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Mercado Aberto
guilherme.barros@uol.com.br
Ameaça de subir juro foi tática do BC, diz Tendências
O tom de ameaça de aumento
dos juros da ata do Copom divulgada na quinta-feira pode
ser uma estratégia do Banco
Central para influenciar as expectativas do mercado e evitar
que ele tenha que aumentar a
Selic. Os juros no mercado futuro subiram nos últimos dias,
o que pode ser um sinal de que
o BC pode ser bem-sucedido.
A tese é da economista Ana
Carla Abrão Costa, da consultoria Tendências. Para ela, foi por
essa razão que o Banco Central
ignorou solenemente todos os
poucos dados positivos que foram divulgados entre as reuniões de janeiro e março.
"O Banco Central quer influenciar expectativas e, para
isso, não pode passar a impressão de que está se valendo de
melhoras pontuais no cenário
para manter a taxa de juros
inalterada", diz a economista.
O Banco Central ignorou, por
exemplo, a melhora recente
nos índices de inflação e a estabilidade do nível de utilização
da capacidade instalada, um indicador que mede a ocupação
na indústria e que está parado
há dois meses, depois de uma
alta expressiva em 2007.
Ao adotar essa estratégia e se
for bem-sucedido, Ana Carla
acha que o Banco Central ganha mais tempo para que o ciclo de investimentos, que hoje
já atinge 20 meses, transforme-se em aumento efetivo de capacidade e traduza-se em maior
oferta doméstica e alívio para o
cenário inflacionário.
"Se não tiver sucesso ou se a
oferta não der conta desse ritmo forte imposto pela demanda, a resposta virá via juros", diz
a economista.
Para que o Banco Central seja bem-sucedido nessa sua estratégia, declarações de membros do governo com críticas ao
BC e com questionamentos à
eventual necessidade de aumento dos juros só atrapalham
esse trabalho de coordenação
da autoridade monetária e tornam mais provável um eventual aumento de juros.
As críticas mais fortes do governo partiram de Miguel Jorge (Desenvolvimento) e Marcio
Pochmann (Ipea).
Para saber exatamente de
que lado está o Banco Central,
só na próxima reunião do Copom, dias 15 e 16 de abril. Se for
mesmo uma estratégia a ameaça de aumentar os juros e os números da economia -como a
inflação e o nível de utilização
da capacidade instalada- continuarem melhorando, o BC
pode não mexer na Selic e mais
para a frente até voltar a pensar
em baixar os juros. Mas, se os
números piorarem, o BC terá
de reagir, e rápido.
Fundos de sustentabilidade devem chegar a R$ 2 bi neste ano
Os fundos de sustentabilidade na Bovespa devem somar
um capital investido de R$ 2 bilhões até o final do ano, segundo estimativa da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do
Mercado de Capitais).
Neste mês, a Global Equity
lançou um fundo de sustentabilidade com a meta de captar
R$ 300 milhões em 12 meses. A
Apimec avalia que o capital investido nesses fundos tenha
chegado a R$ 1,7 bilhão.
A estratégia desses fundos é
levar em conta fatores sociais,
ambientais e de governança
corporativa ao escolher em
quais ações se vai investir. Conhecidos em inglês como "socially responsible investments", nos EUA cresce o interesse em investir em empresas
socialmente responsáveis.
Roberto Gonzalez, da Apimec e integrante do Conselho
de Administração do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da Bovespa, diz que nem
todos os investidores investem
porque acham que sustentabilidade traz rentabilidade.
"De forma empírica, muitos
investidores são cotistas desses
fundos porque eles têm tido
boa rentabilidade, que ainda é o
principal critério de quem investe", avalia Gonzalez.
Em comparação com a indústria de fundos, que movimenta cerca de R$ 1 trilhão no
Brasil, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de
Investimento), o patrimônio
dos fundos ainda é pequeno.
No entanto, os investimentos em empresas sustentáveis
estão crescendo no Brasil. No
início de 2007, o capital aplicado nesses fundos era de apenas
R$ 500 milhões.
MOVIMENTO Eduardo Gomes, diretor da EMH, empresa de MG que
fornece produtos para a movimentação de materiais, como equipamentos para esteiras e guindastes, cresceu
365% em janeiro. Gomes atribui o crescimento ao bom
momento da indústria brasileira, que investe mais na
compra de bens de capital e, segundo ele, até mesmo na
melhora do desempenho de máquinas já existentes.
NO BRASIL Lance Reinhairdt, da Superfund, que terá fundos
no Brasil; a iniciativa ocorre por causa da permissão
da CVM para que fundos apliquem recursos em ativos no exterior; Ignacio Rodriguez, diretor financeiro da Superfund, diz que "os produtos procuram ter
baixa dependência dos ativos mais comuns, como
renda fixa e outras estratégias de "hedge funds" [que
combinam investimentos de curto e longo prazo e
permitem ganhos em momentos de alta e de baixa]".
PESOS PESADOS
Guido Mantega se reuniu
com empresários pesos pesados ontem em São Paulo
para apresentar as propostas para conter a queda do
dólar e discutir a reforma
tributária. Entre outros, estavam Jorge Gerdau Johannpeter, Josué Gomes da
Silva (Iedi) e Maurício Botelho (Embraer). Jorge Rachid
(Receita Federal) também
participou.
FIM DA LINHA
Depois de 25 anos como
professor da UFRJ, Adriano
Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura),
pediu seu afastamento.
ZECA E LULA
O advogado Sérgio Bermudes, um dia desses, precisou fazer um telefonema para o ministro da Justiça de
São Tomé e Príncipe, Zeca
Barreiros, para se informar a
respeito de um juízo arbitral
que corre em Paris.
De cara, Bermudes levou
dois sustos. O primeiro foi
quando o próprio ministro
Barreiros atendeu direto o
telefone. Depois disso, o
advogado perguntou se o
nome do ministro era realmente Zeca. "Mas o seu presidente não se chama Lula?", foi a resposta que Bermudes recebeu do ministro
de São Tomé e Príncipe. Então tá.
com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI
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