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Pregão é interrompido pela 2ª vez
da Reportagem Local
O pânico e os rumores tomaram
conta da Bolsa de Valores de São
Paulo ontem à tarde. O "circuit
breaker", mecanismo que interrompe os pregões toda vez que a
queda atinge 10%, foi acionado pelo segundo dia consecutivo, desta
vez às 16h46. O mercado ficou fechado por meia hora.
A Bolsa reabriu às 17h16, mas terminou o dia em baixa de 9,96%,
sem apresentar recuperação.
No início do dia, a BNDESPar,
braço do mercado do BNDES, e as
fundações entraram comprando
ações com força, a pedido do governo. Queriam aproveitar o otimismo inicial e puxar o preço das
ações para cima.
No início do dia, os investidores
estavam animados com a aprovação do minipacote do governo federal no Congresso Nacional, que
deve render em torno de R$ 6 bilhões aos cofres públicos, e com o
bom desempenho dos mercados
europeus e dos mercados norte-americanos futuros.
Também o fluxo cambial negativo registrado anteontem, de US$
1,093 bilhão, foi considerado abaixo das expectativas.
A Bolsa chegou a subir 4,27%.
Mas, como afirmou um operador,
não adianta remar contra a maré.
A crise de credibilidade do país foi
mais forte e o mercado despencou.
Para vários investidores, a mididesvalorização dada pelo governo
não foi suficiente. "O governo foi
conservador no alargamento da
banda cambial", diz Nicolas Balafas, do BNP Asset Management.
Rodrigo Moraes, do Banco Rendimento, pondera que ainda é cedo para fazer avaliações definitivas. Os dois concordam que o indicador crucial para definir a credibilidade do país é o fluxo cambial.
"A saída de dólares do país reflete a
credibilidade dos investidores internos e externos na nova política
cambial", diz Moraes.
A decisão da Standard & Poor's,
de rebaixar a nota da dívida do
Brasil, deprimiu ainda mais o mercado, que estava tomado por rumores de bancos e fundos quebrando por causa das perdas nos
mercado futuros.
Também havia rumores de que o
Banco Central não estaria registrando todas as saídas de dólares
no Sisbacen, o sistema que informa o fluxo automaticamente aos
operadores de câmbio. Para especialistas, no entanto, essa hipótese
é praticamente impossível.
Com a queda de ontem, o índice
Bovespa, das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São
Paulo, chegou ao patamar de
5.057, o mais baixo desde o dia 10
de setembro, logo após a moratória da Rússia, em agosto. Naquela
época, os investidores passaram a
acreditar que o Brasil também decretaria moratória.
Desde que o governo de Minas
decidiu pelo não-pagamento de
suas dívidas, a Bolsa já caiu 31,01%.
(CPL)
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