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Acesso a juro menor permite pedágio baixo, diz especialista
Para ex-diretor da ANTT, não há modelo ideal para concessão
MARINA FALEIROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Conseguir criar modelos de
rodovias que financiem seus
próprios investimentos é um
desafio travado por diversas
nações do mundo. Para Luiz
Afonso Senna, secretário dos
Transportes de Porto Alegre e
autor do livro "Rodovias Auto-Sustentáveis: O Desafio do Século 21", não há um modelo
ideal para as concessões.
Senna afirma que os preços
baixos de pedágio fechados no
último leilão de rodovias, que
levantaram dúvidas sobre a capacidade das empresas de promoverem os investimentos demandados, são simples de entender. "Basta comparar com o
financiamento de um carro."
Ele conta que adquiriu um carro em 48 vezes há três anos e
hoje, com a mesma prestação,
poderia adquirir outro bem de
maior valor. "Mas fiz a dívida
no passado, quando o custo era
mais alto", disse.
No caso da OHL, que levou
cinco trechos no último leilão,
Senna diz ser provável que a
empresa tenha a estratégia de
ser a primeira no Brasil. "E ela
tem acesso a empréstimos na
Europa, com taxas de juros ainda menores do que as do Brasil,
em torno de 4%."
Segundo o secretário, não
pode haver uma "histeria coletiva" por causa das tarifas fixadas no último leilão. "Se baixarem o valor dos pedágios já
existentes, pode ser algo irresponsável e perigoso." Senna,
que já foi diretor da ANTT
(Agência Nacional de Transportes Terrestres), diz que o
TCU (Tribunal de Contas da
União) recebe anualmente todos os contratos. "Não se pode
querer quebrá-los agora."
Para ele, a questão do preço
passa pelo fato de as pessoas associarem o serviço como sendo
gratuito. "Nós pagamos para
utilizar energia, portos e ferrovias, mas a estrada a população
acha que é de graça."
De acordo com Senna, há
uma constatação no mundo todo de que não há meios de manter uma malha rodoviária apenas com recursos públicos. "O
Reino Unido já anunciou neste
ano que, a partir de 2014, todas
as suas rodovias de alta velocidade serão pedagiadas."
Na Alemanha, Senna lembra
que o pedágio é cobrado eletronicamente. Os carros têm um
chip que os identifica ao passar
por leitores. O sistema consegue medir quanto a pessoa utilizou da rodovia, e a conta chega à casa do motorista.
Senna considera positivo o
programa no Estado de São
Paulo. "Ninguém quer pagar
mais, porém São Paulo está
consolidado. Tem uma malha
rodoviária adequada, qualificada e suficiente, com logística
melhor."
Para ele, as indústrias preferem ir para São Paulo, mesmo
com um pedágio maior, a ir para Minas Gerais, que tem rodovias em "estado precário".
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