São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007

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BNDES dá mais 277% para cana e álcool

Desembolsos se referem ao 1º bimestre; banco tem sido sondado para projetos de financiamento de maior sofisticação

No total, empréstimos sobem 64%, e aprovações, 128%; financiamentos somam R$ 7 bilhões em janeiro e fevereiro


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Os desembolsos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o setor sucroalcooleiro cresceram 276,96% no primeiro bimestre. Em janeiro e fevereiro deste ano, a liberação de recursos ao setor somou R$ 461,4 milhões. Em igual período de 2006, o banco havia emprestado R$ 122,4 milhões. Os resultados foram puxados pelo aumento dos empréstimos para a produção de álcool.
Segundo o presidente do BNDES, Demian Fiocca, o estoque de operações comprova o aumento dos investimentos no setor alcooleiro. A carteira de financiamentos, entre empréstimos aprovados ou em tramitação, reúne 64 operações, que somam R$ 7,2 bilhões.
Os investimentos totais desses projetos somam R$ 12,2 bilhões. Boa parte ainda é destinada aos grandes usineiros, conforme lista obtida pela Folha, mas já existem novos investidores interessados, incluindo estrangeiros.
Muitas das usinas de açúcar foram fundadas ainda como empresas familiares na primeira metade do século 20 e recentemente se voltaram para a produção de álcool e bioenergia. Uma parcela menor surgiu no Pró-Álcool, criado em 1975, já com o objetivo de investir na produção do combustível.
Em fevereiro, por exemplo, o banco aprovou financiamento de R$ 248,9 milhões para a usina Boa Vista, controlada pelo grupo São Martinho, que iniciou operações em 1937 e é o segundo maior processador de cana e produtor de álcool do Brasil. Outras empresas que obtiveram empréstimos são: Companhia Agrícola Colombo, Nova América Agrícola, Usina Interlagos, Usina Alta Mogiana e Açúcar Guarani, entre outros.
"Tem crescido a procura por financiamentos de usinas para a produção de álcool, como também a solicitação de empréstimos para usinas que fazem também a geração de energia a partir do bagaço da cana", disse Fiocca.
Nos últimos três anos, os desembolsos para o setor cresceram 248,27%. Em 2006, eles somaram R$ 2,02 bilhões. Segundo o diretor da área de planejamento do banco, Antônio Barros de Castro, estão surgindo empreendimentos de maior sofisticação no setor. "Estão chegando projetos mais complexos, rumo a um etanol de segunda geração", disse.
Existem no mercado oito projetos em vista com geração de energia de 100 MW a partir do bagaço da cana. Incluem a compra de caldeiras de maior pressão, que custam cerca de US$ 20 milhões.
O setor sucroalcooleiro não é o único a iniciar o ano com maior ritmo de crescimento. O BNDES emprestou 64% a mais no primeiro bimestre. Os financiamentos somaram R$ 7,021 bilhões em janeiro e fevereiro. As aprovações tiveram alta ainda maior, de 128%, e chegaram a R$ 9,947 bilhões.
A indústria foi o setor com mais desembolsos. Somaram R$ 4,143 no primeiro bimestre. As cartas-consulta, que funcionam como um termômetro da disposição do empresariado para novos investimentos, cresceram 24% e atingiram R$ 14,998 bilhões.
Fiocca destacou os resultados nos últimos 12 meses, em que a liberação de recursos soma R$ 55,026 bilhões, e as aprovações, R$ 79,904 bilhões. No período, cresceu 40% o número de operações para micro e pequenas empresas, mas, em termos de volume, a expansão foi de apenas 3%. Em 12 meses elas somaram R$ 4,067 bilhões.


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