São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2008

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China quer gastar logo o pacote de US$ 580 bi

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O primeiro-ministro Wen Jiabao afirmou ontem que "os efeitos da crise econômica são piores do que o esperado" e pediu aos ministros do Conselho de Estado que eles não devem "esperar nem um minuto" para começar a gastar os planejados US$ 580 bilhões do pacote de estímulo da economia chinesa, lançado no último domingo.
O Conselho de Estado chinês aprovou US$ 30 bilhões em projetos de infra-estrutura, como remédio para reativar a economia chinesa.
Entre as obras anunciadas estão um gasoduto que liga o oeste do país a Guangzhou e Hong Kong, no sul, por 93 bilhões de yuans (equivalente a R$ 30 bilhões), duas usinas nucleares nas Províncias de Zhejiang e em Guangdong (R$ 32 bilhões) e obras de ampliação e construção de 40 aeroportos (equivalente a R$ 81,4 bilhões).
Um programa de habitação popular, orçado em US$ 131 bilhões, construirá 2 milhões de apartamentos, 4 milhões financiados e a reforma de 2,2 milhões de casebres e barracos em áreas de floresta, agricultura e mineração até 2011.
"Ao expandir o investimento, devemos ser rápidos, eficientes e fortes. Precisamos focar em prioridades e adotar uma atitude pé no chão para implementar as medidas", disse Wen na reunião que também contou com governadores de Províncias chinesas.
Acredita-se que boa parte do pacote será responsabilidade de governos provinciais e de empréstimos bancários.
O Banco Central chinês recomendou que os bancos comerciais do país, a maioria estatais, acrescentem 100 bilhões de yuans (R$ 30 bilhões) aos empréstimos previstos até o final deste ano.

Consumo em dúvida
No final de novembro, o governo deve anunciar medidas mais concretas para estimular a economia. "Com quase US$ 2 trilhões em reservas e um superávit comercial, a China tem mais espaço para um pacote de estímulo que na maioria dos países em desenvolvimento", disse à Folha a economista Jing Ulrich, diretora de China Equities do banco JP Morgan em Hong Kong.
"A nova política será um New Deal com características chinesas se fizer também reformas rurais e expandir o sistema de bem-estar social", diz, em referência ao pacote de estímulo que tirou os EUA da Grande Depressão nos anos 30.
"Ainda não está claro quanto do pacote será investido para estimular o consumo e quanto ele reanimará a confiança do consumidor chinês", diz o economista Ben Simpfendorfer, do Royal Bank of Scotland em Hong Kong. "A recessão global pode ter efeitos maiores antes de que esse pacote seja implementado".
O consumidor chinês está cauteloso - as vendas de carros, apartamentos e até televisões estão em queda. Como o país não tem educação ou saúde pública gratuitas, boa parte das famílias têm uma alta taxa de poupança, algo prejudicial em um momento que o país precisa aumentar a demanda interna para compensar a recessão de mercados externos.


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