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COMÉRCIO EXTERIOR
Chanceler brasileiro diz que acerto com os Estados Unidos "preserva os interesses essenciais brasileiros"
Amorim vê avanço na negociação da Alca
ANDRÉ SOLIANI
PATRICIA COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As negociações entre o Brasil e
os Estados Unidos para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) mudaram
de rumo e, agora, atendem os interesses brasileiros, segundo declarações do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Pela primeira vez, em quase um
ano de troca de farpas entre diplomatas brasileiros e norte-americanos, Amorim tratou o prazo
originalmente previsto para o fim
das negociações (janeiro de 2005)
como algo realmente factível.
"Eu fiquei encorajado pelas
conversas. O elemento de flexibilidade, que temos defendido há
algum tempo, foi perfeitamente
compreendido", respondeu o ministro, quando questionado sobre
a possibilidade de fechar o acordo
em 2005.
"O que nós [Brasil e Estados
Unidos] acertamos é algo que
preserva os interesses essenciais
brasileiros", disse o ministro,
após participar de uma reunião
com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e outros sete ministros na
noite de ontem, que durou pouco
mais de duas horas.
A resposta de praxe de Amorim
sobre o prazo de negociação, antes de uma reunião na semana
passada em Washington, era
sempre que o prazo não podia ser
mais importante que o conteúdo.
Na sexta-feira e no sábado,
Amorim se encontrou com o representante especial de Comércio
dos EUA, Robert Zoellick. Segundo o ministro, os EUA concordaram em aceitar um modelo de negociação que prevê acordos diferenciados entre os países, algo
que os norte-americanos relutavam em apoiar.
Pelo novo modelo de Alca, que
deverá ser fechado na reunião ministerial de Miami, na próxima
semana, haverá um acordo básico
sobre regras e normas que todos
os 34 sócios assinaram. Além dos
entendimentos comuns, cada
país poderá assumir compromissos diferenciados em relação aos
temas mais sensíveis.
No caso brasileiro, os temas
sensíveis, que o país quer deixar
para negociar na OMC (Organização Mundial do Comércio), são
compras governamentais, propriedade intelectual, regras para o
comércio de serviços e temas relacionados a investimentos. Para os
EUA, são os subsídios agrícolas.
"Há um longo caminho pela
frente. Não diminuo a importância da negociação em acesso a
mercados, quando nós formos
entrar em questões específicas.
Ela é complexa", disse o ministro.
Em Miami serão definidas apenas as regras do jogo de negociação. Antes da reunião com Zoellick, o Brasil afirmava que as negociações não atendiam os interesses nacionais.
Em 2004, será preciso entrar em
entendimentos sobre a redução
de tarifas e o conteúdo das normas de comércio no bloco.
O acordo prévio entre Zoellick e
Amorim, em Washington, que teve o apoio de representantes de
outros 14 países que estavam presente no encontro, também não
resolveu todas as pendências.
Ontem, Furlan e Rodrigues estavam na reunião que Lula organizou com seus ministros para
discutir Alca. Segundo Amorim, o
presidente aprovou a estratégia
que o país está seguindo.
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