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Agrofolha
Agricultura prepara novas medidas contra a crise
Entre elas, está a colocação de cerca R$ 5 bilhões em crédito de bancos privados
Ex-ministro da pasta, Roberto Rodrigues afirma que crise dos mercados financeiros pode prejudicar a safra de 2010 no país
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Agricultura,
Reinhold Stephanes, anunciou
ontem que duas medidas devem ser anunciadas nesta semana pelo governo federal para
amenizar a falta de crédito causada pela crise do sistema financeiro internacional.
A primeira delas é colocação
de cerca R$ 5 bilhões de bancos
privados à disposição dos produtores para a retirada de créditos para financiar o plantio da
atual safra. Isso ocorreria por
meio da diminuição da alíquota
dos depósitos compulsório,
medida que encontrava resistência no Tesouro.
"Possivelmente isso será
aprovado no decorrer desta semana", disse o ministro, que
colocou na mesma probabilidade o pedido feito no final da semana passada pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) de desclassificação do risco daqueles que renegociaram as suas dívidas.
Os produtos endividados dizem que, por conta dessas parcelas a pagar, têm encontrado
dificuldades nos bancos para
captar recursos para financiar a
nova safra.
De acordo com o ministro,
cerca de 20% dos produtores
estão nessa situação, o que, segundo ele, deve levar à aprovação da desclassificação do grau
de risco em reunião extraordinária do CMN (Conselho Monetário Nacional) que pode ser
agendada para amanhã.
Outro pedido da CNA, o de
prorrogar para maio a parcela
da renegociação da dívida que
vence neste mês, não deve ser
aprovado. Apesar da falta de
crédito, o governo, os produtores e o Banco do Brasil não
acreditam em queda na produção de grãos na safra 2008/
2009. "Temos 2.000 agências
no país ligadas diretamente ao
setor. Nelas, o clima por enquanto é de manutenção do ritmo da safra passada. Todos estão plantando", disse o vice-presidente de agronegócio do
BB, o ex-ministro da Agricultura Luís Carlos Guedes Pinto.
Rodrigues
No Rio, o ex-ministro da
Agricultura Roberto Rodrigues
afirmou ontem que a crise dos
mercados financeiros pode
prejudicar a safra de 2010. Segundo ele, a de 2009 já está sendo plantada e os insumos foram
comprados no primeiro semestre, quando os preços estavam
adequados para o setor.
"Para 2010, pode haver um
problema na hipótese de descasamento da renda na colheita
da safra do ano que vem", disse,
durante evento.
De acordo com Rodrigues, a
crise afeta o país de duas formas, tanto por meio do custo
mais alto de produção, com
gastos mais elevados com fertilizantes, quanto pelo estrangulamento do crédito.
"Temos um descasamento
direto aí, afetado depois pela
crise, com redução de ACC
[Adiantamento de Contrato de
Câmbio] e com a redução de financiamento das multinacionais. O resumo da ópera é uma
safra mais cara, com menos
crédito", disse. Para ele, se a crise persistir por mais tempo, o
poder de compra dos países
emergentes pode ser afetado, o
que teria impacto sobre o consumo dos alimentos e levaria a
uma queda dos preços de commodities agrícolas.
Para Rodrigues, o governo
deveria fazer valer a lei dos preços mínimos, recalculando agora os valores com base nos novos custos de produção e colocando recursos do orçamento
para que a lei seja cumprida na
colheita. "Existe uma lei muito
antiga, dos anos 1970, que estabelece que, quando os preços
de mercado caem abaixo do
custo de produção, o governo
paga ou a diferença ou compra
o produto, tirando do mercado
e fazendo a regulação entre
oferta e demanda", disse.
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