São Paulo, sexta-feira, 14 de setembro de 2007

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Disputado, BMG estuda abrir capital na Bovespa

Forte em crédito consignado, banco nega ter sido de alvo de oferta do Itaú

Credor do BMG, Itaú tem uma carta que garante até novembro a preferência em caso de venda; banco quer elevar seu valor com IPO

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

TONI SCIARRETA
DA REPORTAGEM LOCAL

O banco BMG se prepara para abrir o capital na Bolsa antes de decidir a venda dos seus ativos integralmente ou não para uma instituição financeira. A operação de IPO (oferta inicial de ações) está sendo costurada pelo banco UBS Pactual.
O objetivo do lançamento de ações é multiplicar o valor do banco. O patrimônio líquido do BMG está na faixa de R$ 1,17 bilhão, mas o banco acredita que pode multiplicar por seis ou até sete vezes esse valor. No mercado, calcula-se que o valor do BMG pode chegar a R$ 7 bilhões após o IPO.
O Banco Itaú possui uma carta que garante preferência no caso de os acionistas do BMG decidirem vendê-lo. O banco é controlado pela família mineira Pentagna Guimarães, que reluta em vendê-lo antes de valorizá-lo com o IPO.
O documento foi obtido há cerca de três anos, quando o Itaú fez uma cessão de crédito de cerca de R$ 1 bilhão ao BMG. A carta, no entanto, vence em novembro. Depois desse prazo, o BMG está livre para vender o banco para quem quiser.
Um dos líderes no crédito consignado, o BMG é o 27º maior banco comercial brasileiro. Com a possível venda do ABN Amro Real para o Santander, o BMG tornou-se uma das poucas instituições financeiras disponíveis para aquisição.
O banco tem apenas 12 agências e 492 funcionários nas principais capitais brasileiras, mas conta com uma rede de 30 correspondentes bancários com forte presença em Minas.
A força no consignado interessa ao Itaú, que relegou a segundo plano essa área do crédito, que tem baixo risco e cresce 70% ao ano na concorrência.
O mercado também estranhou a informação publicada ontem pelo jornal "Valor" de que o Itaú compraria 50% do capital do BMG, mas não ficaria com o controle, fato inédito na política de aquisições do banco.
Em comunicado, o Itaú nega que tenha feito proposta pelo BMG por R$ 2 bilhões, mas afirma que considera sempre oportunidades no setor. "O Itaú está sempre considerando opções para expandir suas operações, analisando novas oportunidades de investimento, com foco na agregação de valor para nossos acionistas."
O banco BMG também divulgou nota negando a venda.
O BMG foi envolvido no escândalo do mensalão por ter emprestado dinheiro ao PT, por intermédio do empresário Marcos Valério, mas não chegou a ser denunciado pelo Ministério Público. Foi apontado no inquérito do mensalão e pela CPI dos Correios por ter supostamente abastecido o "valerioduto". O banco nega.


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