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VAREJO
Financiamento do BNDES turbina vendas de computador barato no Magazine Luiza; outras redes buscam crédito
Loja vende 14 mil PCs populares em 2 semanas
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
No país onde mais da metade da
população nunca usou um computador, a rede varejista Magazine Luiza vendeu 14 mil PCs apenas nas últimas duas semanas do
ano passado. Ela foi a primeira
empresa a obter financiamento
do BNDES para vender computadores pessoais populares, e, ao
baratear as parcelas de pagamento, as vendas explodiram.
O PC popular também faz sucesso em outras redes, como Ponto Frio e Extra. O Wal-Mart também já comprou o computador
popular de fabricantes. No entanto, elas ainda trabalham com crédito próprio e sem o selo do projeto "Computador Para Todos", do
governo federal, que visa à inclusão digital através de financiamento de PCs de até R$ 1.400.
Essas redes distribuem, algumas desde meados do ano passado, os computadores fabricados
dentro das especificações do projeto, mas ainda não completaram
todos os trâmites exigidos pelo
governo, como obter financiamento do BNDES. Além delas, a
Americanas.com já manifestou
interesse em entrar no projeto.
No final de 2005, quando o Extra realizou uma promoção de
computadores populares, as vendas de PCs dobraram na rede. Em
valores, a alta foi de 30%, já que o
preço desse PC é menor.
Segundo Hélio Rotenberg, diretor-geral da fabricante de computadores Positivo, a empresa está
vendendo o computador popular
para várias redes. "Quem está
vendendo os maiores volumes até
agora são o Magazine Luiza e o
Ponto Frio. Para este último vendemos 7.000 máquinas. O Wal-Mart comprou 1.500 PCs."
O BNDES reservou R$ 300 milhões para o projeto, mas, para
obter o financiamento, há uma
série de exigências (até agora só o
Magazine Luiza conseguiu). Empresas de capital estrangeiro não
podem participar, regra que o governo estuda mudar.
Vendas em alta
Com ou sem financiamento do
governo, as vendas do computador popular vêm ajudando, de
outubro de 2005 para cá, nas vendas de computadores em geral. A
participação de computadores
com o sistema operacional Linux
-exigência do governo para os
PCs incluídos no projeto- saltou
de 3% das vendas da Positivo, em
outubro do ano passado, para
quase 20% no final de dezembro.
As vendas de computadores do
Magazine Luiza cresceram 400%
no período em que o PC popular
ficou disponível para a venda, por
uma entrada mais 24 parcelas de
R$ 69,90. O estoque acabou, e a
rede já pediu novo financiamento
para voltar a vender o produto.
O item pode ser vendido por
uma parcela barata e com prazo
longo para pagamento porque o
varejista toma empréstimo do
BNDES com ótimas condições:
baixa taxa de juros e prazo de pagamento em 30 meses (os seis primeiros são de carência).
"A demanda tem sido impressionante. Obtivemos financiamento a princípio para 15 mil
computadores. Como acabou
agora em janeiro, pedimos novo
financiamento para 30 mil máquinas", diz Marcelo Rodrigues
Neves, gerente de compras do
Magazine Luiza.
Sem o fôlego do crédito do governo, as parcelas dos computadores vendidos por algumas outras redes saem mais altas.
Financiamento direto
Pelo programa, o consumidor
também pode ser financiado de
forma direta pelo governo. Para
isso, entretanto, precisa ter crédito aprovado no Banco do Brasil e
na Caixa Econômica Federal, o
que acaba sendo um obstáculo.
Até agora, segundo informações do Serpro (Serviço Federal
de Processamento de Dados), foram vendidos apenas 1.600 PCs
populares via financiamento direto do BB e da CEF.
Para participar do programa
"Computador para todos", o fabricante do computador precisa
se credenciar no Ministério da
Ciência e Tecnologia. Até agora
são 23 credenciados.
Como o lançamento do PC popular com o selo do governo é recente, ainda não é possível dimensionar seu efeito sobre o mercado. Mas a isenção de PIS e Cofins, aprovada em meados do ano
passado, aliada à desvalorização
do dólar, já mudou o cenário da
venda de computadores no Brasil.
No primeiro trimestre de 2004,
os computadores clonados, ou seja, montados de forma ilegal, representavam 70,2% do mercado
brasileiro. O percentual caiu para
63% no terceiro trimestre de 2005,
segundo dados da consultoria
IDC Brasil. Ao mesmo tempo, o
preço médio do computador pessoal caiu de R$ 1.704 para
R$ 1.475, na mesma comparação.
"A isenção foi um avanço. Fabricantes como a Itautec e a HP,
que haviam abandonado o varejo
por causa da pirataria, estão voltando a vender para o usuário doméstico", diz Dênis Gaia, da IDC.
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