do solo seco do vale do Jaguaribe, no interior do Ceará, onde começa a sair a maior produção de abacaxi para exportação no país. Com investimentos em irrigação, as exportações brasileiras da fruta deverão crescer ainda mais na safra deste ano.
Em 2003, as exportações de abacaxi em todo o país somaram US$ 2,8 milhões, com vendas concentradas no Mercosul. O início da produção no Ceará, neste ano, vai representar um montante de 1,5 milhão de caixas (o equivalente a US$ 6 milhões) já em 2004. Essa produção tem como destino final países da Europa, continente que hoje é o maior comprador mundial da fruta. No total, só a produção cearense representaria um salto de 114% nas exportações brasileiras de abacaxi ante 2003.
O investimento total para alavancar a produção de abacaxi no solo semi-árido da fazenda Ouro Verde, em Limoeiro do Norte (a 204 km de Fortaleza), foi de US$ 20 milhões. A responsável foi a multinacional Del Monte Fresh Produce Brasil Ltda., com sede nos EUA, que começou o plantio numa área de 650 hectares, com o abacaxi tipo MD2, uma nova variedade com peso médio de dois quilos (maior que o tipo mais comum exportado pelo Brasil, o Smooth Cayene) e alto teor de açúcar, tanto que é conhecido como "extra sweet pineapple", ou "abacaxi extra doce".
Hoje, um dos maiores exportadores dessa variedade de abacaxi no mundo é a Costa Rica, com uma produção calculada em 600 mil toneladas em 2003, segundo dados da equipe técnica de abacaxi da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Os investimentos na fazenda começaram há dois anos e, desde o começo deste ano, a colheita é feita regularmente. A empresa projeta aumentar a área plantada, até 2007, para 2.500 hectares, para conseguir faturar, em um ano, US$ 20 milhões, com 4,5 milhões de caixas de abacaxi exportadas.
Segundo a Secretaria de Agricultura e Pecuária do Ceará, a fruticultura para exportação no Estado deve totalizar ganhos de US$ 30 milhões em 2004. O melão lidera o volume de vendas para o exterior, sendo responsável por US$ 23 milhões, e o abacaxi já passa a ocupar, neste ano, o segundo lugar nas exportações.
Para Francisco Zuza de Oliveira, coordenador de irrigação da Secretaria de Agricultura, o segredo para a descoberta da fruticultura em um Estado localizado no semi-árido do Nordeste foram os investimentos em infra-estrutura hídrica. "Estamos tentando convencer os investidores de que vale a pena fazer negócios no Ceará, porque o Estado tem uma boa infra-estrutura, estradas estaduais asfaltadas, portos com ótima localização para a exportação -já que são os mais próximos da Europa- e água para irrigação, todos os fatores que tornam o negócio muito mais atraente", disse.
Até o ano passado, o Estado tinha 26,7 mil hectares de área irrigada. Até 2010, o plano do governo é que esse número seja ampliado para 95 mil hectares, com mais da metade das terras destinadas à fruticultura.
De acordo com dados do Ministério da Agricultura, em 2003, as vendas externas de frutas frescas no país chegaram a US$ 335,3 milhões. Para este ano, a previsão é que alcance os US$ 375 milhões.
É no Nordeste onde está localizado o maior pólo produtor de melão, no Rio Grande do Norte, e de frutas como manga, banana, uva e goiaba (na região de Petrolina e Juazeiro).


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