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FIM DE CASO
Com dívida de US$ 1,4 bilhão, siderúrgica necessita de parceiro
Saída da Corus abre espaço para acordo CSN/Usiminas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Espremido entre fornecedores e
compradores superconcentrados,
a siderurgia no Brasil -e no
mundo- tem de passar por amplo processo de consolidação, cujo objetivo é ganhar escala e melhorar a rentabilidade das usinas.
É com essa visão que grupos
brasileiros já estão se movimentando. A Vale do Rio Doce, segundo seu próprio presidente, Roger
Agnelli, trabalha para deslanchar
esse processo, com a fusão da CST
(Companhia Siderúrgica de Tubarão) com a Usiminas/Cosipa.
Já o presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares, disse na segunda-feira à Folha -parece que
antevendo o desfecho- que, se
não vingasse o negócio CSN/Corus, se tornaria viável uma associação da sua empresa com a siderúrgica de Volta Redonda (RJ).
Ambos os executivos avaliam
que é necessário consolidar o negócio para ganhar escala. No caso
da CSN, dizem analistas, há mais
um motivo: reduzir o custo de capital. Estrangulada por uma dívida de US$ 1,4 bilhão, a CSN precisaria de um sócio estrangeiro.
"Em 2003, a CSN já tem de começar a pagar o descruzamento
[empréstimo que fez com o
BNDES, no valor de US$ 660 milhões, para se separar da Vale].
Esperava usar o fluxo de caixa,
mas vieram a crise cambial e o
protecionismo americano. Agora,
tem de ter um parceiro externo",
afirmou Luciana Machado, do
banco Fator. No mercado, fala-se
da alemã ThyssenKrupp.
Donas de resultados operacionais invejáveis para empresas do
resto do mundo, falta às siderúrgicas brasileiras escala de produção, avaliou Agnelli.
A analista Cristiane Viana, da
BES Security, apresenta números
que provam que a siderurgia precisa se consolidar: enquanto as
três maiores mineradoras do
mundo -entre elas, a Vale- respondem por 70% da produção
global de ferro, a maior siderúrgica -a francesa Arcelor- faz só
5% do aço consumido no planeta.
Mesmo pouco concentrado no
Brasil, diz ela, existem no setor
conglomerados que começam a
fazer frente à CSN, que é a maior,
mas continua sozinha. São exemplos os blocos formados por
CST/Acesita (cujo maior acionista é a Arcelor), Gerdau/Açominas
e Usiminas/Cosipa (capitaneado
pela Nippon Steel).
De olho na concorrência interna, afirma Viana, a CSN tem de
buscar o mais rápido possível um
parceiro, no Brasil ou no exterior.
Namoros já existem. Antes da
Corus, a CSN pretendia se unir à
Gerdau. Contava com o aval do
BNDES, que até hoje não descarta
apoiar fusões e associações. Surge
agora a Usiminas.
O diretor de mercado de capitais do BNDES, Eduardo Gentil,
disse à Folha, antes do anúncio do
fim do negócio CSN/Corus, que o
banco está disposto a analisar e
apoiar processos de consolidação
do setor.
Para o especialista de um grande banco que preferiu não ter o
nome publicado, a CSN não deve
conseguir um parceiro no curto
prazo e manterá seu foco numa
companhia estrangeira.
Faz sentido às operações da
CSN mais uma parceria com Gerdau ou Usiminas do que com a
CST. É que as companhias de Tubarão e Volta Redonda têm mais
ou menos as mesmas características: produzem mais semi-acabados (placas e bobinas) e procuraram usinas que têm como foco
produtos mais elaborados, como
aços especiais e laminados a frio.
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