São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 2006

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MERCADO ABERTO

Lula "bate boca" com empresário

A discussão entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes das federações de indústria na última sexta-feira, na abertura da Olimpíadas do Conhecimento, em Recife, foi mais acalorada do que se supunha. O motivo foi a defesa que Lula fez da proposta da Fazenda de ampliar a redução das tarifas da importação para acelerar a queda dos juros.
Lula chegou a elevar o tom de voz quando o presidente da federação do Paraná, Rodrigo Loures, disse que a medida poderia gerar um processo de desindustrialização no país. O presidente reagiu de forma áspera, dizendo que se tratava de um exagero.
O clima ficou tenso durante o encontro, que foi promovido de forma improvisada, numa sala pequena, com cerca de 20 presidentes de federações industriais.
A reunião praticamente se encerrou ali. Os empresários ficaram de preparar um estudo mais detalhado para dizer se há ou não ameaça de desindustrialização.
O fato é que os empresários estão como muito medo da proposta da Fazenda de levar adiante o projeto de aumentar o grau de abertura da economia. A idéia foi rechaçada pelas principais entidades empresariais, entre elas a CNI e a Fiesp. As instituições farão o estudo para medir o impacto da medida sobre a economia.
Armando Monteiro, presidente da CNI, por exemplo, considera um exagero dizer que o Brasil esteja sofrendo um processo de desindustrialização. Para ele, o fenômeno significa perda de produto industrial, e, nos últimos anos, ocorreu o contrário.
Monteiro afirma, no entanto, que isso não significa que ele dê apoio à proposta da Fazenda de redução das tarifas de importação. Ele já considera as tarifas muito baixas, entre 12% e 15%, e que não há necessidade de adotar a medida para afrouxar a política monetária.
A seu ver, essa discussão está sendo colocada na hora errada. Para ele, com a elevada carga tributária do país, a sobrevalorização cambial e o atual patamar de juros, não se pode cogitar baixar as tarifas de importação.

FRASE

"Até há pouco tempo, ele [Palocci] merecia nota 90, e, agora, a nota é 70, e pode até cair mais se não abrir o olho"

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
 presidente do grupo Votorantim, que ressalta, porém, que, pessoalmente, não tem nada contra ele

CABELO PROFISSIONAL
 Com foco na qualificação do profissional do setor, ocorre no início de abril a Hair Brasil -Feira Internacional de Beleza, Cabelos e Estética, no Expo Center Norte, em São Paulo. A quinta edição do evento deve reunir cerca de 400 marcas de produtos, com alta estimada de 14% no número de expositores e de 9,5% na área ocupada. "Mas o mote são os workshops [serão 16 ao todo], que refletem uma preocupação da própria indústria em treinar quem trabalha nos salões, até para a administração do negócio. Outra questão é a necessidade de regulamentação da profissão", diz Jeferson Santos, diretor-geral da Hair Brasil. Relacionado a esse propósito, aliás, o evento contará com a participação do francês Robert Maréchal, diretor da maior feira de beleza de seu país. Ele deve falar sobre a experiência na França, onde o setor já é regulamentado há mais de 50 anos.

LUXO E RIQUEZA
 O escritor francês e especialista em luxo Jean Castarède, fundador do Institut Supérieur de Luxe, virá ao Brasil para o seminário "Luxo: A Nova Fronteira do Consumidor Brasileiro", promovido pela ESPM. O evento ocorrerá em SP (dia 21) e no Rio (22). Ele falará sobre as tendências no Brasil e no mundo.

EQUILÍBRIO INDUSTRIAL
 A CNI (Confederação Nacional da Indústria) fechou ontem a chapa única às eleições de julho. Será formada por Armando Monteiro Neto, que já comanda a entidade, na presidência, e Paulo Skaf (Fiesp) como vice. Será mantido o equilíbro regional.

E-VAREJO
 As compras realizadas pela internet por varejistas já chegam a 44% do valor total negociado. O dado vem de pesquisa recém-concluída pela Associação Brasileira de e-business, que aponta ainda que apenas 23% não utilizam essa ferramenta.

AGENDA CORRIDA
 O governador de São Paulo e agora candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, participa na sexta do seminário "Caminhos para o Desenvolvimento", realizado pelo Ciesp em parceria com o Instituto Teotônio Vilela. Claudio Vaz, presidente do Ciesp, também estará presente no evento, em São Paulo.

AVANÇO RÁPIDO
 A rede de "fast food" Burger King alcançou a marca de 5 milhões de consumidores atendidos no Brasil desde a sua chegada ao mercado, em novembro passado. A cadeia americana, que tem 11 restaurantes no país, tem operado 10% acima do plano de negócios desenvolvido para o Brasil antes da "estréia".

AUTONOMIA PRÁTICA
 Antonio Palocci (Fazenda) diz que o projeto de autonomia do Banco Central continua na agenda do governo Lula, mas que, na prática, já há independência "objetiva e prática". Em teleconferência da consultoria Tendências, ontem, Palocci disse ainda que não há nenhuma decisão sobre a saída do secretário Joaquim Levy para ocupar um cargo no BID. "Ele continua firme e forte no Tesouro." Sobre o ano eleitoral, ele afirma que não haverá "turbulências", diferentemente do ocorrido em 2002, e que o "compromisso de ouro" com o equilíbrio fiscal será "rigorosamente cumprido" em 2006.

ALTERNATIVA
 A Abimaq (associação da indústria de máquinas) decidiu defender o uso do biodiesel da soja como alternativa aos produtores do grão para enfrentar a atual turbulência do mercado. A avaliação é do diretor de assuntos agrícolas da entidade, Rubens Dias de Morais, diante das perspectivas desse segmento.

LANÇAMENTO

Acaba de chegar às livrarias "China - O Renascimento do Império", da jornalista Cláudia Trevisan, ex-correspondente da Folha em Pequim. No livro, a autora dá um panorama das transformações no país asiático desde 1979, quando tiveram início as reformas econômicas que levaram a China a liderar o ranking do crescimento global. Ela aborda temas tão diversos como a ocidentalização, a atuação do Partido Comunista, a internacionalização das empresas chinesas e as contradições entre a abertura ao exterior e a ausência de reformas políticas.


Autora: Cláudia Trevisan
Editora: Planeta
Preço: R$ 32,50

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