São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Crise dos EUA não afetará queda de juros no Brasil, diz economista

A grande dúvida do mercado financeiro global, hoje, é se vai haver uma aterrissagem forçada ou não nos Estados Unidos. Todas as turbulências que ocorreram desde o dia 28 de fevereiro, quando a Bolsa de Xangai caiu 10%, guardam alguma associação com essa incerteza em relação ao mercado americano. Mesmo naquele dia, o ex-Fed Alan Greenspan tinha levantado a hipótese de uma recessão nos EUA.
Os indícios de problemas no mercado hipotecário americano já tinham surgido havia mais tempo, principalmente no chamado "subprime", de segunda linha, mas só agora vieram à tona, diante do aumento das incertezas no mundo. O problema é se essa turbulência vai afetar o crédito dos bancos e gerar desaceleração mais forte da economia americana.
A constatação é de Marcelo Salomon, economista-chefe do Unibanco, que acaba de chegar de uma visita à Europa para encontros com grandes clientes do banco. Ele observou também uma crescente aversão ao risco por parte do mercado, incluindo os investimentos nos emergentes.
A grande lição que se pode tirar desse período de turbulência do mercado, que, segundo Salomon, ainda deve se estender por algumas semanas, é a introdução de um fator novo, que é a volatilidade nos preços das commodities. Até há pouco tempo, esses preços estavam em franca ascensão, e, a partir de agora, já começam a ceder, embora a queda ainda tenha sido pequena.
Apesar dessa volatilidade no mercado de commodities e do aumento da aversão ao risco, Salomon está confiante em relação ao Brasil. Em primeiro lugar, ele acha que ainda é muito cedo para concluir se os problemas no mercado hipotecário americano irão ou não provocar uma recessão nos EUA. Sua aposta é que essa turbulência será temporária.
Além disso, o economista diz que o Banco Central fez o dever de casa correto ao adotar a estratégia de acumular reservas durante os últimos meses para enxugar o excesso de liquidez de moeda estrangeira. As reservas funcionam hoje como uma espécie de seguro no caso de uma piora no cenário global.
Dessa forma, ele não vê motivos, ao menos por enquanto, para o Copom interromper o processo de redução de 0,25 ponto da Selic nas próximas reuniões. Salomon não vê risco de depreciação do câmbio nas próximas semanas, apesar da maior volatilidade do mercado e das incertezas de fora. Seria esse o maior risco de piora nas expectativas inflacionárias.
Para o economista, se houver uma mudança no câmbio em razão dessas movimentações, o dólar subiria para, no máximo, R$ 2,15, o que não seria suficiente para frear o ritmo da queda dos juros.

Consultor vê risco de falta de combustível
Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, acha que há sérios riscos de a nova resolução da ANP (Agência Nacional da Petróleo), que proíbe as distribuidoras de vender combustíveis para os postos que não forem de sua própria bandeira, provocar desabastecimento no mercado.
A decisão, a seu ver, foi tomada sem que se desse tempo para as grandes distribuidoras se adequarem a essa nova regra. Até então, os postos, independentemente da bandeira, se abasteciam das pequenas distribuidoras.
Pires disse que já viu, hoje, em São Paulo, muitos postos com placas anunciando que estava sem álcool. Para ele, a situação tende a se agravar nos próximos dias.
Adriano Pires considera até positiva a resolução, já que ela protege mais o consumidor contra o risco de estar se abastecendo de um combustível cuja marca não conhece, mas ele acha que a resolução foi feita de forma precipitada.

SUSTENTABILIDADE EM DEBATE
São Paulo abriga, entre 24 e 26 de abril, o Sustentável 2007, segunda edição do Congresso Ibero-Americano sobre Desenvolvimento Sustentável. O evento, que será realizado no auditório do parque do Ibirapuera, deve reunir 5.000 participantes. Fernando Almeida, presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) e organizador do congresso, se diz otimista sobre o tema. "O panorama é inteiramente diferente do que era há dez anos. Hoje, há enorme interesse por essa área", diz. Para ele, no entanto, a sustentabilidade precisaria de um grande líder para deslanchar. "Precisaríamos de um Ghandi da sustentabilidade", diz. Entre os participantes do evento estão Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos, e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Entre os painéis está Mercados do Amanhã - Tendências Globais e suas Implicações para as Empresas.

PINGÜINS
Paulo Skaf (Fiesp) e Benjamin Steinbruch (CSN) foram visitar, no fim da semana passada, a base brasileira na península da Antártida, no Pólo Sul. Os dois viajaram num avião Hércules da Marinha junto com diversos outros oficiais. De lá mesmo, Skaf telefonou na segunda para o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, que estava em uma reunião na Fiesp com representantes do segmento de plástico, para pedir a ele a redução de impostos para o setor. Não foi atendido.

FRENTE E VERSO
A partir de hoje, correspondências internas, cópias e impressões de documentos da administração central da AmBev (SP) sairão só em papel reciclado. Nos próximos meses, o mesmo acontecerá em todas as unidades da empresa. Em 2006, ela adotou a impressão em frente e verso, economizando 1 milhão de folhas por mês.

ALAMBIQUE
A Sagatiba, produtora de cachaça, acaba de lançar o produto na Grécia.

HOMENAGEM
Em almoço fechado com empresários da construção civil em SP, na terça, ao informar que Furlan deixaria o governo, Lula disse que, desde junho, ele pede para sair, antes até da renúncia de Roberto Rodrigues. Lula fez questão de dizer que, por ele, Furlan ficaria até o último dia do seu governo.

NA FILA
O nome que circula no mercado com grandes chances de assumir o lugar de Furlan no Desenvolvimento é o do usineiro Maurílio Biagi, de Ribeirão Preto. Maurício Botelho (Embraer) não aceitou o convite de Lula. Antes dele, Jorge Gerdau também não tinha aceitado.

SIGILO
A Santa Marina e a Dupont anunciam, juntas, na próxima semana, um produto ainda mantido em sigilo. A campanha é da W/Brasil.

ESPORTISTA
A Timberland, marca de esportes, que atua no Brasil com dez lojas próprias, anunciará o início da operação por franquias, com a inauguração de duas lojas.

A COBRAR
A partir de abril, o Banco do Brasil oferecerá o pagamento pelo celular nas cinco maiores capitais . O serviço permitirá o pagamento via celular também nas compras à distância.


com ISABELLE MOREIRA e JOANA CUNHA

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