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Sem quórum, assembléia da Telemar é suspensa
Sessão votaria reestruturação societária; tele convoca nova reunião para o dia 24
Idosos com ações de antigos planos de expansão da
companhia saem frustrados
e sem compreender
proposta de mudança
Elvira Lobato/Folha Imagem
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Aurineide dos Santos com carta de convocação da Telemar |
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A assembléia de acionistas da
Telemar, que votaria a reestruturação acionária da empresa,
foi suspensa por falta de quórum, o que frustrou dezenas de
idosos que atenderam ao chamamento da companhia. Muitos compareceram sem entender o motivo da reunião e saíram irritados.
Era necessária a presença de
representantes de, pelo menos,
50% mais uma das ações preferenciais existentes para a votação, e só compareceram
29,17%. A empresa convocou
nova assembléia para o dia 24.
Se novamente faltar quórum,
será realizada uma nova assembléia, no dia 27.
Desde a semana passada, os
analistas financeiros anteviam
a falta de quórum. O presidente
da Telemar, Luiz Eduardo Falco, admitiu que não houve surpresa. A proposta é de conversão das ações preferenciais
(sem direito a voto) em ordinárias (com direito a voto), na
proporção de 2,6 ações preferenciais para uma ordinária.
Dois fundos de investimento
estrangeiros já declararam que
votarão contra, porque consideram a relação de troca prejudicial aos preferencialistas. ""Isso é uma montanha de especulação", reagiu Falco.
A proposta, se aprovada, elimina a figura do acionista controlador na Telemar. O BNDES
seria o maior acionista, com 8%
do capital.
Protestos
Cerca de 400 pessoas -entre
acionistas e procuradores-
compareceram à sede da companhia, no Leblon (zona sul do
Rio de Janeiro), e foram acomodadas na casa de shows Scala, a menos de cem metros da
tele. Uma UTI móvel foi instalada na entrada.
A Telemar enviou 800 mil
cartas aos investidores informando sobre a votação. A assembléia estava prevista para
as 10h, mas um grupo de idosos
chegou atrasado e reclamou de
que não tinha sido avisado sobre a mudança do local. Nas
cartas, constava que a assembléia ocorreria na sede da Telemar. As portas foram reabertas,
mas, ainda assim, alguns não
chegaram a tempo e ficaram do
lado de fora.
A desempregada Aurineide
Francisca dos Santos e a professora Filadélfia Lima Nascimento não conseguiram entrar. Elas compraram telefones
nos anos 70 -quando a telefonia era monopólio estatal- e
receberam ações da antiga Telerj, hoje integrada à Telemar.
Elas disseram que não entenderam o teor da carta da empresa. A professora disse que a
carta era técnica e confusa.
""Vim saber onde estou pisando", afirmou Santos.
A aposentada Pabla Alessandra Viscontti, que tem duas linhas telefônicas de planos de
expansão, saiu revoltada, porque descobriu que tem apenas
três ações da Telemar, em razão do agrupamento de papéis
feito pela companhia. Ela cobrou explicações da Telemar
sobre a sociedade na empresa
Gamecorp, da qual um filho do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva é acionista.
O médico aposentado Alberto Rodrigues Cruz foi um dos
poucos que disseram conhecer
e apoiar a reestruturação proposta pelos controladores.
Falco disse que a divulgação
seguiu o que diz a lei e que é a
primeira vez que uma empresa
brasileira do porte da Telemar,
com 1,5 milhão de preferencialistas, propõe pulverizar o capital. Disse que a empresa fez um
grande esforço de divulgação,
mas não foi suficiente. ""Foi um
processo de aprendizagem."
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