São Paulo, quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

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China se torna a 3ª maior economia global

Ao revisar crescimento do PIB em 2007 de 11,9% para 13%, país ultrapassa a Alemanha e só fica atrás dos EUA e do Japão

Contra a crise, novo plano para estimular venda de automóveis é anunciado, com corte de impostos e crédito para montadoras

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

A China ultrapassou a Alemanha e se tornou a terceira maior economia do mundo, segundo um novo cálculo do governo chinês sobre o crescimento do PIB em 2007.
O Escritório Nacional de Estatísticas divulgou ontem que o PIB do ano retrasado cresceu 13%, em vez dos 11,9% anunciados então.
Pelo novo número, de US$ 3,38 trilhões, a China hoje só é superada pelos Estados Unidos (US$ 13,8 tri) e pelo Japão (US$ 4,38 tri). O novo PIB chinês equivale à soma das economias da Itália e do Brasil, duas das dez maiores do mundo. Mas, com 1,3 bilhão de habitantes, a renda per capita ainda é menos que a metade da brasileira.
Como diversas outras estatísticas divulgadas no país, onde o controle da informação é quase total, há suspeita de que as autoridades chinesas usem números para mascarar as turbulências na economia local, revisando para cima quando a situação é difícil e escondendo crescimento para ter margem de manobra futura.
O PIB de 2007 já tinha sido revisado uma vez, de 11,4% para 11,9% em 2008.

Crescimento abalado
A notícia do novo patamar alcançado pela economia chinesa chega no momento em que o país enfrenta a maior crise da última década, com crescimento de desemprego, queda no consumo e nas exportações.
Depois do crescimento de 13% em 2007, estima-se que a economia chinesa tenha crescido 9,4% em 2008. O governo diz que em 2009 o PIB subirá 8%, mas diversos economistas estimam o crescimento entre 5% e 6%, um aumento tímido para um país que precisa empregar pelo menos 10 milhões de trabalhadores por ano que migram para as grandes cidades e com renda per capita de país em desenvolvimento.
Ainda assim, crescendo a 6%, a China será uma das maiores responsáveis pelo crescimento do mundo em 2009, enquanto a maioria das grandes economias patina em recessão.
A médio prazo, porém, a China deve continuar crescendo por ainda estar em um estágio médio de urbanização, com dezenas de milhões vivendo de agricultura de subsistência. Apenas 46% da população é urbana (no Brasil são 81%).

Anticrise
O governo chinês tem anunciado diversas medidas para tentar conter os efeitos da crise, que podem se espalhar e provocar tensão e protestos no país. Depois de anunciar um plano de estímulo de US$ 580 bilhões e de cortar cinco vezes a taxa de juros (subtraindo 2,16 pontos), o Conselho de Estado divulgou ontem um pacote para reanimar as vendas do setor automobilístico.
Da próxima terça até o final do ano, o imposto pela compra de carros até 1.6 cairá de 10% a 5%. Também foi anunciado um fundo de 5 bilhões de yuans (R$ 1,7 bilhão) para fornecer créditos a agricultores que quiserem trocar seus tratores e comprar camionetes e minivans, entre março e dezembro. E outro fundo de 10 bilhões de yuans (R$ 3,4 bi) para apoiar pesquisas tecnológicas para melhorar os veículos produzidos pelas montadoras chinesas e adequá-los a energia alternativas.
Sem dar maiores detalhes, o pacote também promete promover a fusão de montadoras e empresas de autopeças "para otimizar recursos e melhorar sua competitividade no mercado internacional", segundo texto da agência estatal Xinhua.


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