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ENERGIA
Alta do petróleo deve elevar preços dos combustíveis e garantir receita maior da estatal para o superávit primário
Gasolina vai pagar esforço extra da Petrobras
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Por causa do aumento da meta
de superávit primário, a Petrobras terá de fazer um esforço adicional de caixa neste ano. Contribuirá com R$ 7,1 bilhões em 2003
para que o governo alcance tal objetivo. No ano passado, a participação da estatal foi menor: R$ 5,2
bilhões.
O presidente da Petrobras, José
Eduardo Dutra, disse que não deve ser necessário cortar investimentos para atingir a meta traçada, pois a alta do petróleo elevará
a receita da companhia. Ou seja:
será o consumidor que pagará a
conta do aperto com o aumento
do preço dos combustíveis.
"Se não houver mudança na política de preços, o que eu acho que
não vai haver, a alta do petróleo
compensa isso [o esforço maior
da Petrobras". Infelizmente, o aumento do preço do petróleo pode
até ajudar a garantir o superávit
da Petrobras."
Com a perspectiva de guerra e a
crise na economia mundial, o governo Lula subiu a meta de superávit primário (receitas menos
despesas, excluídos os juros da dívida) de 3,75% para 4,25% do PIB.
"Para garantir o superávit, as estatais vão ter de entrar [no esforço
fiscal", porque senão não garante", disse Dutra.
Sobre os preços dos combustíveis, Dutra disse que a total paridade com as cotações internacionais é a atual orientação do governo e que ela deve continuar. Uma
mudança dessa política, como a
introdução de controle de preços,
depende dos efeitos da guerra
contra o Iraque, afirmou.
"Por enquanto, a posição é
acompanhar o mercado. É lógico
que depende de qual será a amplitude desse aumento do preço. Como está agora [pouco acima de
US$ 35 o barril", dá para manter a
atual política."
Segundo Dutra, o preço dos
principais derivados -gasolina,
diesel e gás- "tem uma pequena
defasagem ainda" em relação às
cotações internacionais.
Ele descarta reajustes no curtíssimo prazo: "Estamos esperando
um pouco para ver se a guerra começa, pois senão já tem de equalizar [os preços] de novo [com uma
possível disparada do petróleo
após o início do conflito"].
Apesar de dizer que a maior
contribuição da Petrobras para o
superávit não deverá levar a cortes de investimento, Dutra considera que a guerra e seus reflexos
podem atrapalhar projetos da estatal. É que os mercados já estão
fechados às captações internacionais, que financiam boa parte dos
seus investimentos.
A previsão inicial da Petrobras
era investir R$ 7 bilhões em 2002.
O valor, diz Dutra, deve ser revisado para baixo em razão da piora
do cenário internacional. "O mercado está mais fechado do que se
previa", disse, acrescentando que
a estimativa era captar cerca de
US$ 3 bilhões lá fora neste ano.
Se houver necessidade de cortes, os recursos para expansão da
produção de petróleo serão preservados. É prioridade da empresa, diz Dutra, chegar à auto-suficiência em 2005 "ou, no máximo,
em 2006". Trata-se da primeira
vez que um dirigente da estatal
admite não cumprir a meta de
2005. "Estou sendo realista."
A área de exploração e produção de óleo também era na gestão
anterior o foco central da estatal.
Agência de promoção
Dutra afirmou que a Petrobras
não é uma "agência de promoção
do governo", mas reconheceu que
sempre haverá, de algum modo,
interferência na companhia.
"Essa histórica de que o governo vai ter ingerência na Petrobras
não é exclusividade do PT. Na
campanha eleitoral, o preço do
combustível ficou três meses defasado porque o [José] Serra [ex-candidato do PSDB à Presidência" estrilou quando aumentou [o
preço dos combustíveis] em agosto. Foi uma ingerência política."
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