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Governo Lula teme ajuste nos EUA após as eleições
Medidas do próximo presidente americano podem "atrapalhar" Brasil, diz ministro
Paulo Bernardo, do Planejamento, prevê que o país cresça 4% no próximo ano; Lula pede medidas que mantenham investimentos
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ter uma previsão
otimista para 2009, a equipe
econômica do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva teme aquilo que considera imponderável
no ano que vem: o ajuste que o
novo presidente norte-americano terá de fazer na economia
de seu país.
Para compensar efeitos negativos desse processo no Brasil, Lula tem aconselhado seus
ministros a tomar medidas para manter o ritmo de investimentos no país e, com isso, garantir taxas elevadas de crescimento da economia. Ele tem
afirmado que o petróleo do pré-sal será fundamental.
"O próximo presidente americano terá de definir a saída da
Guerra no Iraque, fortalecer o
dólar, recuperar o mercado
imobiliário e reduzir os déficits
gêmeos [fiscal e externo]. O ano
que vem será de ajuste por lá,
mas não sabemos a sua intensidade, esse é o único dado que
pode nos atrapalhar", afirma o
ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo.
Ele acredita, contudo, que o
Brasil vai crescer no mínimo
4% em 2009, um pouco acima
das previsões mais pessimistas
do mercado, que apontam para
3,5%, mas abaixo da meta oficial do governo de 4,5%.
Caso o clima externo seja
bastante desfavorável, com um
período mais longo de recessão
nos países desenvolvidos, a
equipe de Lula avalia reservadamente que o crescimento
brasileiro pode ser menor, na
casa dos 3,5%.
Uma taxa que o presidente
não gosta, mas também não
considera uma tragédia na hipótese de uma crise internacional mais profunda do que os
cálculos iniciais.
Internamente, as atenções
estão voltadas para dois fatores
que podem pressionar negativamente a economia -o dólar
em alta e as despesas públicas.
Nos dois casos, contudo, a avaliação é que, por enquanto, estão sob controle e com possibilidades de correção de rumo se
a situação piorar.
O dólar subindo, num primeiro momento, terá o efeito
positivo de aumentar o valor
das exportações, ajudando a
melhorar as contas externas.
Num segundo momento, pode
pressionar a inflação com o encarecimento das importações.
Mas isso tende a ser aliviado ao
longo de 2009 com a entrada de
investimentos externos, principalmente no setor petrolífero
com o início dos negócios referentes ao pré-sal.
Quanto às despesas públicas,
em elevação, a expectativa é
que apresentem redução no
próximo ano, já que não haverá
eleição. E o governo pretende
aprovar no Congresso algo que
até agora não conseguiu: o projeto que limita o crescimento
dos gastos com pessoal, que
neste ano deram um salto.
Além disso, o governo acredita que uma leve desaceleração
econômica, que já vai começar
no segundo semestre deste
ano, ajudará no combate à inflação. O Palácio do Planalto,
por sinal, espera que essa redução no ritmo da economia leve
o Banco Central a interromper
a alta de juros em sua última
reunião neste ano.
Microeconomia
Apesar da incerteza externa e
do câmbio em alta, a equipe de
Lula não crê num tranco na
economia porque hoje o país
estaria "menos dependente"
dos fatores internacionais.
"A oposição costuma dizer
que o Brasil cresceu sob Lula
por conta dos ventos externos
favoráveis. Só que o governo tomou uma série medidas microeconômicas que aqueceram
o mercado interno e aceleraram os investimentos", diz o
ministro do Planejamento.
Paulo Bernardo cita as medidas na área de crédito, desoneração de impostos na construção civil e nas operações de investimentos e a lei de falência
entre as que teriam garantido
um melhor ambiente na economia brasileira.
"Evidentemente que não fizemos tudo", diz o ministro, citando a reforma tributária e o
projeto que limita os gastos públicos com pessoal. Segundo
ele, Lula espera conseguir
aprová-los no próximo ano, já
que em ano eleitoral isso dificilmente ocorreria.
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