São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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Países nórdicos ocupam topo da lista

ELIZABETH BECKER
DO "NEW YORK TIMES"

Esqueçam os estereótipos sobre socialismo à escandinava, impostos elevados e o dispendioso sistema de saúde pública, que estão destruindo a iniciativa privada.
Os países nórdicos superaram algumas das mais quentes economias do mundo, de acordo com algumas novas pesquisas sobre negócios. Dominam tanto os rankings de economias mais competitivas quanto uma nova lista quanto aos melhores lugares para fazer negócios.
No ranking anual de competitividade econômica mundial produzido pelo Fórum Econômico Mundial, a Finlândia manteve a liderança, com Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia conquistando respectivamente o terceiro, o quinto, o sexto e o décimo postos.
No relatório do Banco Mundial sobre os melhores lugares para fazer negócios, Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia também estavam no topo da lista.
Menos surpreendente era a posição dos Estados Unidos, em segundo lugar em ambas as listas.
Assim, por que as pessoas não pensam imediatamente na Dinamarca ou na Finlândia quando a conversa passa a girar em torno de histórias de sucesso no campo do desenvolvimento ou de lugares nos quais é compensador apostar financeiramente?
"É aquele velho mito de que a proteção social exige mais regulamentação das empresas e prejudica os negócios", diz Caralee McLeish, um dos autores do estudo do Banco Mundial. "Na verdade, constatamos que as proteções sociais são boas para os negócios, porque reduzem o ônus das empresas com saúde e garantem uma força de trabalho bem treinada e educada."
O Fórum Econômico Mundial encontrou resposta semelhante, ainda que expressa em termos econômicos.
"Os países nórdicos são caracterizados por excelente administração macroeconômica, em termos gerais", de acordo com o diretor do programa de competitividade mundial do fórum, Augusto Lopez-Claros.
"Todos registram superávits orçamentários, os níveis de corrupção são extremamente baixos, as empresas operam em um ambiente no qual há respeito generalizado pelos contratos e pelo domínio da lei, e seus setores privados estão na vanguarda da inovação tecnológica", afirmou ele.
Instituições públicas fortes, honestas e transparentes se enquadram bem nos estereótipos referentes aos países nórdicos. Mas uma das chaves para o sucesso dessas nações nos negócios é o seu suposto calcanhar-de-aquiles: os impostos.
A filosofia dos governos desses países é deixar as empresas em paz, tributando-as com um dos mais brandos regimes mundiais, de modo que se mantenham competitivas e eficientes. Por outro lado, os impostos pessoais de renda são elevados, para pagar pelos serviços sociais que embasam a qualidade de suas forças de trabalho, de acordo com Simeon Djankov, co-autor do estudo do Banco Mundial.
"É preciso olhar por trás dos números, ignorar a reputação nórdica por carga tributária excessiva, e se torna claro que eles estabeleceram um sistema que não distorce a produção e dá às pessoas incentivos para investir em negócios e ações, porque os impostos empresariais são tão baixos", explica.
Países asiáticos completam a lista das histórias de sucesso no ranking de competitividade. Taiwan, Cingapura e Japão estavam entre os dez mais competitivos uma alta considerável para os japoneses, que três anos atrás ocupavam a 21ª posição. A China caiu do 44º para o 46º posto na lista.
Os países asiáticos bem classificados na lista compartilham de certos atributos com as nações nórdicas. Também criam poucos obstáculos aos empreendimentos de negócios e protegem fortemente os direitos de propriedade, além de privilegiar a educação.
Jukka Valtasaari, embaixador finlandês em Washington, disse que os 140 anos de ênfase de seu país na educação prometendo oportunidades iguais a todos -independentemente da riqueza ou geografia- embasa boa parte do sucesso nacional. É um dos grandes motivos para que a Finlândia tenha desempenho tão bom na pesquisa e desenvolvimento, e na aplicação cuidadosa de inovações tecnológicas, especialmente nas telecomunicações.
"A declaração econômica mais importante que podemos fazer é a de que aproveitamos todo o nosso talento", disse Valtasaari.


Tradução de Paulo Migliacci

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