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Para academia, jornais podem virar fundação
DE WASHINGTON
E se os principais jornais americanos se transformassem em fundações
e com isso deixassem de
depender de anunciantes
e de cobrar por seu produto ou passassem a cobrar
uma quantia simbólica?
Por mais absurda que pareça, a ideia foi defendida
nas páginas do próprio
"New York Times".
Assinado por David
Swensen e Michael
Schmidt, respectivamente
executivo de finanças e
analista financeiro da Universidade Yale, o artigo sugeria que o modelo serviria à indústria jornalística
norte-americana atual.
A dupla fazia mesmo as
contas: num investimento
que rendesse 5% ao ano,
aquele diário norte-americano precisaria de uma
doação de US$ 5 bilhões
para sobreviver pelo resto
dos tempos.
A proposta não era nova,
mas sua divulgação na
prestigiosa página de artigos do jornal reacendeu a
discussão. Houve quem
calculasse quanto seria
necessário para que todos
os principais jornais norte-americanos virassem
fundações: US$ 114 bilhões, segundo o laboratório de jornalismo da Fundação Nieman, de Harvard
-ou o equivalente ao corte
de impostos para a classe
média aprovado no pacote
do presidente Barack Obama anteontem.
A ideia foi bombardeada
por todos os lados. "Sem
disciplina de mercado, como um jornal vai saber se
está sendo bem-sucedido
ou não?", escreveu Jack
Shafer, crítico de mídia da
revista eletrônica "Slate",
em troca de e-mails com a
Folha, referindo-se a um
artigo em que criticou a
proposta.
O especialista Steve
Brill concorda e cita um
caso para reforçar seu argumento. Em pesquisa informal feita com seus alunos de jornalismo em Yale, ele viu espantado metade da classe levantar a mão
quando perguntou "quem
aqui acha que o "New York
Times" é uma empresa que
não visa lucro?".
"Eis mais uma razão para eles não darem conteúdo de graça", disse à Folha. Para Brill, depender
da caridade de estranhos
não é maneira de atingir a
independência jornalística. "É bom que os jornais
estejam na praça para ganhar dinheiro. Assim se
preocupam com seus leitores e com fazer um produto de qualidade que as
pessoas queiram ler."
(SD)
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