São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 2006

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ECONOMIA GLOBAL

Saldo negativo avança 20% em 2005 e atinge novo recorde; especialistas se preocupam com financiamento

Déficit dos EUA com exterior vai a US$ 805 bi

DA REDAÇÃO

O déficit em conta corrente dos Estados Unidos aumentou para US$ 804,9 bilhões no ano passado, um recorde, valor 20,4% maior que o registrado em 2004, de US$ 668,1 bilhões.
O saldo em conta corrente leva em conta não só a importação e a exportação de bens e serviços (balança comercial) mas também os fluxos de investimento e transferências unilaterais entre os países.
O aumento do déficit em conta corrente significa que os EUA têm que se endividar mais com outras nações para pagar pela diferença entre os dólares que entram e saem do país.
Os chamados "déficits gêmeos" dos Estados Unidos (fiscal e em conta corrente) são, para muitos especialistas, motivo de preocupação, já que o país aumenta cada vez mais sua dependência de financiamento estrangeiro.
Alguns economistas acreditam que esse desequilíbrio possa levar à desvalorização do dólar, com conseqüências para a economia global. "O fato é que um déficit em conta corrente dessa magnitude sem precedentes é insustentável e não há esperança de que ele seja resolvido somente por meio de aumento das exportações", disse Paul Ashworth, analista da Capital Economics.
Por enquanto, porém, os Estados Unidos não têm tido problemas para financiar seus déficits, já que outros países continuam comprando ativos em dólar em ritmo forte.
O déficit em conta corrente em 2005 também foi recorde em termos de proporção do PIB (Produto Interno Bruto), ao chegar a 6,4%. Em 2004, o déficit havia ficado em 5,7% do PIB.
O buraco no quarto trimestre de 2005 subiu 21,3% em relação ao registrado no trimestre anterior, para US$ 224,9 bilhões, principalmente devido à alta dos gastos com petróleo.
O recente aumento do fluxo de dólares para fora dos EUA tem levado a preocupações de especialistas e da opinião pública do país.
Há quem ache que os Estados Unidos estão se abrindo demais ao resto do mundo, como ficou claro no caso da possível compra de operações em portos americanos por uma empresa dos Emirados Árabes Unidos, proposta que teve oposição de vários setores.

Bernanke
O déficit fiscal crescente dos Estados Unidos pode ameaçar a saúde econômica do país a longo prazo, disse o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, em carta enviada a senador. Bernanke afirmou que é "desejável" que o rombo seja reduzido. No último ano fiscal, o déficit ficou em US$ 319 bilhões.
O presidente do Fed também afirmou que os desequilíbrios comerciais globais são causados pelo mercado e que políticas governamentais podem fazer pouco para mudar a situação.


Com agências internacionais

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