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FRUTICULTURA
Com investimentos em irrigação, região do semi-árido do Estado se firma como a maior produtora nacional
Ceará eleva exportação brasileira de abacaxi
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
É do solo seco do vale do Jaguaribe, no interior do Ceará, onde
começa a sair a maior produção
de abacaxi para exportação no
país. Com investimentos em irrigação, as exportações brasileiras
da fruta deverão crescer ainda
mais na safra deste ano.
Em 2003, as exportações de abacaxi em todo o país somaram US$
2,8 milhões, com vendas concentradas no Mercosul. O início da
produção no Ceará, neste ano, vai
representar um montante de 1,5
milhão de caixas (o equivalente a
US$ 6 milhões) já em 2004. Essa
produção tem como destino final
países da Europa, continente que
hoje é o maior comprador mundial da fruta. No total, só a produção cearense representaria um
salto de 114% nas exportações
brasileiras de abacaxi ante 2003.
O investimento total para alavancar a produção de abacaxi no
solo semi-árido da fazenda Ouro
Verde, em Limoeiro do Norte (a
204 km de Fortaleza), foi de US$
20 milhões. A responsável foi a
multinacional Del Monte Fresh
Produce Brasil Ltda., com sede
nos EUA, que começou o plantio
numa área de 650 hectares, com o
abacaxi tipo MD2, uma nova variedade com peso médio de dois
quilos (maior que o tipo mais comum exportado pelo Brasil, o
Smooth Cayene) e alto teor de
açúcar, tanto que é conhecido como "extra sweet pineapple", ou
"abacaxi extra doce".
Hoje, um dos maiores exportadores dessa variedade de abacaxi
no mundo é a Costa Rica, com
uma produção calculada em 600
mil toneladas em 2003, segundo
dados da equipe técnica de abacaxi da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Os investimentos na fazenda
começaram há dois anos e, desde
o começo deste ano, a colheita é
feita regularmente. A empresa
projeta aumentar a área plantada,
até 2007, para 2.500 hectares, para
conseguir faturar, em um ano,
US$ 20 milhões, com 4,5 milhões
de caixas de abacaxi exportadas.
Segundo a Secretaria de Agricultura e Pecuária do Ceará, a fruticultura para exportação no Estado deve totalizar ganhos de US$
30 milhões em 2004. O melão lidera o volume de vendas para o exterior, sendo responsável por US$
23 milhões, e o abacaxi já passa a
ocupar, neste ano, o segundo lugar nas exportações.
Para Francisco Zuza de Oliveira,
coordenador de irrigação da Secretaria de Agricultura, o segredo
para a descoberta da fruticultura
em um Estado localizado no semi-árido do Nordeste foram os
investimentos em infra-estrutura
hídrica. "Estamos tentando convencer os investidores de que vale
a pena fazer negócios no Ceará,
porque o Estado tem uma boa infra-estrutura, estradas estaduais
asfaltadas, portos com ótima localização para a exportação -já
que são os mais próximos da Europa- e água para irrigação, todos os fatores que tornam o negócio muito mais atraente", disse.
Até o ano passado, o Estado tinha 26,7 mil hectares de área irrigada. Até 2010, o plano do governo é que esse número seja ampliado para 95 mil hectares, com mais
da metade das terras destinadas à
fruticultura.
De acordo com dados do Ministério da Agricultura, em 2003, as
vendas externas de frutas frescas
no país chegaram a US$ 335,3 milhões. Para este ano, a previsão é
que alcance os US$ 375 milhões.
É no Nordeste onde está localizado o maior pólo produtor de
melão, no Rio Grande do Norte, e
de frutas como manga, banana,
uva e goiaba (na região de Petrolina e Juazeiro).
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