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Jirau recebe autorização condicionada
Agência diz que pressão do governo apressou liberação, que pode ser revista
Ibama diz que toda licença ambiental é "revogável", mas órgão aprova mudança de lugar na hidrelétrica do rio Madeira feita após leilão
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Enersus, empresa ganhadora do leilão para construir e
operar a hidrelétrica de Jirau,
no rio Madeira (RO), será autorizada hoje a iniciar a construção de um dique sob a condição
de ter de desativar a obra em
seis meses caso a ANA (Agência
Nacional de Águas) não conceda a autorização para a usina.
A licença ambiental para o
início das obras também seria
concedida ontem à noite, restrita, por ora, à montagem do
canteiro de obras, à mobilização de uma pedreira e à construção de um dique. O presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, também considerou a hipótese de a obra não ir
adiante.
"Toda licença é revogável",
afirmou, ao anunciar a análise
do Ibama, segundo a qual o impacto ambiental da construção
na localização da Ilha do Padre
seria "semelhante" ao do local
previsto originalmente para a
segunda hidrelétrica do complexo do rio Madeira. O novo
endereço da usina fica a nove
quilômetros de distância da cachoeira de Jirau.
"Não há piora que fosse considerada comprometedora e
nenhuma melhoria absolutamente extraordinária", resumiu Franco. A autorização para
a construção da usina poderá
ser concedida no prazo de dois
a três meses, previu Franco,
mediante novos estudos.
A lista de compensações ambientais que a Enersus terá de
cumprir nesta fase só seria liberada hoje, pois não estava pronta no momento em que a concessão da licença foi anunciada,
no início da noite.
Embora tenha insistido em
que a liberação da obra precisaria ocorrer até o final de outubro, a empresa Energia Sustentável do Brasil avaliou que ainda é possível antecipar em um
ano a entrada em funcionamento das primeiras turbinas,
para o início de 2012.
O presidente da Agência Nacional de Águas, José Machado,
disse a diretoria da ANA que
concedeu uma autorização restrita de uso do rio Madeira em
resposta a pressões do empreendedor e do próprio governo. "As chuvas estão se intensificando e a não-concessão dessa outorga significaria atraso, e
o Brasil precisa de energia."
Ele insistiu em que a autorização fixa prazo de seis meses
para a desativação do canteiro
de obras e do dique caso a outorga para o uso da água na hidrelétrica não seja concedida. A
autorização votada ontem tem
prazo de três anos.
No mês passado, o presidente da Aneel, Jerson Kelman, tomou a iniciativa de pedir pressa
na concessão da licença.
Kelman alegou que, se a
construção da usina não começasse já, o país teria de acionar
usinas térmicas e lançar mais
600 mil toneladas de gás carbônico na atmosfera.
O consórcio derrotado no leilão realizado em maio, liderado
pela empreiteira Norberto
Odebrecht, avalia se recorrerá à
Justiça contra a mudança do
local da usina ou se aguardará
uma reação do Ministério Público depois da liberação da
obra.
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