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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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CONCORRÊNCIA

Sindicato afirma que foi surpreendido com denúncia de cartel

Cimenteiro diz não ter sido ouvido

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário-executivo do Snic (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), José Otávio de Carvalho, disse ontem à Folha que se surpreendeu com a recomendação da Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico) para que a Secretaria de Direito Econômico abra processo para apurar denúncia de cartel entre os maiores produtores de cimento do país. Ele disse que nenhuma das empresas teria sido chamada para que pudesse esclarecer o caso.
Segundo a Seae divulgou na quarta, os produtores teriam acertado vender só um tipo de cimento para concreteiras independentes (principalmente em São Paulo), o que as teria prejudicado.
Para investigar a denúncia das concreteiras, a Seae disse que enviou 150 questionários para empresas de todo o país. "As respostas indicaram fortes indícios [...] dos prejuízos à concorrência que estariam sendo [...] ocasionados", afirmou a Seae (comandada pelo secretário José Tavares) em nota.
As empresas citadas são Ciplan, Camargo Corrêa, Cimpor, Votorantim, Companhia de Cimento Itambé, Holcim, Lafarge, Grupo Nassau, CP Cimento e Soeicom.
"Foi um julgamento unilateral. A própria nota da Seae, em determinado trecho, já pressupõe uma condenação, baseada apenas em suposições, já que nós, o outro lado, nem sequer tivemos a chance de nos pronunciarmos a respeito", afirmou o secretário da Snic.
Segundo Carvalho, o setor está tranquilo e pronto para prestar os esclarecimentos que forem necessários. "Não temos nada a esconder e sempre trabalhamos com muita responsabilidade, suprindo toda a demanda nacional. O setor precisa ser respeitado."
Ele afirmou que os setores de capital intensivo, formados por pequeno número de empresas (caso do setor cimenteiro), sempre enfrentam esse tipo de boato.

As companhias
Procuradas pela Folha, algumas das empresas acusadas não quiseram conceder entrevista.
A Camargo Corrêa Cimentos disse que está analisando a denúncia, mas que "não existe nada nas práticas comerciais da empresa que justifique tal acusação".
Já a Lafarge Brasil disse, por meio da assessoria de imprensa, que ainda não foi notificada judicialmente e que, por isso, preferia não se manifestar sobre o assunto.
A assessoria da Companhia de Cimento Itambé afirmou que não conseguiu localizar a pessoa responsável para comentar o assunto. A assessoria do grupo Nassau foi procurada pela Folha, mas não havia retornado as ligações até o fechamento desta edição.
Anteontem, a Votorantim Cimentos negou, por meio de uma nota, que participe de qualquer tipo de cartel. (ELIANE MENDONÇA)


Colaborou a Reportagem Local


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