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Governo reforça segurança em ato sobre usina no Pará
Audiência sobre Belo Monte atraiu 5.000 participantes, entre eles índios da região
Tribos serão afetadas por mudanças na navegação e na pesca no rio Xingu; em 2008, engenheiro da Eletrobrás saiu ferido em debate sobre a obra
AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A ALTAMIRA (PA)
O governo federal montou
uma operação de guerra em Altamira (PA), na audiência pública para discussão do projeto
de aproveitamento hidrelétrico
da usina de Belo Monte, no rio
Xingu. O evento foi uma das
maiores audiências públicas do
país, com mais de 5.000 participantes, segundo a polícia.
Apesar dos protestos de comunidades indígenas e de parte
da população local, as mobilizações foram barulhentas, porém
pacíficas. O governo temia atos
de violência como o registrado
na audiência de 2008, também
em Altamira, quando uma indígena atingiu com um facão um
engenheiro da Eletrobrás.
A Funai orientou os indígenas a não portar qualquer arma, mesmo sendo instrumento
de sua cultura. A força policial
conferiu se a determinação foi
cumprida.
A Força Nacional de Segurança mobilizou 40 homens. A
Polícia Rodoviária Federal
também participou da operação com outros 40 agentes. A
Polícia Federal destacou 35
agentes, e a PM paraense mobilizou a tropa de choque, formada por 140 homens no total.
Essa foi a terceira audiência
convocada pelo Ibama para a
discussão do projeto de aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte, usina que será construída a partir do barramento
do rio Xingu e cuja capacidade
instalada será de 11.233 MW, o
maior empreendimento hidrelétrico depois de Itaipu.
Pelas dimensões e pelos impactos sociais e ambientais, o
empreendimento é extremamente polêmico. Por isso a
preocupação com a segurança.
O grupo favorável ao empreendimento argumenta que
a construção da usina, com custo estimado de R$ 20 bilhões,
significará a "redenção" econômica de Altamira e região, castigada pela falta de empregos e
por graves problemas sociais.
O empreendimento é considerado também essencial para
a expansão da oferta de energia
para o sistema elétrico do país.
Para o grupo contrário, a
atração de pessoal para a região
é uma das principais preocupações. As estimativas dos estudos encomendados pela Eletrobrás indicam que mais de 96
mil deverão migrar para a região com o empreendimento.
O Ministério Público Federal
de Altamira calcula mais do que
o dobro disso, o que criará no
médio e longo prazos grande
demanda por serviços públicos
-como saúde, educação, segurança- e sobre a infraestrutura
de abastecimento.
Um dos pontos mais críticos
do empreendimento está na
questão indígena. O barramento do rio irá provocar uma queda na vazão de um trecho de
100 quilômetros (o que representa riscos para a navegação e
a pesca), na chamada Volta
Grande do Xingu. Duas terras
indígenas (Paquiçamba e Arara
da Volta Grande) sofrerão com
a redução da vazão.
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