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Preço paralisa novos contratos de energia
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
A CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) cancelou ontem os contratos de energia interruptível, em que negocia as
sobras de que dispõe com os
grandes consumidores.
A empresa não comenta a
medida, mas diz que o fim do
fornecimento está previsto nos
contratos, que condicionam a
venda à disponibilidade de excedente de energia, o que não
existe neste momento.
Com a decisão da CPFL, os
grandes consumidores que deixam de ser atendidos pela distribuidora pagarão mais pela
energia. "O consumidor pode
ter de comprar no mercado livre [a curto prazo], a R$ R$
569,59 por MWh", diz Adriano
Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura.
Segundo a avaliação de Patricia Arce, diretora-executiva da
Abrace (Associação Brasileira
de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), o consumidor livre que precisa fechar novos contratos enfrentará problemas neste ano. "Com esse
preço, fica impossível fazer novos contratos. Está tudo paralisado", afirma.
João Mello, da consultoria
Andrade & Canellas, afirma
não há mais negociação dos
consumidores livres depois da
disparada dos preços. "Esse
preço não é de mercado. Ultrapassou a faixa razoável."
A diretora da Abrace estima
que 95% dos consumidores livres que estão na associação já
tenham contrato para 2008 e
que o resto dos consumidores
está sem contrato para suprir
apenas 5% a 10% da demanda.
Patricia Arce, porém, diz que
o preço a curto prazo não atinge
somente os grandes consumidores livres, mas também distribuidoras e geradoras de
energia hidrelétrica. "Elas podem ter menos energia do que
estão vendendo em contrato,
que foi o que aconteceu na época do racionamento [em
2001]." Geradoras que vendem
mais energia do que têm podem ser punidas.
No mês passado, a CCEE
(Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica) fez um leilão em que as distribuidoras
podiam comprar energia elétrica, mas não apareceu nenhuma
geradora interessada em vender energia.
"Na ocasião, não houve nenhum negócio. As distribuidoras vão precisar comprar energia em 2008 e, com esse preço,
a negociação fica difícil", diz a
diretora da Abrace.
O consultor João Mello interpreta que as geradoras não
concordaram com o preço teto
oferecido no leilão e que preferiram esperar para vender
energia porque sabiam que o
valor negociado seria alto em
2008. "Em alguns casos, algumas distribuidoras podem ter
ficado subcontratadas, mas há
um mecanismo de negociação
de sobras entre elas. Não é nossa perspectiva que as distribuidoras estejam desprotegidas."
Consumidores industriais
ouvidos pela Folha dizem que
a distribuidora subiu em mais
de 200% a tarifa nos horários
de pico, de R$ 350 por MWh
(megawatt-hora) para R$ 800
por MWh, das 18h às 20h.
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