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China quer gastar logo o pacote de US$ 580 bi
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O primeiro-ministro Wen
Jiabao afirmou ontem que "os
efeitos da crise econômica são
piores do que o esperado" e pediu aos ministros do Conselho
de Estado que eles não devem
"esperar nem um minuto" para
começar a gastar os planejados
US$ 580 bilhões do pacote de
estímulo da economia chinesa,
lançado no último domingo.
O Conselho de Estado chinês
aprovou US$ 30 bilhões em
projetos de infra-estrutura, como remédio para reativar a
economia chinesa.
Entre as obras anunciadas
estão um gasoduto que liga o
oeste do país a Guangzhou e
Hong Kong, no sul, por 93 bilhões de yuans (equivalente a
R$ 30 bilhões), duas usinas nucleares nas Províncias de Zhejiang e em Guangdong (R$ 32
bilhões) e obras de ampliação e
construção de 40 aeroportos
(equivalente a R$ 81,4 bilhões).
Um programa de habitação
popular, orçado em US$ 131 bilhões, construirá 2 milhões de
apartamentos, 4 milhões financiados e a reforma de 2,2 milhões de casebres e barracos em
áreas de floresta, agricultura e
mineração até 2011.
"Ao expandir o investimento,
devemos ser rápidos, eficientes
e fortes. Precisamos focar em
prioridades e adotar uma atitude pé no chão para implementar as medidas", disse Wen na
reunião que também contou
com governadores de Províncias chinesas.
Acredita-se que boa parte do
pacote será responsabilidade
de governos provinciais e de
empréstimos bancários.
O Banco Central chinês recomendou que os bancos comerciais do país, a maioria estatais,
acrescentem 100 bilhões de
yuans (R$ 30 bilhões) aos empréstimos previstos até o final
deste ano.
Consumo em dúvida
No final de novembro, o governo deve anunciar medidas
mais concretas para estimular
a economia. "Com quase US$ 2
trilhões em reservas e um superávit comercial, a China tem
mais espaço para um pacote de
estímulo que na maioria dos
países em desenvolvimento",
disse à Folha a economista
Jing Ulrich, diretora de China
Equities do banco JP Morgan
em Hong Kong.
"A nova política será um
New Deal com características
chinesas se fizer também reformas rurais e expandir o sistema de bem-estar social", diz,
em referência ao pacote de estímulo que tirou os EUA da
Grande Depressão nos anos 30.
"Ainda não está claro quanto
do pacote será investido para
estimular o consumo e quanto
ele reanimará a confiança do
consumidor chinês", diz o economista Ben Simpfendorfer,
do Royal Bank of Scotland em
Hong Kong. "A recessão global
pode ter efeitos maiores antes
de que esse pacote seja implementado".
O consumidor chinês está
cauteloso - as vendas de carros, apartamentos e até televisões estão em queda. Como o
país não tem educação ou saúde pública gratuitas, boa parte
das famílias têm uma alta taxa
de poupança, algo prejudicial
em um momento que o país
precisa aumentar a demanda
interna para compensar a recessão de mercados externos.
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