São Paulo, sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

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Petrobras e PDVSA fecham acordo para refinaria em PE

Projeto de exploração de petróleo pesado não sai

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

A Petrobras e a estatal venezuelana PDVSA fecharam ontem um acordo para a construção e a operação em sociedade da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Por outro lado, as duas empresas não conseguiram chegar a um consenso sobre o projeto complementar, de exploração de petróleo pesado na Venezuela.
"Não conte tudo, apenas a parte boa", brincou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o colega Hugo Chávez, durante o discurso de encerramento do encontro bilateral, no Palácio Miraflores, em Caracas.
Em seguida, Chávez confirmou o acordo para a refinaria em Pernambuco, mas não citou quais foram os problemas que impediram o fechamento do segundo projeto.
Como era esperado, a refinaria Abreu e Lima terá 60% de participação da Petrobras e 40% de propriedade da PDVSA. A companhia mista tem um acordo de compra de 100 mil barris de petróleo venezuelano, metade da capacidade total de refino da unidade, que está em construção e deve ficar pronta em 2010.
Já o projeto-irmão na Venezuela, a exploração do bloco de petróleo extra-pesado Carabobo 1, na faixa do Orinoco, será iniciado apenas pela PDVSA, mas "mantendo aberta uma opção de participação da Petrobras nos projetos de produção de petróleo melhorado, enquanto a Petrobras conclui seus estudos técnicos e econômicos pertinentes", segundo comunicado conjunto.
A refinaria de Pernambuco será a primeira no Brasil a processar apenas com petróleo pesado. O foco da unidade será a produção de óleo diesel, principalmente para o crescimento da demanda de derivados no Nordeste, atualmente deficitário em combustíveis.
O acordo foi o principal resultado da visita de Estado do presidente Lula a Caracas. A comitiva brasileira chegou ao Palácio Miraflores por volta das 10h locais e foi surpreendida com o Hino Nacional cantado em um português com forte sotaque por cadetes venezuelanos, ajudados por três teleprompters.
De manhã, Lula se reuniu com Chávez e à tarde encerrou um encontro de empresários com o colega venezuelano, sempre no Miraflores. No início da noite, a comitiva embarcou de volta ao Brasil.

Peso da industrialização
No seu discurso, Lula disse que o país tem a obrigação de ter um peso maior na integração sul-americana. "O Brasil tem de pagar o preço de ser a maior economia, de ser o país mais industrializado. E pagar o preço é compreender que tem de estar sempre disposto a estender a mão aos países de economia mais frágil."
O mandatário brasileiro também defendeu a criação de um Conselho de Defesa Sul-Americano e outros projetos de integração regional. Segundo ele, a região atravessa seu melhor momento da história. Segundo Lula, se esse momento não for aproveitado, "passaremos para a história como fracassados".
Os dois presidentes também assinaram acordos de cooperação em saúde, cooperação industrial e tecnologia agrícola. Lula se comprometeu a abrir nos próximos meses escritórios da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) na Venezuela.


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