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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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COMÉRCIO EXTERIOR

Chanceler brasileiro diz que acerto com os Estados Unidos "preserva os interesses essenciais brasileiros"

Amorim vê avanço na negociação da Alca

ANDRÉ SOLIANI
PATRICIA COSTA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As negociações entre o Brasil e os Estados Unidos para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) mudaram de rumo e, agora, atendem os interesses brasileiros, segundo declarações do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Pela primeira vez, em quase um ano de troca de farpas entre diplomatas brasileiros e norte-americanos, Amorim tratou o prazo originalmente previsto para o fim das negociações (janeiro de 2005) como algo realmente factível.
"Eu fiquei encorajado pelas conversas. O elemento de flexibilidade, que temos defendido há algum tempo, foi perfeitamente compreendido", respondeu o ministro, quando questionado sobre a possibilidade de fechar o acordo em 2005.
"O que nós [Brasil e Estados Unidos] acertamos é algo que preserva os interesses essenciais brasileiros", disse o ministro, após participar de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros sete ministros na noite de ontem, que durou pouco mais de duas horas.
A resposta de praxe de Amorim sobre o prazo de negociação, antes de uma reunião na semana passada em Washington, era sempre que o prazo não podia ser mais importante que o conteúdo.
Na sexta-feira e no sábado, Amorim se encontrou com o representante especial de Comércio dos EUA, Robert Zoellick. Segundo o ministro, os EUA concordaram em aceitar um modelo de negociação que prevê acordos diferenciados entre os países, algo que os norte-americanos relutavam em apoiar.
Pelo novo modelo de Alca, que deverá ser fechado na reunião ministerial de Miami, na próxima semana, haverá um acordo básico sobre regras e normas que todos os 34 sócios assinaram. Além dos entendimentos comuns, cada país poderá assumir compromissos diferenciados em relação aos temas mais sensíveis.
No caso brasileiro, os temas sensíveis, que o país quer deixar para negociar na OMC (Organização Mundial do Comércio), são compras governamentais, propriedade intelectual, regras para o comércio de serviços e temas relacionados a investimentos. Para os EUA, são os subsídios agrícolas.
"Há um longo caminho pela frente. Não diminuo a importância da negociação em acesso a mercados, quando nós formos entrar em questões específicas. Ela é complexa", disse o ministro.
Em Miami serão definidas apenas as regras do jogo de negociação. Antes da reunião com Zoellick, o Brasil afirmava que as negociações não atendiam os interesses nacionais.
Em 2004, será preciso entrar em entendimentos sobre a redução de tarifas e o conteúdo das normas de comércio no bloco.
O acordo prévio entre Zoellick e Amorim, em Washington, que teve o apoio de representantes de outros 14 países que estavam presente no encontro, também não resolveu todas as pendências.
Ontem, Furlan e Rodrigues estavam na reunião que Lula organizou com seus ministros para discutir Alca. Segundo Amorim, o presidente aprovou a estratégia que o país está seguindo.


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