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LUÍS NASSIF
Hipotecando o futuro
O desmonte a que está sendo submetido o Ministério
de Ciência e Tecnologia é amplo,
geral e irrestrito. O ministro Roberto Amaral e equipe estão
prestes a realizar o feito histórico
de, em menos de dois meses, regredir a história da ciência brasileira em dez anos.
Os institutos de pesquisa são o
braço operacional do ministério.
Incluem-se aí o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a Comissão Nacional de Energia Nuclear, o Laboratório Nacional de
Luz Síncroton, o Instituto de Pesquisas da Amazônia, entre outros. Esses institutos eram supervisionados pela Secretaria de
Unidades de Pesquisa. Agora, a
secretaria foi extinta, e a supervisão dos institutos, relegada a
um escalão inferior do ministério.
Pelas informações veiculadas,
os institutos passarão a ser supervisionados pelo secretário-executivo do MCT. Só que as
atribuições da secretaria são tão
amplas que a tarefa certamente
será delegada a assessores.
Os trabalhos de avaliação, peça central de qualquer política
pública ou privada, estão sendo
jogados no lixo. O Relatório
Tundisi -primeiro trabalho de
avaliação abrangente dos institutos- está sendo jogado no lixo. Internamente, o secretário-executivo Ricardo Gatass se refere a ele como "um desses relatórios que andam por aí". E não
há garantia de que se mantenha
o Comitê de Busca, para seleção
dos diretores desses institutos.
Na gestão anterior foi criado o
Centro de Estudos e Gestão Estratégica, incumbido de produzir estudos e análises prospectivas para a formulação de políticas do setor. Outra função era
juntar especialistas nacionais
para debater o aprimoramento
das aplicações dos fundos. Sob
Amaral, deve desaparecer.
O setor de Indicadores de Ciência e Tecnologia do MCT, incumbido de promover levantamentos sobre a pesquisa científica, o desenvolvimento tecnológico e a inovação nas empresas está sangrando. Estão sendo demitidos profissionais de alto nível,
suspeitos de serem "neoliberais",
na visão paleolítica do ministro
-e a informação me foi prestada por um cientista adepto fervoroso da candidatura Lula.
Um dos grandes avanços dos
últimos anos foi a possibilidade
de transformação dos institutos
em organizações sociais, permitindo avanços extraordinários
de gestão, ganhos de eficiência e
implantação de processos de cobrança. O Instituto de Matemática Pura e Aplicada e o Laboratório Nacional de Luz Síncroton
estão com a existência ameaçada pela possibilidade de o MCT
não assinar os termos aditivos
dos contratos em andamento.
Daqui a algum tempo, quando
a ficha da opinião pública cair,
não haverá Fome Zero que poupe o governo Lula da acusação
de ter hipotecado o futuro tecnológico do país ao grupo de Garotinho.
Previ
Essa idéia de que "sindicalistas" estão tomando o poder nos
fundos de pensão e vão politizar
seus recursos precisa ser mais
bem ponderada. Pelo menos na
Previ, o novo presidente, Sérgio
Rosa, é sindicalista, mas também técnico competente. Nos últimos anos, sua atuação e a dos
demais representantes dos funcionários na Previ foi fundamental para a preservação da
seriedade e solidez do fundo.
E-mail - LNassif@uol.com.br
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