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Daslu é autuada pela Receita em R$ 236 mi
Valor do auto de infração inclui tributos devidos em importações irregulares e multa, segundo informa Ministério Público Federal
Advogada diz que butique vai recorrer da decisão na esfera administrativa da
Receita, procedimento que pode ser feito em até 30 dias
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Daslu, maior butique de luxo do país, recebeu a primeira
autuação da Receita Federal
por sonegação de impostos na
importação de produtos. O auto de infração foi de R$
236.371.942,45 e refere-se só ao
período de 2001 a 2005.
Joyce Roysen, advogada criminalista da Daslu, disse que a
empresa vai recorrer da autuação ainda na esfera administrativa da Receita (leia ao lado).
"Essa é uma resposta do Ministério Público Federal e da
Receita Federal para quem
acreditava na impunidade do
Estado brasileiro", disse Matheus Baraldi Magnani, um dos
procuradores que integram a
força-tarefa do MPF de Guarulhos para atuar no caso.
O auto de infração é resultado das investigações que ocorreram desde julho do ano passado, quando a loja foi alvo da
Operação Narciso. Procuradores, 80 auditores da Receita Federal e 250 policiais federais
participaram da megaoperação. A ação resultou na prisão
de Eliana Tranchesi, por 12 horas, e de seu irmão, Antonio
Carlos Piva de Albuquerque, diretor da loja.
"O valor do auto inclui o pagamento de multas e tributos
devidos [Imposto de Importação, IPI, PIS, Cofins] nas operações feitas pela loja com a importadora Multimport", disse o
procurador. A Daslu é acusada
de subfaturamento nos preços
de importados para recolher
menos impostos.
"A prática de subfaturamento está comprovada nos autos
da ação penal que tramita em
Guarulhos", afirmou.
Em dezembro do ano passado, a Justiça Federal aceitou
denúncia do MPF contra os donos da loja e proprietários de
quatro importadoras (Multimport, Kinsberg, By Brasil e Todos os Santos) sob acusação de
subfaturar importações da loja
para burlar o fisco.
Eles são réus no processo criminal. Respondem por crimes
de fraudes na importação da loja, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Todos negam irregularidades.
"O processo criminal também está bem encaminhado. A
fase de colhimento de provas
está quase encerrada. O MPF
crê na condenação dos envolvidos", afirmou o procurador.
O MPF de Guarulhos informa que duas outras autuações
fiscais ainda estão em fase de
conclusão -uma delas referente à sonegação de tributos internos, como Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e CSLL
(Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido).
A Receita Federal informou
que não pode fornecer detalhes
das autuações contra a loja por
causa do sigilo fiscal garantido
aos contribuintes.
A Daslu tem prazo de 30 dias
para recorrer da infração na
Delegacia de Julgamento, a primeira instância administrativa
da Receita Federal. Se perder
nessa esfera, ainda cabe recurso ao Conselho de Contribuintes, segunda e última instância
administrativa. Caso o fisco decida que a atuação é procedente
e a loja tenha de recolher o valor do auto de infração, a Daslu
pode ainda recorrer à Justiça
Federal.
Além das autuações em andamento na Receita Federal, a
loja foi autuada em cerca de R$
400 milhões pela Secretaria da
Fazenda de São Paulo, segundo
a Folha apurou.
Na semana passada, o prédio
em que funciona a loja, em São
Paulo, foi vendido para a
WTorre Empreendimentos
Imobiliários por R$ 385,83 milhões. O terreno pertencia à Ergi Empreendimentos. A Daslu
negou, na ocasião, que estivesse inadimplente em relação ao
contrato de locação do imóvel
onde está situada a loja.
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