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MERCADO FINANCEIRO
Vencimento atrelado ao câmbio e primeiras pesquisas do segundo turno devem causar instabilidade
Semana vai concentrar dívida e pesquisas
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A semana tem ingredientes explosivos: um dos maiores vencimentos da dívida pública atrelada
ao câmbio do ano, as primeiras
pesquisas eleitorais do segundo
turno e as novas medidas do Banco Central para conter a escalada
do dólar. Para completar, o feriado de hoje nos Estados Unidos esvazia os negócios na Bolsa.
A avaliação de analistas é que as
novas regras não ajudam a Bovespa. Investidores temem uma elevação dos juros. Na sexta-feira, na
contramão da forte alta no mercado de ações americano, a Bolsa fechou em queda de 0,12%.
Para uma corrente de analistas,
a Bovespa começou a cair naquele
dia em razão do movimento de
arbitragem (lucro sem risco em
transações simultâneas em mercados em desequilíbrio) com
ADRs (American Depositary Receipts, certificados de depósitos
de ações negociados nos EUA).
Com a queda do dólar, papéis
do mercado doméstico ficaram
mais caros em relação aos preços
dos respectivos ADRs. Investidores, então, venderam ações na Bovespa para comprar ADRs das
mesmas empresas.
Como quando surgem oportunidades de arbitragem os preços
logo se ajustam, essa estratégia
não forma uma tendência, lembra
Luiz Antônio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner.
Segundo analistas, a menos que
o mercado abra hoje em queda
acentuada, a repercussão maior
na Bovespa poderá ocorrer apenas amanhã, com os mercados
reabertos nos Estados Unidos.
Sem a referência dos ADRs hoje, em razão do feriado nos EUA
(Dia de Cristóvão Colombo), a
Bolsa, com pouco volume, pode
ficar mais sujeita à especulação.
Pesquisas
"As medidas do BC são boas,
mas, para a Bolsa, o que mais interessa é a pesquisa", afirma o estrategista para renda variável do JP
Morgan, Pedro Martins.
O resultado da primeira pesquisa do Datafolha publicada depois
do primeiro turno contraria a expectativa do mercado, que estimava uma diferença de no máximo 20 pontos percentuais entre
os candidatos à Presidência.
De acordo com a sondagem realizada na sexta-feira passada, Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) tem 26
pontos percentuais a mais que José Serra (PSDB).
"O mercado vai se assustar, mas
espera que Serra se recupere depois. No exterior é que repercute
muito mal- o que pode gerar
venda de ADRs", diz Neves.
Investidores estrangeiros preferem Serra a Lula porque vêem no
tucano a continuidade da atual
política econômica.
A propaganda eleitoral no rádio
e na TV volta ao ar hoje. Novas
pesquisas estão previstas para serem divulgadas: a do Datafolha,
no próximo fim de semana e a do
Ibope, amanhã.
Para alguns analistas, a Bolsa e o
dólar estão com dinâmicas muito
descoladas nos últimos dias, em
razão do esvaziamento do mercado acionário.
"A maioria dos investidores está
ganhando dinheiro com o câmbio, não está na Bolsa. O mercado
de ações tem um horizonte mais
longo: conhecer a política econômica e como será o crescimento
em 2003", diz o diretor do Unibanco Asset Management, Jorge
Simino.
Dívida
Há semanas o mercado se preocupa com a rolagem da dívida pública atrelada ao câmbio no valor
de US$ 3,62 bilhões que vence na
quinta-feira.
A redução da liquidez dos bancos, um dos efeitos das medidas
anunciadas pelo BC, deverá acalmar o câmbio, ao menos no curto
prazo, e facilitar a rolagem.
"É o pacote "shake off", para derrubar os que estão em cima da árvore com dólares na mão à espera
do vencimento",diz Neves.
Mantida a queda da cotação do
dólar e do Ptax (taxa média do dólar pesquisada pelo BC, usada para o cálculo dos rendimentos dos
cambiais) o governo deverá pagar
menos para resgatar seus títulos.
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