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Folhainvest
Contra crise, autor best-seller prega aluguéis e dividendos
Guru financeiro afirma que crise ensinou sobre riscos de especular nos mercados
Autor de livro que vendeu
30 milhões de cópias critica escolas e diz que pais devem ensinar sobre investimentos e gestão de finanças pessoais
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Autor do best-seller "Pai Rico, Pai Pobre", livro pioneiro da
autoajuda financeira e que vendeu 30 milhões de cópias no
mundo (2 milhões no Brasil), o
nipo-americano Robert Kiyosaki afirma que não perdeu dinheiro com a crise, mesmo investindo em empresas e imóveis nos EUA, epicentro do abalo global. Para ele, a receita é
não se envolver em "jogos especulativos" e focar investimentos que garantam alguma renda, como aluguéis e dividendos,
que costumam se manter.
Ele rebate o rótulo de escritor de autoajuda, diz que procura ensinar assuntos complexos
de forma simples a um público
que "não entende o que os economistas falam". Kiyosaki critica as escolas que, segundo ele,
não preparam as crianças para
gerenciar suas finanças. "É um
trabalho que sobra para os
pais." Kiyosaki faz palestra na
quinta, na Expo Money SP.
Leia entrevista à Folha.
FOLHA - Qual a lição da crise?
ROBERT KIYOSAKI - A lição é que é
importante conhecer como
funcionam o mercado e as finanças pessoais. Há dois tipos
de investimento: "jogos especulativos" e os que trazem fluxo
de caixa, que produzem renda.
Eu invisto no setor imobiliário
e não perdi nenhum dinheiro,
enquanto a maioria das pessoas
perdeu. Com "jogos especulativos", você investe para os preços subirem, compra uma ação
a US$ 10 e vende a US$ 20.
Quando compro um ação, quero é dividendo. Com imóveis,
quero aluguéis. Não estou nem
aí se os preços vão para cima ou
para baixo, o que quero é o meu
cheque no final do mês.
FOLHA - O senhor não se protegeu?
KIYOSAKI - Meu fluxo de caixa
continuou o mesmo. O setor
imobiliário depende de empregos. Enquanto as pessoas não
perderem seus empregos, estarei o.k. Não tenho imóveis em
Detroit [polo automotivo dos
EUA], porque as pessoas de lá
perderam seus empregos.
FOLHA - O senhor investe no Brasil?
KIYOSAKI - Ainda não tive oportunidade. Tenho investimentos
na Argentina, na área de prata.
Compro participações em empresas nascentes. Sou um empreendedor e gosto de participar do negócio. Não compro
companhias prontas.
FOLHA - O senhor acredita no descolamento dos emergentes?
KIYOSAKI - Não jogo esse jogo.
Para mim, o jogo que torna os
emergentes especiais é especulativo. Quero atuar em algo que
todos utilizam. Gosto de petróleo, ouro, prata, que podem ser
consumidos no mundo todo.
FOLHA - Por que o senhor defende
que as pessoas tenham dívidas?
KIYOSAKI - O problema com a
dívida é que ela empobrece a
maioria das pessoas. Mas há dívidas boas. Cinco anos atrás
comprei 200 propriedades no
Arizona; depois construí mais
150 nos mesmos terrenos. O
banco fez uma nova avaliação e
me devolveu dinheiro. Eu uso a
dívida para elevar meus ativos.
FOLHA - A escola ajuda as crianças
a se prepararem financeiramente?
KIYOSAKI - Não vejo as escolas
fazendo um bom trabalho com
as crianças. Elas só preparam
para arrumar um bom emprego. Não ensinam a empreender
e minimizar riscos. Este é um
trabalho que ficou para os pais.
Só que os pais pobres têm uma
atitude ruim em relação ao dinheiro. Dizem que os ricos são
diabólicos.
FOLHA - É possível ganhar dinheiro
mesmo sendo empregado?
KIYOSAKI - É ótimo se você tem
um trabalho. Eu não tinha um.
O problema é que, se você é empregado, paga imposto demais.
Esta é a diferença entre empreendedores e empregados.
FOLHA - O governo e os bancos ganham com essa ignorância?
KIYOSAKI - Sim, e muito. A
maioria não tem ideia do que
paga ao governo e ao banco.
FOLHA - Todos podem ficar ricos?
KIYOSAKI - Se tiver as habilidades certas, souber vender
bem... e ler "Pai Rico".
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