São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008

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Produção de calçados migra para o exterior

Fabricante culpa altos impostos e real valorizado

Thiago Bernardes/Folha Imagem
Movimento na Couromoda em SP, que traz coleções de inverno


MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O setor de calçados brasileiro aponta para uma mudança que vem se firmando como tendência: as empresas nacionais estão se globalizando e transferindo parte da produção para outros países. Empresários que já tomaram essa iniciativa indicam os motivos: o câmbio desfavorável às exportações e a alta carga tributária.
A abertura da Couromoda, maior feira calçadista da América Latina, realizada ontem, em São Paulo, foi pautada por apelos de entidades do setor para corte de impostos.
Autoridades pediram às empresas que mantivessem a produção no país. "O melhor mercado para o calçado é o brasileiro. A nossa luta é que os empresários produzam calçados no Brasil e não no exterior", disse o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
O presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), Milton Cardoso, respondeu à Folha: "Se o governo não defender os interesses do Brasil, as empresas vão resolver os problemas das empresas e não do Brasil".
Para cortar custos entre 15% e 20%, o grupo que controla as grifes West Coast e Cravo & Canela terceirizará parte da produção de calçados -entre 5.000 e 10.000 por mês- em uma fábrica na Índia a partir desta segunda quinzena de janeiro. Há 20 anos em Ivoti (RS), a empresa nunca tinha fabricado sapatos fora do Estado.
"Não queríamos transferir a produção, mas não vale mais a pena fabricar no Brasil para exportar", disse o gerente de marketing, Sérgio Baccaro Júnior.
A Strada Shoe, que produzia calçados para o mercado externo apenas no Brasil, passou a fabricar na China há dois anos. Hoje tem quatro unidades no Brasil e cinco na China.
Os empresários da Alpargatas do Brasil compraram a empresa da mesma marca da Argentina no final de 2007. A fábrica produz 6 milhões de pares ao ano, bem abaixo dos 180 milhões da brasileira.

Carga tributária
Na abertura da Couromoda, o ministro interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, confirmou medidas para subir os impostos de importação. Segundo ele, já está em vigor a elevação de 35% da alíquota para sapatos importados.
Uma medida provisória, publicada no "Diário Oficial" de 3 de janeiro, criou alíquota de R$ 10 para importação de unidades de alguns produtos, entre eles o calçado. De acordo com Ramalho, a medida depende do aval da Camex (Câmera de Comércio Exterior) para ser regulamentada, decisão que sai até o final deste mês, segundo ele.


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