São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2006

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Sem quórum, assembléia da Telemar é suspensa

Sessão votaria reestruturação societária; tele convoca nova reunião para o dia 24

Idosos com ações de antigos planos de expansão da companhia saem frustrados e sem compreender proposta de mudança

Elvira Lobato/Folha Imagem
Aurineide dos Santos com carta de convocação da Telemar

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A assembléia de acionistas da Telemar, que votaria a reestruturação acionária da empresa, foi suspensa por falta de quórum, o que frustrou dezenas de idosos que atenderam ao chamamento da companhia. Muitos compareceram sem entender o motivo da reunião e saíram irritados.
Era necessária a presença de representantes de, pelo menos, 50% mais uma das ações preferenciais existentes para a votação, e só compareceram 29,17%. A empresa convocou nova assembléia para o dia 24. Se novamente faltar quórum, será realizada uma nova assembléia, no dia 27.
Desde a semana passada, os analistas financeiros anteviam a falta de quórum. O presidente da Telemar, Luiz Eduardo Falco, admitiu que não houve surpresa. A proposta é de conversão das ações preferenciais (sem direito a voto) em ordinárias (com direito a voto), na proporção de 2,6 ações preferenciais para uma ordinária.
Dois fundos de investimento estrangeiros já declararam que votarão contra, porque consideram a relação de troca prejudicial aos preferencialistas. ""Isso é uma montanha de especulação", reagiu Falco.
A proposta, se aprovada, elimina a figura do acionista controlador na Telemar. O BNDES seria o maior acionista, com 8% do capital.

Protestos
Cerca de 400 pessoas -entre acionistas e procuradores- compareceram à sede da companhia, no Leblon (zona sul do Rio de Janeiro), e foram acomodadas na casa de shows Scala, a menos de cem metros da tele. Uma UTI móvel foi instalada na entrada.
A Telemar enviou 800 mil cartas aos investidores informando sobre a votação. A assembléia estava prevista para as 10h, mas um grupo de idosos chegou atrasado e reclamou de que não tinha sido avisado sobre a mudança do local. Nas cartas, constava que a assembléia ocorreria na sede da Telemar. As portas foram reabertas, mas, ainda assim, alguns não chegaram a tempo e ficaram do lado de fora.
A desempregada Aurineide Francisca dos Santos e a professora Filadélfia Lima Nascimento não conseguiram entrar. Elas compraram telefones nos anos 70 -quando a telefonia era monopólio estatal- e receberam ações da antiga Telerj, hoje integrada à Telemar.
Elas disseram que não entenderam o teor da carta da empresa. A professora disse que a carta era técnica e confusa. ""Vim saber onde estou pisando", afirmou Santos.
A aposentada Pabla Alessandra Viscontti, que tem duas linhas telefônicas de planos de expansão, saiu revoltada, porque descobriu que tem apenas três ações da Telemar, em razão do agrupamento de papéis feito pela companhia. Ela cobrou explicações da Telemar sobre a sociedade na empresa Gamecorp, da qual um filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acionista.
O médico aposentado Alberto Rodrigues Cruz foi um dos poucos que disseram conhecer e apoiar a reestruturação proposta pelos controladores.
Falco disse que a divulgação seguiu o que diz a lei e que é a primeira vez que uma empresa brasileira do porte da Telemar, com 1,5 milhão de preferencialistas, propõe pulverizar o capital. Disse que a empresa fez um grande esforço de divulgação, mas não foi suficiente. ""Foi um processo de aprendizagem."


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