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Empréstimo cria discórdia entre BCs europeus
CHRIS GILES
GILLIAN TETT
DO "FINANCIAL TIMES"
Uma clara divisão entre os
principais bancos centrais do
mundo sobre a melhor maneira
de reagir à restrição de crédito
surgiu na quarta-feira, depois
que Mervyn King, governador
do Banco da Inglaterra, o banco
central do Reino Unido, advertiu que as iniciativas de seus colegas para apoiar o sistema financeiro poderiam semear "as
sementes de uma futura crise
financeira".
Em uma decidida defesa da
recusa do banco a abordar as
taxas de juros anormalmente
altas para empréstimos de longo prazo entre bancos, King
questionou a eficácia das medidas adotadas pelo Banco Central Europeu e disse que sua
abordagem pode incentivar
"riscos excessivos".
Seus comentários foram depois reforçados por David Dodge, governador do Banco Central do Canadá.
O BCE bombeou 235,5 bilhões no sistema financeiro nas
últimas semanas, numa tentativa de reduzir a margem das
taxas de juros entre o financiamento "overnight" e os empréstimos com maturidades
maiores. O BC britânico só foi
oferecer pela primeira vez dinheiro para os bancos locais na
semana passada: 6,4 bilhões.
Vários bancos britânicos
acabaram pegando, por meio
de suas subsidiárias, dinheiro
emprestado do banco central
dos 13 países da zona do euro,
em uma tentativa de resolver
seus problema de liquidez.
Empréstimos temerários
Mas, em um comunicado escrito ao comitê seleto do Tesouro dos Comuns, King advertiu sobre os riscos de dar garantias do banco central às instituições que se envolveram em
empréstimos temerários.
"A provisão de grandes facilidades de liquidez penaliza as
instituições financeiras que
não entraram na dança, incentiva o comportamento de rebanho e aumenta a intensidade de
futuras crises", escreveu o presidente do BC britânico. Os
bancos centrais não devem
"entreter sensivelmente" essas
injeções de caixa apenas para
manter o status quo, acrescentou King.
Seus comentários foram feitos quando Alistair Darling, o
secretário do Tesouro, atacou
os bancos por emprestarem
com demasiada liberdade e
permitirem um grande aumento da dívida do consumidor.
Numa entrevista anteontem ao
"Daily Telegraph", ele pede a
volta ao "bom e velho sistema
bancário".
Discórdia
A discórdia entre os banqueiros centrais se concentrou em
até onde eles devem ir para tentar normalizar as condições
nos mercados monetários.
O BCE disse anteontem que
bombearia dinheiro para três
meses no sistema para "apoiar
uma normalização do funcionamento do mercado monetário europeu". King e Dodge disseram que os bancos comerciais eram suficientemente fortes para absorver os ativos dos
veículos de investimento em
dificuldades.
Separadamente, os formuladores de políticas estão decididos a reforçar os pedidos por
maior transparência no mundo
das finanças estruturais quando os ministros das Finanças da
União Européia se reunirem
em Portugal hoje.
Também prosseguem as discussões sobre outras reações à
crise, como a revisão dos padrões de capital dos bancos ou
esforços para formar pools com
os ativos em dificuldades.
Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES
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