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Cidade do petróleo, Macaé tem blindagem contra o desemprego
SAMANTHA LIMA
ENVIADA ESPECIAL A MACAÉ (RJ)
Em bairros nobres de Macaé,
cidade de 170 mil habitantes no
norte do Rio, falta rede de esgoto. Nessas áreas, são comuns
alagamentos quando chove e
calçadas estão tomadas por capim. Desafiando a falta de infraestrutura, prédios em construção e novos estabelecimentos comerciais indicam, porém,
que Macaé é uma cidade próspera -e imune ao desemprego.
A economia local, que vive em
razão da produção de petróleo
na bacia de Campos, criou
4.589 vagas enquanto o mundo
mergulhava na crise.
Em criação de empregos entre setembro e dezembro, Macaé perdeu apenas para a capital, segundo o Ministério do
Trabalho. No Rio, com 20 vezes
mais habitantes, foram abertas
22 mil vagas. Os setores mais
dinâmicos em Macaé foram os
de prestação de serviços e construção civil.
Macaé está blindada contra a
crise graças a sua geografia.
Ponto continental mais próximo da bacia de Campos, de onde saem 88% da produção de
petróleo do país, a cidade se
tornou sede operacional da Petrobras em 1977. Trouxe consigo empresas do mundo inteiro
que prestam serviços técnicos à
operação das plataformas. Com
elas, vieram seus trabalhadores
-a população local triplicou
desde 1980. E, a reboque, empresas de serviço, comércio e
construção civil.
Empresa que avalia as condições dos poços de petróleo, a
Expro contratou 13 pessoas nos
últimos quatro meses do ano.
Hoje a empresa tem 190 funcionários na cidade, a maior
operação da América Latina.
Os planos traçados na euforia
do preço do petróleo, antes da
crise, eram triplicar a área operacional da empresa em Macaé
e duplicar o número de funcionários em três anos, atenta à
exploração do pré-sal na bacia
vizinha, a de Santos.
Com o preço do barril em
queda, desde a crise, o coordenador de treinamento da Expro, Humberto Santos, estava
pronto para ouvir da matriz a
ordem para segurar os planos.
"Depois que a Petrobras anunciou que aumentaria seus investimentos de US$ 112 bilhões
para US$ 174 bilhões até 2013, a
Expro confirmou os planos,
apesar da crise", diz Santos.
Mineiro de Itajubá, o engenheiro Carlos Madaleno trocou
a Embraer, em São José dos
Campos, pela Expro. Agora,
prepara-se para contratar 40
pessoas nos próximos 18 meses
para a área que coordena. Todos de nível técnico e superior.
"Para quem é qualificado, há
muitas oportunidades", diz.
Com o fluxo de visitantes a
negócios, o setor hoteleiro foi
um dos que mais se desenvolveram na cidade. Aberto em
agosto -um mês, portanto, antes da piora da crise-, o hotel
Mercure, do grupo francês Accor, começou com 49 funcionários. Três meses depois, o gerente-geral Márcio Delgado decidiu contratar mais 6 pessoas.
"A julgar pela ocupação até agora, devo chegar a 60 até março",
afirma Delgado.
No Mercure, metade dos trabalhadores veio de fora de Macaé. Adriana Vasconcelos, 23,
deixou o emprego de operadora
de telemarketing no Rio para
tentar a sorte na cidade. "Quero
crescer aqui", diz.
O gaúcho Antônio Figueira,
chefe de cozinha, e a baiana
Geórgia Adauto, "maître", também chegaram no fim do ano.
"Trabalhava em uma plataforma. Recebi a proposta e decidi
aceitar", diz Figueira.
Com sede em Barra Mansa,
no sul do Rio, a vidraçaria Metalfran tinha em Macaé a origem de 20% de seu faturamento. Com a crise que assolou o
sul do Estado, onde estão instaladas montadoras, fábricas de
autopeças e siderúrgicas, a tendência é que isso se inverta.
"Enquanto lá as coisas vão mal,
aqui não falta trabalho, com
tanta obra. Estudamos abrir
um escritório aqui e contratar
20 pessoas", diz o supervisor
Francisco Souza.
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