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Mercado Aberto
guilherme.barros@uol.com.br
Crise dos EUA não afetará queda de juros no Brasil, diz economista
A grande dúvida do mercado
financeiro global, hoje, é se vai
haver uma aterrissagem forçada ou não nos Estados Unidos.
Todas as turbulências que
ocorreram desde o dia 28 de fevereiro, quando a Bolsa de Xangai caiu 10%, guardam alguma
associação com essa incerteza
em relação ao mercado americano. Mesmo naquele dia, o ex-Fed Alan Greenspan tinha levantado a hipótese de uma recessão nos EUA.
Os indícios de problemas no
mercado hipotecário americano já tinham surgido havia
mais tempo, principalmente no
chamado "subprime", de segunda linha, mas só agora vieram à tona, diante do aumento
das incertezas no mundo. O
problema é se essa turbulência
vai afetar o crédito dos bancos e
gerar desaceleração mais forte
da economia americana.
A constatação é de Marcelo
Salomon, economista-chefe do
Unibanco, que acaba de chegar
de uma visita à Europa para encontros com grandes clientes
do banco. Ele observou também uma crescente aversão ao
risco por parte do mercado, incluindo os investimentos nos
emergentes.
A grande lição que se pode tirar desse período de turbulência do mercado, que, segundo
Salomon, ainda deve se estender por algumas semanas, é a
introdução de um fator novo,
que é a volatilidade nos preços
das commodities. Até há pouco
tempo, esses preços estavam
em franca ascensão, e, a partir
de agora, já começam a ceder,
embora a queda ainda tenha sido pequena.
Apesar dessa volatilidade no
mercado de commodities e do
aumento da aversão ao risco,
Salomon está confiante em relação ao Brasil. Em primeiro lugar, ele acha que ainda é muito
cedo para concluir se os problemas no mercado hipotecário
americano irão ou não provocar uma recessão nos EUA. Sua
aposta é que essa turbulência
será temporária.
Além disso, o economista diz
que o Banco Central fez o dever
de casa correto ao adotar a estratégia de acumular reservas
durante os últimos meses para
enxugar o excesso de liquidez
de moeda estrangeira. As reservas funcionam hoje como uma
espécie de seguro no caso de
uma piora no cenário global.
Dessa forma, ele não vê motivos, ao menos por enquanto,
para o Copom interromper o
processo de redução de 0,25
ponto da Selic nas próximas
reuniões. Salomon não vê risco
de depreciação do câmbio nas
próximas semanas, apesar da
maior volatilidade do mercado
e das incertezas de fora. Seria
esse o maior risco de piora nas
expectativas inflacionárias.
Para o economista, se houver
uma mudança no câmbio em
razão dessas movimentações, o
dólar subiria para, no máximo,
R$ 2,15, o que não seria suficiente para frear o ritmo da
queda dos juros.
Consultor vê risco de falta de combustível
Adriano Pires, do Centro
Brasileiro de Infra-Estrutura, acha que há sérios riscos
de a nova resolução da ANP
(Agência Nacional da Petróleo), que proíbe as distribuidoras de vender combustíveis para os postos que não
forem de sua própria bandeira, provocar desabastecimento no mercado.
A decisão, a seu ver, foi tomada sem que se desse tempo para as grandes distribuidoras se adequarem a essa
nova regra. Até então, os postos, independentemente da
bandeira, se abasteciam das
pequenas distribuidoras.
Pires disse que já viu, hoje,
em São Paulo, muitos postos
com placas anunciando que
estava sem álcool. Para ele, a
situação tende a se agravar
nos próximos dias.
Adriano Pires considera
até positiva a resolução, já
que ela protege mais o consumidor contra o risco de estar se abastecendo de um
combustível cuja marca não
conhece, mas ele acha que a
resolução foi feita de forma
precipitada.
SUSTENTABILIDADE EM DEBATE
São Paulo abriga, entre 24 e 26 de abril, o Sustentável
2007, segunda edição do Congresso Ibero-Americano sobre
Desenvolvimento Sustentável. O evento, que será realizado
no auditório do parque do Ibirapuera, deve reunir 5.000
participantes. Fernando Almeida, presidente do CEBDS
(Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável) e organizador do congresso, se diz otimista sobre o tema. "O panorama é inteiramente diferente do que
era há dez anos. Hoje, há enorme interesse por essa área",
diz. Para ele, no entanto, a sustentabilidade precisaria de um
grande líder para deslanchar. "Precisaríamos de um Ghandi
da sustentabilidade", diz. Entre os participantes do evento
estão Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos, e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Entre os painéis está Mercados do Amanhã - Tendências Globais e suas Implicações
para as Empresas.
PINGÜINS
Paulo Skaf (Fiesp) e Benjamin Steinbruch (CSN) foram visitar, no fim da semana passada, a base brasileira
na península da Antártida,
no Pólo Sul. Os dois viajaram num avião Hércules da
Marinha junto com diversos
outros oficiais. De lá mesmo,
Skaf telefonou na segunda
para o vice-governador de
São Paulo, Alberto Goldman, que estava em uma
reunião na Fiesp com representantes do segmento de
plástico, para pedir a ele a
redução de impostos para o
setor. Não foi atendido.
FRENTE E VERSO
A partir de hoje, correspondências internas, cópias
e impressões de documentos da administração central
da AmBev (SP) sairão só em
papel reciclado. Nos próximos meses, o mesmo acontecerá em todas as unidades
da empresa. Em 2006, ela
adotou a impressão em frente e verso, economizando 1
milhão de folhas por mês.
ALAMBIQUE
A Sagatiba, produtora de
cachaça, acaba de lançar o
produto na Grécia.
HOMENAGEM
Em almoço fechado com
empresários da construção
civil em SP, na terça, ao informar que Furlan deixaria
o governo, Lula disse que,
desde junho, ele pede para
sair, antes até da renúncia de
Roberto Rodrigues. Lula fez
questão de dizer que, por ele,
Furlan ficaria até o último
dia do seu governo.
NA FILA
O nome que circula no
mercado com grandes chances de assumir o lugar de
Furlan no Desenvolvimento
é o do usineiro Maurílio Biagi, de Ribeirão Preto. Maurício Botelho (Embraer) não
aceitou o convite de Lula.
Antes dele, Jorge Gerdau
também não tinha aceitado.
SIGILO
A Santa Marina e a Dupont anunciam, juntas, na
próxima semana, um produto ainda mantido em sigilo.
A campanha é da W/Brasil.
ESPORTISTA
A Timberland, marca de
esportes, que atua no Brasil
com dez lojas próprias,
anunciará o início da operação por franquias, com a
inauguração de duas lojas.
A COBRAR
A partir de abril, o Banco
do Brasil oferecerá o pagamento pelo celular nas cinco
maiores capitais . O serviço
permitirá o pagamento via
celular também nas compras à distância.
com ISABELLE MOREIRA e JOANA CUNHA
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