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BRECHA TRIBUTÁRIA
Governo estuda benefício para setor manter investimentos
Saneamento pode ter Cofins menor
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo negocia aliviar as
empresas de saneamento do aumento da Cofins (Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social) de 3% para 7,6% sobre o faturamento das empresas,
fixado por medida provisória no
final de outubro.
"Não faz sentido não dar tratamento diferenciado ao saneamento", disse o secretário nacional de Saneamento Ambiental do
Ministério das Cidades, Abelardo
Oliveira Filho, que negocia a manutenção da atual alíquota com a
Casa Civil.
A justificativa é que as empresas
estaduais perderiam R$ 280 milhões com a mudança. E elas são
responsáveis por 50% dos investimentos do setor, considerado
prioritário nas recentes negociações do governo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O texto editado pelo governo já
lista algumas exceções no aumento da alíquota da Cofins imposta
ao setor de serviços para compensar o fim da cumulatividade (cobrança em todas as etapas de produção) do tributo e render mais
R$ 4 bilhões aos cofres públicos.
Por meio de remissões a parágrafos, alíneas e artigos de outras
leis, foram poupadas do aumento
de carga tributária as empresas de
segurança privada e de compra e
venda de automóveis. De forma
clara no texto da medida provisória, também ficaram isentos do
aumento da contribuição as instituições financeiras, os serviços de
telecomunicações e as empresas
jornalísticas, rádios e televisões.
O secretário-adjunto da Receita
Federal Carlos Alberto Barreto
disse que o benefício às empresas
de segurança privada decorre de
uma pressão anterior no Congresso Nacional. No caso dos automóveis, o secretário sugeriu que
a manutenção da atual alíquota
conteria a sonegação.
O líder do PMDB, deputado Eunício Oliveira (CE), um dos donos
da empresa de segurança privada
Confederal, disse que desconhecia o benefício. "Honestamente,
nem sabia. A medida provisória
foi feita pela Casa Civil", afirmou
o deputado, sem sair em defesa do
texto. "Não sou representante do
setor de segurança, sou líder de
uma bancada", completou.
Na bancada peemedebista, segundo o líder, também há críticas
à medida provisória nš 135, duramente atacada pelos partidos de
oposição ao governo. "Há muita
apreensão porque é o setor [de
serviços] que mais emprega no
país", resumiu. Oliveira disse ter
pedido à assessoria técnica que
estudasse alternativas para o aumento da Cofins.
Mesmo roteiro do ISS
A exceção negociada para as
empresas de saneamento segue o
mesmo roteiro que beneficiou o
setor no recente aumento do ISS
(Imposto Sobre Serviços), cobrado pelos municípios. A isenção
veio por meio de um veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
ao aumento do imposto.
A Aesbe (Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais) argumenta que, com o
dinheiro equivalente ao aumento
da Cofins, num ano é possível
atender 200 mil famílias com
abastecimento de água ou 100 mil
famílias com esgoto sanitário.
Os R$ 280 milhões de arrecadação extra representariam redução
de 12,5% nos investimentos. "É
dinheiro saindo de serviços essenciais para o Tesouro Nacional",
diz nota divulgada pela Aesbe.
Colaborou Eliane Mendonça, da Sucursal de Brasília
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