São Paulo, segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Folhainvest

Contra crise, autor best-seller prega aluguéis e dividendos

Guru financeiro afirma que crise ensinou sobre riscos de especular nos mercados

Autor de livro que vendeu 30 milhões de cópias critica escolas e diz que pais devem ensinar sobre investimentos e gestão de finanças pessoais

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Autor do best-seller "Pai Rico, Pai Pobre", livro pioneiro da autoajuda financeira e que vendeu 30 milhões de cópias no mundo (2 milhões no Brasil), o nipo-americano Robert Kiyosaki afirma que não perdeu dinheiro com a crise, mesmo investindo em empresas e imóveis nos EUA, epicentro do abalo global. Para ele, a receita é não se envolver em "jogos especulativos" e focar investimentos que garantam alguma renda, como aluguéis e dividendos, que costumam se manter.
Ele rebate o rótulo de escritor de autoajuda, diz que procura ensinar assuntos complexos de forma simples a um público que "não entende o que os economistas falam". Kiyosaki critica as escolas que, segundo ele, não preparam as crianças para gerenciar suas finanças. "É um trabalho que sobra para os pais." Kiyosaki faz palestra na quinta, na Expo Money SP.
Leia entrevista à Folha.

FOLHA - Qual a lição da crise?
ROBERT KIYOSAKI
- A lição é que é importante conhecer como funcionam o mercado e as finanças pessoais. Há dois tipos de investimento: "jogos especulativos" e os que trazem fluxo de caixa, que produzem renda.
Eu invisto no setor imobiliário e não perdi nenhum dinheiro, enquanto a maioria das pessoas perdeu. Com "jogos especulativos", você investe para os preços subirem, compra uma ação a US$ 10 e vende a US$ 20.
Quando compro um ação, quero é dividendo. Com imóveis, quero aluguéis. Não estou nem aí se os preços vão para cima ou para baixo, o que quero é o meu cheque no final do mês.

FOLHA - O senhor não se protegeu?
KIYOSAKI
- Meu fluxo de caixa continuou o mesmo. O setor imobiliário depende de empregos. Enquanto as pessoas não perderem seus empregos, estarei o.k. Não tenho imóveis em Detroit [polo automotivo dos EUA], porque as pessoas de lá perderam seus empregos.

FOLHA - O senhor investe no Brasil?
KIYOSAKI
- Ainda não tive oportunidade. Tenho investimentos na Argentina, na área de prata. Compro participações em empresas nascentes. Sou um empreendedor e gosto de participar do negócio. Não compro companhias prontas.

FOLHA - O senhor acredita no descolamento dos emergentes?
KIYOSAKI
- Não jogo esse jogo. Para mim, o jogo que torna os emergentes especiais é especulativo. Quero atuar em algo que todos utilizam. Gosto de petróleo, ouro, prata, que podem ser consumidos no mundo todo.

FOLHA - Por que o senhor defende que as pessoas tenham dívidas?
KIYOSAKI
- O problema com a dívida é que ela empobrece a maioria das pessoas. Mas há dívidas boas. Cinco anos atrás comprei 200 propriedades no Arizona; depois construí mais 150 nos mesmos terrenos. O banco fez uma nova avaliação e me devolveu dinheiro. Eu uso a dívida para elevar meus ativos.

FOLHA - A escola ajuda as crianças a se prepararem financeiramente?
KIYOSAKI
- Não vejo as escolas fazendo um bom trabalho com as crianças. Elas só preparam para arrumar um bom emprego. Não ensinam a empreender e minimizar riscos. Este é um trabalho que ficou para os pais.
Só que os pais pobres têm uma atitude ruim em relação ao dinheiro. Dizem que os ricos são diabólicos.

FOLHA - É possível ganhar dinheiro mesmo sendo empregado?
KIYOSAKI
- É ótimo se você tem um trabalho. Eu não tinha um. O problema é que, se você é empregado, paga imposto demais. Esta é a diferença entre empreendedores e empregados.

FOLHA - O governo e os bancos ganham com essa ignorância?
KIYOSAKI
- Sim, e muito. A maioria não tem ideia do que paga ao governo e ao banco.

FOLHA - Todos podem ficar ricos?
KIYOSAKI
- Se tiver as habilidades certas, souber vender bem... e ler "Pai Rico".


Texto Anterior: Bolsa tem uma das menores oscilações
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.