|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AGRICULTURA
Com a privatização, cresceu o uso da malha ferroviária, mas ainda faltam investimentos em infra-estrutura
Ferrovias sucateadas ampliam o gargalo
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos cinco anos, a participação da malha ferroviária no
transporte da safra de soja passou
de 28% para 33%, segundo dados
da Abiove (Associação Brasileira
das Indústrias de Óleos Vegetais).
Entretanto para especialistas
em logística, no curto prazo, as
deficiências do escoamento da
produção agrícola no Brasil continuarão a prejudicar a competitividade do agronegócio brasileiro.
Para o consultor da FNP Consultoria, Adriano Timossi, o motivo para o crescimento do transporte de soja pelas ferrovias foi a
privatização do setor ferroviário
brasileiro em 1996.
Com isso, as empresas privadas
passaram a investir na recuperação das malhas ferroviárias já
existentes e na aquisição de novas
locomotivas e vagões.
Mesmo assim a qualidade das
ferrovias brasileiras ainda é deficiente, tanto com relação ao número de rotas para escoamento
de grãos quanto em relação à infra-estrutura.
Atualmente, os trens brasileiros
não ultrapassam a velocidade média de 25 km/h. Nos Estados Unidos, chega a 42 km/h. Outro
exemplo do contraste do desempenho entre ferrovias brasileiras e
norte-americanas está na extensão da malha: 320 mil km nos Estados Unidos contra cerca de 20
mil km no Brasil.
Hoje a ALL-Delara, uma das
maiores empresas de logística do
país, por exemplo, transporta 8
milhões de toneladas de grãos por
ano. O volume é o dobro do registrado em 1997.
De acordo com o diretor financeiro da empresa, Sérgio Pedreiro, a ALL "herdou" 260 locomotivas do governo federal, das quais
140 constituíam uma "frota morta", ou seja, composta por veículos sucateados.
Investimento
A média de investimento anual
para a revitalização dos 7.200 km
de rodovias administrados pela
empresa no Brasil é de R$ 100 milhões. Cerca de 36% desses recursos vai para as locomotivas e 29%
para a manutenção das vias.
Hoje, 80% do escoamento de
grãos da empresa já está concentrado no modal ferroviário.
De acordo com avaliação da
empresa, pelo menos no Sul do
país não há risco iminente de "paradão". "Não há necessidade de
expandirmos a malha atual. Temos condição de dobrar a produção transportada com a otimização da capacidade já instalada",
afirmou Pedreiro.
Entretanto, para Paulo Fleury,
professor do Centro de Estudos
em Logística da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro),
os investimentos na construção
de novas ferrovias e novas hidrovias no Brasil é uma das principais
soluções para aliviar a pressão sobre o escoamento do transporte
de grãos.
"O transporte via ferrovias é recomendável para distâncias superiores a 600 km e para mercadorias de menor valor agregado, como grãos e minérios. Por isso é
tão importante investir na malha
férrea. Sem isso, estamos ativando uma bomba-relógio para o escoamento das próximas safras",
conclui o professor Fleury.
(CC e JSO)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Ministério admite problema, mas diz que investimentos cresceram Índice
|