São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

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Pré-sal acelerado pode piorar as contas externas, aponta estudo

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O impacto do pré-sal nas contas externas do país dependerá do ritmo dos investimentos: se for moderado, os deficit em conta-corrente -gerados pela necessidade de buscar recursos no exterior para financiar o início da produção de petróleo- serão absorvidos sem maiores problemas.
Mas, se a Petrobras acelerar o processo e colocar, por exemplo, um novo campo em produção a cada dois anos e investir US$ 40 bilhões em novas refinarias, o risco é maior.
As conclusões são de um estudo do Itaú/BBA, ao qual a Folha teve acesso. O trabalho foi coordenado por Ilan Goldfajn, economista-chefe do banco e ex-diretor do Banco Central.
No cenário de investimentos mais acelerados, a projeção aponta um deficit entre 5,5% e 6% do PIB ao longo da próxima década -nos últimos 12 meses encerrados em setembro, o percentual está em 1,23%.
Esse deficit, aponta o estudo, poderia ser financiado integralmente por um período de dez anos com as receitas da venda do petróleo no mercado internacional, que já começam a aparecer após o terceiro ano de exploração dos campos. Mas há o risco, diz, de "apostar num cenário estável de financiamento externo" por tanto tempo, já que a economia global é "sempre sujeita a choques".
O economista recomenda "o ritmo mais paulatino de investimentos". Sugere focar primeiro na produção de petróleo e investir no refino depois.
A Petrobras, porém, diz que é prioridade investir em refinarias para exportar derivados, produtos de maior valor do que o óleo cru. Segundo Goldfajn, a receita da venda do petróleo "paga" o investimento, se forem feitos num ritmo mais lento.No estudo, esse cenário considera a entrada em produção de um campo a cada quatro anos. O trabalho tomou como base os investimentos previstos para o campo de Tupi e uma expansão do PIB de 4,5% ao ano.


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