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Vale anuncia programa de recompra de ações
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vale anunciou ontem a
aprovação de uma proposta de
recompra de ações válida pelo
prazo de 360 dias. O programa
envolve até 69 milhões de ações
ordinárias e até 169 milhões de
ações preferenciais, o que representa, respectivamente,
5,5% e 8,5% do total de papéis
de cada categoria no mercado.
A proposta, porém, ainda
tem de ser submetida ao Conselho de Administração da Vale
em reunião nesta quinta.
Em comunicado, a empresa
afirma que o objetivo da recompra é "a utilização do caixa" e a
maximização de valor para os
acionistas. O programa poderá
ter início no próximo dia 27.
A demanda por recompra de
ações está tão forte que a
BM&FBovespa resolveu recorrer a um dispositivo que permite flexibilizar as regras de funcionamento de parte do mercado de capitais. Temporariamente, as empresas listadas no
Novo Mercado poderão ter menos papéis em circulação do
que o permitido até então.
Para garantir a liquidez das
ações e dar maior poder aos minoritários, uma das regras do
Novo Mercado obriga as empresas a terem pelo menos 25%
dos papéis emitidos.
Com a desvalorização acentuada dos papéis causada pela
crise internacional, a
BM&FBovespa resolveu permitir que as empresas tenham
um percentual menor de papéis em circulação. O volume
mínimo deverá ser recomposto
em até 18 meses.
"Há 20 empresas, entre as
160 listadas no Novo Mercado,
que teriam menos de 25% de
seus papéis sendo negociados
no mercado em caso de recompra", diz João Batista Fraga, diretor de relações com empresas
da BM&FBovespa. "Como a situação atual é excepcional e havia demanda das empresas, resolvemos usar o dispositivo."
Medida acertada
Especialistas vêem a decisão
com bons olhos. Para Roberta
Nioac Prado, coordenadora de
planejamento societário da
FGV, o atual momento comporta medidas excepcionais.
"Se as empresas tiverem reserva para recompras, isso irá
possibilitar a melhora dos preços no futuro", diz Prado.
Para Frederico Stacchini, sócio da Stacchini Advogados, a
iniciativa atende a interesses
da companhia, dos controladores e dos investidores, uma vez
que reduz a queda nos preços,
dá liquidez e permite ganhos no
longo prazo aos gestores e à
própria empresa.
"A iniciativa rápida mostra
que a Bovespa e a CVM [Comissão de Valores Mobiliários, que
regulamenta o mercado] estão
preocupadas com a crise e pretendem minimizar o impacto
no mercado", diz Stacchini.
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