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FMI já admite que poderá rever metas
MARCELO DIEGO
de Nova York
O FMI (Fundo Monetário Internacional) admite que poderá rever
as metas acertadas com o governo
brasileiro, no ano passado, para a
liberação de um empréstimo total
de US$ 41,5 bilhões. A causa da revisão é a desvalorização do real e a
nova política de câmbio adotadas
pelo governo anteontem.
A informação foi passada para a
Folha por um dos membros do
Fundo. A revisão seria uma consequência natural, segundo ele, porque a maioria das metas foi fixada
em dólar -que valorizou 8%, em
média, frente à moeda brasileira
em apenas um dia. Essa valorização era esperada em 12 meses.
Segundo o próprio diretor-gerente do FMI, Michel Camdessus,
o organismo vai passar os próximos dias analisando e discutindo,
com autoridades brasileiras, as implicações da mudança cambial.
As discussões devem acontecer
por telefone. Desde 98, o Fundo
mantém contato periódico com o
governo. O pacote de ajuda ao Brasil é uma composição de recursos
do próprio Fundo, do Bird (Banco
Mundial), do Bid (Banco Mundial)
e do BIS (Banco para Compensações Internacionais).
Para ter direito ao dinheiro, o
Brasil se comprometeu com o FMI
a executar metas, descritas no programa de ajuste fiscal do governo.
A primeira parcela, de US$ 5,3
bilhões, já foi liberada. A próxima
está prevista para fevereiro. Todas
as novas liberações de verba acontecerão mediante vistoria do andamento das reformas.
O governo se comprometeu com
o Fundo, por exemplo, a ter um
saldo comercial positivo de US$
2,8 bilhões ao final deste ano. As
exportações devem somar US$
57,6 bilhões e as importações estão
previstas para atingir US$ 54,8 bilhões. A desvalorização do real pode afetar os dois números.
As metas de superávit primário
(que não inclui gastos com juros)
são de R$ 2,98 bilhões para o primeiro trimestre e de R$ 2,91 bilhões para o segundo. Elas podem
sofrer novas avaliações. Por enquanto a postura do Fundo será a
de esperar mais detalhes sobre a
condução da política econômica.
Duas pessoas do organismo confirmaram que a missão do FMI,
que viajará para o Brasil com a
missão de fiscalizar as contas do
governo e dar o aval para a segunda parcela, pode ser apressada.
Até segunda ordem, a missão só
partiria em fevereiro. A data exata
não é divulgada, de acordo com as
normas de procedimento da entidade (evitando assim uma possível
distorção de números).
Mas a missão poderia ocorrer até
o final deste mês, para que o Brasil
tivesse à disposição os US$ 4,5 bilhões do segundo vencimento, fortificando as reservas cambiais (que
não podem ficar abaixo de US$ 20
bilhões, segundo o acordo).
O Fundo divulgou anteontem
uma nota de apoio à mudança
cambial brasileira, mas, segundo a
agência de notícias IDow Jones',
houve descontentamento sobre a
condução do processo.
O FMI teria sido informado da
mudança na terça-feira à tarde, pelo governo brasileiro. O Fundo teria ficado insatisfeito com a mudança, porque ela teria sido adotada sem um plano consistente por
base. O FMI não confirma.
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