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Pequenas podem perder com mudança na telefonia
Serviço corporativo e fixo deve ser alvo, dizem especialistas
SIMONE CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As mudanças propostas pelo
governo no PGO (Plano Geral
de Outorgas) para permitir a
compra da Brasil Telecom pela
Oi reduzirão a competição na
telefonia fixa, corporativa e de
internet, dificultando a permanência de pequenas prestadoras e a entrada de novas, segundo especialistas.
Na telefonia celular, a avaliação é positiva, já que a nova empresa terá 16,7% do mercado
-segundo a Anatel- e poderá
concorrer com as três maiores
operadoras: Vivo (27,7%), TIM
(25,9%) e Claro (25,0%).
Para Renato Guerreiro, ex-presidente da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações), o PGO, legislação mais rígida da telefonia, pode abrir caminho para outras alterações.
"Isso pode sinalizar que outras
mudanças virão."
Ficou ainda "um ruído" de
que outros interesses podem
ser atendidos, segundo o ex-ministro das comunicações
Juarez Quadros, já que o rumor
de que haveria mudança nas regras da telefonia móvel para
permitir que Vivo e TIM se
unissem não se concretizou.
A Abrafix (associação de empresas de telefonia fixa), que
pediu a alteração à Anatel, disse
esperar uma mudança na Lei
do Cabo, por meio de projeto de
lei que permita a distribuição e
produção de conteúdo pelas
operadoras.
O desaparecimento de uma
das quatro concessionárias de
telefonia fixa trará grande risco
para a concorrência, segundo
Quadros, reduzindo o espaço
das empresas menores de telefonia fixa como Sercomtel e
CTBC.
Crítico do argumento de que
a mudança era necessária para
aumentar a competição, ele diz
que o PGO como está dá "possibilidade de concorrência com
as autorizadas, mas as empresas não praticam."
A nova operadora será a
maior empresa de telefonia fixa
nacional e pode entrar no mercado de São Paulo para competir com a concessionária Telefônica, diz Guerreiro.
O analista da Prosper Corretora, Alan Cardoso, acredita
que a empresa irá investir em
telefonia corporativa. A GVT,
com foco em serviços para o
segmento, poderia ser uma das
maiores afetadas, segundo ele.
Se esse cenário de dificuldades para as pequenas empresas
do setor se concretizar, deve
haver aumento de preço dos
serviços para o consumidor,
principalmente na área corporativa e de internet, segundo o
presidente da Telcomp (associação das prestadoras de serviços de telecomunicações competitivas), Luis Cuza.
Diante da possibilidade de
barreiras à entrada de novos
concorrentes ou redução de
condições de competição de
pequenas empresas, o advogado especializado em telecomunicações da Felsberg e Associados, Guilherme Ieno Costa, diz
que é necessário que a Anatel
aprove instrumentos que garantam a concorrência.
Como exemplo, ele cita a
portabilidade, o compartilhamento das redes entre as operadoras e a licitação de WiMax
(rede de internet sem fio). Os
mecanismos, segundo ele, seriam importantes para reduzir
os custos de operação de empresas menores.
Cuza diz que é isso que vai garantir a permanência das pequenas empresas no setor.
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