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BNDES dá mais 277% para cana e álcool
Desembolsos se referem ao 1º bimestre; banco tem sido sondado para projetos de financiamento de maior sofisticação
No total, empréstimos sobem 64%, e aprovações, 128%; financiamentos somam R$ 7 bilhões em janeiro e fevereiro
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Os desembolsos do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
para o setor sucroalcooleiro
cresceram 276,96% no primeiro bimestre. Em janeiro e fevereiro deste ano, a liberação de
recursos ao setor somou R$
461,4 milhões. Em igual período de 2006, o banco havia emprestado R$ 122,4 milhões. Os
resultados foram puxados pelo
aumento dos empréstimos para a produção de álcool.
Segundo o presidente do
BNDES, Demian Fiocca, o estoque de operações comprova o
aumento dos investimentos no
setor alcooleiro. A carteira de
financiamentos, entre empréstimos aprovados ou em tramitação, reúne 64 operações, que
somam R$ 7,2 bilhões.
Os investimentos totais desses projetos somam R$ 12,2 bilhões. Boa parte ainda é destinada aos grandes usineiros,
conforme lista obtida pela Folha, mas já existem novos investidores interessados, incluindo estrangeiros.
Muitas das usinas de açúcar
foram fundadas ainda como
empresas familiares na primeira metade do século 20 e recentemente se voltaram para a
produção de álcool e bioenergia. Uma parcela menor surgiu
no Pró-Álcool, criado em 1975,
já com o objetivo de investir na
produção do combustível.
Em fevereiro, por exemplo, o
banco aprovou financiamento
de R$ 248,9 milhões para a usina Boa Vista, controlada pelo
grupo São Martinho, que iniciou operações em 1937 e é o segundo maior processador de
cana e produtor de álcool do
Brasil. Outras empresas que
obtiveram empréstimos são:
Companhia Agrícola Colombo,
Nova América Agrícola, Usina
Interlagos, Usina Alta Mogiana
e Açúcar Guarani, entre outros.
"Tem crescido a procura por
financiamentos de usinas para
a produção de álcool, como
também a solicitação de empréstimos para usinas que fazem também a geração de energia a partir do bagaço da cana",
disse Fiocca.
Nos últimos três anos, os desembolsos para o setor cresceram 248,27%. Em 2006, eles
somaram R$ 2,02 bilhões. Segundo o diretor da área de planejamento do banco, Antônio
Barros de Castro, estão surgindo empreendimentos de maior
sofisticação no setor. "Estão
chegando projetos mais complexos, rumo a um etanol de segunda geração", disse.
Existem no mercado oito
projetos em vista com geração
de energia de 100 MW a partir
do bagaço da cana. Incluem a
compra de caldeiras de maior
pressão, que custam cerca de
US$ 20 milhões.
O setor sucroalcooleiro não é
o único a iniciar o ano com
maior ritmo de crescimento. O
BNDES emprestou 64% a mais
no primeiro bimestre. Os financiamentos somaram R$
7,021 bilhões em janeiro e fevereiro. As aprovações tiveram alta ainda maior, de 128%, e chegaram a R$ 9,947 bilhões.
A indústria foi o setor com
mais desembolsos. Somaram
R$ 4,143 no primeiro bimestre.
As cartas-consulta, que funcionam como um termômetro da
disposição do empresariado
para novos investimentos,
cresceram 24% e atingiram
R$ 14,998 bilhões.
Fiocca destacou os resultados nos últimos 12 meses, em
que a liberação de recursos soma R$ 55,026 bilhões, e as
aprovações, R$ 79,904 bilhões.
No período, cresceu 40% o número de operações para micro
e pequenas empresas, mas, em
termos de volume, a expansão
foi de apenas 3%. Em 12 meses
elas somaram R$ 4,067 bilhões.
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