São Paulo, segunda-feira, 14 de setembro de 2009

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Governo reforça segurança em ato sobre usina no Pará

Audiência sobre Belo Monte atraiu 5.000 participantes, entre eles índios da região

Tribos serão afetadas por mudanças na navegação e na pesca no rio Xingu; em 2008, engenheiro da Eletrobrás saiu ferido em debate sobre a obra


AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A ALTAMIRA (PA)

O governo federal montou uma operação de guerra em Altamira (PA), na audiência pública para discussão do projeto de aproveitamento hidrelétrico da usina de Belo Monte, no rio Xingu. O evento foi uma das maiores audiências públicas do país, com mais de 5.000 participantes, segundo a polícia.
Apesar dos protestos de comunidades indígenas e de parte da população local, as mobilizações foram barulhentas, porém pacíficas. O governo temia atos de violência como o registrado na audiência de 2008, também em Altamira, quando uma indígena atingiu com um facão um engenheiro da Eletrobrás.
A Funai orientou os indígenas a não portar qualquer arma, mesmo sendo instrumento de sua cultura. A força policial conferiu se a determinação foi cumprida.
A Força Nacional de Segurança mobilizou 40 homens. A Polícia Rodoviária Federal também participou da operação com outros 40 agentes. A Polícia Federal destacou 35 agentes, e a PM paraense mobilizou a tropa de choque, formada por 140 homens no total.
Essa foi a terceira audiência convocada pelo Ibama para a discussão do projeto de aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte, usina que será construída a partir do barramento do rio Xingu e cuja capacidade instalada será de 11.233 MW, o maior empreendimento hidrelétrico depois de Itaipu.
Pelas dimensões e pelos impactos sociais e ambientais, o empreendimento é extremamente polêmico. Por isso a preocupação com a segurança.
O grupo favorável ao empreendimento argumenta que a construção da usina, com custo estimado de R$ 20 bilhões, significará a "redenção" econômica de Altamira e região, castigada pela falta de empregos e por graves problemas sociais.
O empreendimento é considerado também essencial para a expansão da oferta de energia para o sistema elétrico do país.
Para o grupo contrário, a atração de pessoal para a região é uma das principais preocupações. As estimativas dos estudos encomendados pela Eletrobrás indicam que mais de 96 mil deverão migrar para a região com o empreendimento.
O Ministério Público Federal de Altamira calcula mais do que o dobro disso, o que criará no médio e longo prazos grande demanda por serviços públicos -como saúde, educação, segurança- e sobre a infraestrutura de abastecimento.
Um dos pontos mais críticos do empreendimento está na questão indígena. O barramento do rio irá provocar uma queda na vazão de um trecho de 100 quilômetros (o que representa riscos para a navegação e a pesca), na chamada Volta Grande do Xingu. Duas terras indígenas (Paquiçamba e Arara da Volta Grande) sofrerão com a redução da vazão.


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