|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF inclui 3 ex-executivos do Santos na lista de foragidos
Advogado de um deles diz que pedido de prisão é ilegal e pedirá habeas corpus
Juiz determina ainda que 7 imóveis que pertenceram ao banco, em área nobre
de SP, sejam leiloados pela internet em janeiro
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Três dos principais ex-executivos do Banco Santos foram
incluídos pela Polícia Federal
na lista de foragidos da Justiça.
São eles Mário Arcângelo Martinelli (ex-superintendente),
Álvaro Zucheli Cabral (ex-diretor administrativo) e Ricardo
Ferreira de Souza e Silva (ex-diretor da Santos Seguradora e
sobrinho do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira).
O trio integra a lista de cinco
executivos que tiveram a prisão
preventiva decretada pelo juiz
federal Fausto Martin de Sanctis no âmbito do processo que
apurou os responsáveis pela
quebra do Banco Santos.
O juiz condenou Edemar, 63,
ex-controlador do banco, a 21
anos de prisão sob a acusação
de ter praticado crimes de gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha e desvio de
recursos públicos. É a mais longa pena a que um banqueiro foi
condenado no país.
O filho do banqueiro, Rodrigo Cid Ferreira, 36, foi condenado a 16 anos de reclusão e está junto com Edemar no Centro de Detenção Provisória de
Guarulhos (Grande São Paulo).
Os advogados dos dois dizem
que a prisão é ilegal.
Dos três foragidos, Martinelli
pegou a pena mais longa -18
anos e oito meses de prisão.
Martinelli e Ricardo foram
condenados a 16 anos de reclusão. O juiz aponta na sentença
que os três executivos faziam
parte do grupo que coordenava
os desvios do Banco Santos.
Edemar deixou um rombo de
R$ 2,1 bilhões após a Justiça decretar a falência de seu banco,
em setembro do ano passado.
A Polícia Federal tem indícios de que a informação de que
os executivos seriam presos vazou antes da execução.
Ricardo já havia sido preso
neste ano, em junho, numa
operação contra doleiros. O sobrinho de Edemar foi apanhado com US$ 400 mil que mantinha em cofres do Banco Itaú. A
PF encontrou documentos sobre um conta que ele tinha na
Suíça, não declarada à Receita.
A PF trabalha com a hipótese
de que os dólares encontrados
com Ricardo faziam parte dos
recursos que Edemar manteria
fora do país. Na sentença que
condenou Edemar, o juiz afirma que era rotineira a prática
de envio de recursos para fora
do país por meio de doleiros.
Outro lado
O advogado de Ricardo, Leônidas Scholz, disse à Folha que
seu cliente estava viajando
dentro do Brasil antes de sair a
sentença. Ele deve ingressar
hoje com pedido de habeas corpus: "Com todo o respeito que
tenho pelo juiz, uma autoridade em crimes financeiros, a prisão do Ricardo me parece antecipação de pena, o que é ilegal".
A advogada de Martinelli e
Zucheli não quis se pronunciar.
Leilão de imóveis
O juiz Martin de Sanctis determinou em decisão anterior à
sentença que sete imóveis localizados em torno da antiga sede
do Banco Santos, no Jardim
América, que pertenciam a empresas controladas por Edemar, sejam leiloados pela internet no dia 22 de janeiro. Entre
os imóveis, está incluído o prédio que abriga os administradores da massa falida do banco.
O juiz diz que o Ministério da
Justiça informou-o, por meio
do Departamento de Recuperação de Ativos, não ter condições de administrar os imóveis.
Martin de Sanctis já determinou que é contrário à divisão
dos valores obtidos para os credores do banco. Segundo ele, a
lei de lavagem de dinheiro determina que os recursos oriundos desse gênero de crime fiquem com a União. Ele, porém,
reconhece que essa interpretação possa ser modificada por
outros tribunais. O promotor
Alberto Camiña, da área de falências, discorda do juiz: "Mesmo pela ótica da lei de lavagem
de dinheiro, os valores arrecadados devem ficar com os credores". Até agora os credores
não receberam um centavo.
Texto Anterior: Risco-país cai a 205 pontos, menor nível da história Próximo Texto: Outro lado: Advogado de executivo critica decisão Índice
|