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Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@grupofolha.com.br
"Bolsa Família" americano atende mais famílias do que o brasileiro
Os Estados Unidos beneficiam 16 milhões de famílias em
um programa de assistência social à população carente, mais
do que as 12 milhões de famílias
brasileiras atendidas pelo Bolsa
Família. O volume de recursos
gasto com benefícios sociais
também é maior nos EUA.
Enquanto o governo americano distribuiu US$ 45 bilhões
em benefícios nos últimos 12
meses, até junho, no Brasil, o
gasto no período não chega a
R$ 15 bilhões.
O Snap (Supplemental Nutrition Assistance Program) é
uma espécie de vale-alimentação americano para famílias carentes. Antigamente chamado
de Food Stamp, o programa
existe há mais de 40 anos. A
procura pelo benefício cresceu
durante a crise econômica e 3,6
milhões de famílias ingressaram no Snap no período.
"Esse programa faz parte das
políticas sociais que todo país
tem. Mas, no caso dos Estados
Unidos, o que impressiona são
o montante e o aumento da
adesão durante a crise", afirma
Octavio de Barros, diretor de
pesquisas do Bradesco.
O economista Marcelo Neri,
da FGV, considera o Bolsa Família mais bem elaborado que o
Snap. O programa brasileiro
cobra uma contrapartida do beneficiário, como frequência escolar e vacinação dos filhos.
"O Bolsa Família usa uma
tecnologia de assistência social
mais nova do que o Snap", diz.
Neri afirma que esses programas estão sendo copiados e
melhorados continuamente.
O Opportunity NYC, criado
em 2007, em Nova York, sob
inspiração do Bolsa Família, representa um avanço.
"Em vez de frequência escolar, o Opportunity cobra bom
desempenho dos alunos das famílias assistidas", diz Neri.
O Bolsa Família também mudou. Antes, apenas famílias
com renda per capita até R$
120 podiam participar. Em
abril deste ano, o teto subiu para R$ 137. "Essa mudança incluiu 7,8 milhões de pessoas
entre os possíveis beneficiários
do programa. Isso significa um
salto de 17% para 22% da população brasileira", diz Neri, com
base em dados da mais recente
Pnad, pesquisa do IBGE.
O número de famílias atendidas cresceu 6% neste ano ante
dezembro de 2008, segundo
dados de agosto do Ministério
do Desenvolvimento Social.
Para Neri, os fatores que impulsionam a expansão dos programas sociais no Brasil e nos
EUA são diferentes.
"Nos Estados Unidos, houve
um crescimento da pobreza.
No Brasil, o programa flexibilizou os critérios de seleção dos
beneficiários", afirma.
Frase
"Esse programa
[americano] faz
parte das políticas
sociais que todo
país tem. Mas, no
caso dos EUA, o que
impressiona são o
montante e o
aumento da adesão
durante a crise"
OCTAVIO DE BARROS
diretor de pesquisas do Bradesco
LIMPEZA
As micro, pequenas e médias empresas, que
representam 95% do setor de produtos de limpeza doméstica, ganharam espaço neste ano
por conta da crise, segundo Maria Eugenia Saldanha, diretora da Abipla (associação do setor).
"O consumidor testou produtos mais baratos e
marcas que ainda não conhecia. Com isso, algumas empresas cresceram até 35% neste ano até
maio." Já as companhias de grande porte investiram em produtos de segunda linha, que ganharam mais espaço nas gôndolas.
DESCOLADO
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, aposta
em uma expansão do PIB brasileiro em 2010 "mais próxima de 5% do que de 4%". Para ele, os países emergentes passaram por um descolamento relativo em relação
à crise, mas não absoluto. As medidas do governo de incentivo à economia combinadas às oportunidades de
investimento no Brasil "não anulam os efeitos da crise,
mas podem sustentar uma trajetória de crescimento
bem acima da média mundial", diz.
CESTA BÁSICA
No primeiro semestre,
as classes D e E registraram um aumento de 17%
no volume de compras
de bens não duráveis, na
comparação com o mesmo período de 2008. A
expansão foi maior do
que na classe C, que teve
10% de crescimento, e
nas classes A e B (8%). O
levantamento é da empresa de pesquisa LatinPanel. O valor gasto pelas famílias de renda
mais baixa também registrou crescimento superior (20%).
DIÁLOGO
Ron Kirk, chefe do USTr
(Ministério do Comércio Exterior dos EUA), se reunirá
com representantes de CEB
(Coalizão Empresarial Brasileira), Cebeu (Conselho Empresarial Brasil-EUA) e CNI
(confederação da indústria)
no dia 17, em Brasília. Ele
busca apoio para minimizar a
retaliação que o Brasil pode
fazer contra os subsídios dos
EUA, após vitória na OMC.
SIMULADOR
A XP Investimentos ampliou em 30% o volume de
operações em commodities
depois que criou o simulador
BM&F Game, no qual os participantes compram e vendem soja, boi ou café. Segundo a XP, cerca de 20% dos jogadores passaram a investir.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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