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TRANSE
Para o principal assessor econômico do PT, alta de preços será menor em 2003, quando dólar valerá entre R$ 3 e R$ 3,50
"Bolha inflacionária" começa a estourar, diz Mantega
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A atual disparada nos preços faz
parte só de uma "bolha inflacionária", que já começa a se dissipar. Em 2003, a inflação dos IGPs
será bem menor que a esperada
para este ano. A avaliação é de
Guido Mantega, principal assessor econômico do PT.
A retomada da confiança no
país conterá o dólar e, consequentemente, a escalada da inflação.
"Os IGPs [Índice Geral de Preços]
devem ficar entre 10% e 12% no
próximo ano", disse Mantega,
que participou do seminário "Cenários: Como Administrar 2003",
realizado em São Paulo. Neste
ano, os IGPs devem fechar com
alta acumulada em torno de 20%.
Além de inflação menor, Mantega aposta em que a economia
brasileira cresça entre 2% e 3,5%
em 2003.
Para o economista José Roberto
Mendonça de Barros, também
presente ao evento, a visão do
economista do PT é muito otimista. "Trabalhamos com a perspectiva de um PIB quase sem crescimento no próximo ano", disse
Barros. Em 2002, o país deve crescer pouco mais de 1%.
Passada a turbulência potencializada pelas eleições, Mantega
confia em que os temores do mercado internacional em relação ao
Brasil se dissipem aos poucos.
Um dos efeitos perversos do
crescimento da desconfiança do
estrangeiro sobre os rumos que o
país tomará findado o governo
Fernando Henrique Cardoso foi
sentido nas linhas de crédito internacional. Desde junho, as empresas passaram a ter grandes dificuldades para rolar suas dívidas
externas. Para mostrar que as coisas começam a mudar, Mantega
contou que tem "informações de
agentes financeiros que já conseguem rolar suas dívidas e obter
dinheiro novo. É uma escala pequena, mas é um início. E eu acredito que essa mudança terá continuidade".
O câmbio será um dos principais beneficiados pela mudança
de expectativas do mercado externo. Mantega diz acreditar que, em
três ou quatro meses, o dólar deve
oscilar num intervalo entre R$ 3 e
R$ 3,50, "mais próximo da casa
dos R$ 3". "Esse período é o tempo necessário para o novo governo mostrar sua cara, começar a
governar, porque é aí que o mercado vai observar que tudo o que
foi prometido será cumprido e se
acalmar definitivamente."
Juros
Após a divulgação dos últimos
índices de inflação, cresceu no
mercado a expectativa de que o
Copom (Comitê de Política Monetária) volte a aumentar a taxa
básica de juros, hoje em 21%
anuais, em sua reunião da próxima semana. Mantega afirmou
preferir que os juros não sejam alterados. "Os juros já estão muito
elevados. Uma nova alta da Selic
não vai ter eficácia sobre a inflação, pois esta não é de demanda, e
sim reflexo da escalada do dólar."
Indexação
Para manter a inflação em patamares menores, Mantega afirmou
ser necessário que a economia
não volte a ser indexada. Atualmente, a indexação está presente
principalmente nos preços administrados, como a tarifa de energia. Por isso, o economista defendeu a idéia de o governo eleito vir
a negociar, de forma acordada e
no longo prazo, os contratos indexados ao IGP-M. Mantega salientou que o processo não teria nada
a ver com ruptura de contratos.
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