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Petrobras e PDVSA fecham acordo para refinaria em PE
Projeto de exploração de petróleo pesado não sai
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A Petrobras e a estatal venezuelana PDVSA fecharam ontem um acordo para a construção e a operação em sociedade
da refinaria Abreu e Lima, em
Pernambuco. Por outro lado, as
duas empresas não conseguiram chegar a um consenso sobre o projeto complementar, de
exploração de petróleo pesado
na Venezuela.
"Não conte tudo, apenas a
parte boa", brincou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com
o colega Hugo Chávez, durante
o discurso de encerramento do
encontro bilateral, no Palácio
Miraflores, em Caracas.
Em seguida, Chávez confirmou o acordo para a refinaria
em Pernambuco, mas não citou
quais foram os problemas que
impediram o fechamento do
segundo projeto.
Como era esperado, a refinaria Abreu e Lima terá 60% de
participação da Petrobras e
40% de propriedade da PDVSA.
A companhia mista tem um
acordo de compra de 100 mil
barris de petróleo venezuelano,
metade da capacidade total de
refino da unidade, que está em
construção e deve ficar pronta
em 2010.
Já o projeto-irmão na Venezuela, a exploração do bloco de
petróleo extra-pesado Carabobo 1, na faixa do Orinoco, será
iniciado apenas pela PDVSA,
mas "mantendo aberta uma opção de participação da Petrobras nos projetos de produção
de petróleo melhorado, enquanto a Petrobras conclui
seus estudos técnicos e econômicos pertinentes", segundo
comunicado conjunto.
A refinaria de Pernambuco
será a primeira no Brasil a processar apenas com petróleo pesado. O foco da unidade será a
produção de óleo diesel, principalmente para o crescimento
da demanda de derivados no
Nordeste, atualmente deficitário em combustíveis.
O acordo foi o principal resultado da visita de Estado do
presidente Lula a Caracas. A
comitiva brasileira chegou ao
Palácio Miraflores por volta
das 10h locais e foi surpreendida com o Hino Nacional cantado em um português com forte
sotaque por cadetes venezuelanos, ajudados por três teleprompters.
De manhã, Lula se reuniu
com Chávez e à tarde encerrou
um encontro de empresários
com o colega venezuelano,
sempre no Miraflores. No início da noite, a comitiva embarcou de volta ao Brasil.
Peso da industrialização
No seu discurso, Lula disse
que o país tem a obrigação de
ter um peso maior na integração sul-americana. "O Brasil
tem de pagar o preço de ser a
maior economia, de ser o país
mais industrializado. E pagar o
preço é compreender que tem
de estar sempre disposto a estender a mão aos países de economia mais frágil."
O mandatário brasileiro também defendeu a criação de um
Conselho de Defesa Sul-Americano e outros projetos de integração regional. Segundo ele, a
região atravessa seu melhor
momento da história. Segundo
Lula, se esse momento não for
aproveitado, "passaremos para
a história como fracassados".
Os dois presidentes também
assinaram acordos de cooperação em saúde, cooperação industrial e tecnologia agrícola.
Lula se comprometeu a abrir
nos próximos meses escritórios
da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) na Venezuela.
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