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LUÍS NASSIF
São Rio Paulo de Janeiro
Na próxima semana, o lançamento do livro "Rio-São
Paulo, Cidades Mundiais", de
Fernando Rezende e Ricardo
Lima, irá inaugurar o debate
nacional sobre tema dos mais
relevantes nesses tempos de
globalização: o papel das grandes metrópoles na organização
da nova ordem mundial.
As grandes cidades sempre
cumpriram papel na internacionalização do comércio, como entroncamento de rotas de
comércio, portas de acesso ao
exterior (a instituição das feiras remonta a Idade Média),
concentração de conhecimento, estabelecimentos fabris. Na
introdução, lembra-se Veneza,
surgindo no período de expansão das rotas terrestres com o
Oriente. Depois, Constantinopla, como entreposto marítimo. Na sequência, Amsterdã,
consolidando o papel dos portos. Até a Revolução Industrial,
quando as vantagens competitivas ficam sendo de centros
com mercados liberados e concentração de mão-de-obra, como Londres e Nova Inglaterra,
nos Estados Unidos.
Com o tempo, principalmente na periferia do mundo capitalista, as metrópoles passaram a ser constituídas de migrações de pobres. Das 20 metrópoles com mais de 5 milhões
de habitantes, poucas se encaixam no conceito de cidades
globais. O trabalho menciona
apenas Nova York e Tóquio como cidades globais. Todas as
demais metrópoles são caracterizadas apenas como "cidades
mundiais de hierarquia interior", incluindo São Paulo.
O vestibular de acesso à cidade global requer uma lista de
pontos. Não bastam mais atributos naturais ou uma grande
massa de operários especializados para caracterizar as atividades modernas das cidades
globais.
Elas exigem infra-estrutura
sofisticada de serviços de apoio
a instituições financeiras e ramos altamente especializados
voltados para atendimento de
consumidores exigentes. Entre
eles, serviços urbanos eficientes, ambiente agradável, intensa atividade cultural, opções
variadas de entretenimento e
lazer são alguns dos fatores.
O prêmio pelo reconhecimento das cidades não é apenas o
incremento do turismo, mas
tornar-se centro financeiro internacional e sede das grandes
companhias mundiais, elos
importantes na rede de informações e conhecimento que interliga a economia regional e a
global.
O trabalho vê grandes chances de o Brasil abrigar a principal cidade mundial da América Latina. Nossa economia é a
maior da região. Os recursos
naturais são abundantes e a
cultura é rica e variada.
No entanto há problemas a
superar, diz o trabalho. As instituições são rígidas e ultrapassadas. A política é instável e
movida mais por interesses
particulares do que pelo interesse nacional. As desigualdades sociais são extremadas e a
insegurança pessoal e coletiva
é crescente.
O trabalho identifica São
Paulo e Rio como as duas cidades nacionais com o potencial
para se tornar cidade global. A
proximidade das duas cidades
-400 km- é única no mundo, entre dois centros com esse
potencial. A partir daí, propõe
um projeto conjunto interligando as duas metrópoles, formando uma região urbana
global, com o aproveitamento
das vantagens comparativas
de cada cidade. Com isso, haveria economia, já que a reestruturação seria feita de forma
complementar.
Os trabalhos divulgados no
livro visarão abrir o debate para a constituição dessa megacidade global, constituída por
Rio e por São Paulo. Espera-se
que o resultado de Vasco e Corinthians não atrapalhe as
boas intenções do trabalho.
E-mail: lnassif@uol.com.br
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