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BNDES gasta R$ 50 milhões em publicidade
Despesas do banco com propaganda quadruplicam em quatro anos; instituição diz que investimento visa ampliar sua visibilidade
Orçamento recorde atrai propostas de 27 agências para este ano; instituição atribui aumento de gasto ao maior volume de desembolsos
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou orçamento
recorde de R$ 50 milhões para
gastos em publicidade neste
ano. O banco abriu concorrência para contratar duas agências. Até agora, 27 entregaram
propostas. O resultado será divulgado em até três semanas.
Segundo o banco, em 2005
foi decidido que o BNDES deveria aumentar investimentos
em publicidade para ampliar a
visibilidade da instituição e para buscar novos clientes.
De 2004 a 2008, os gastos
com propaganda quadruplicaram e passaram de R$ 8,6 milhões para R$ 35,8 milhões. No
período de 2000 a 2003, o
maior valor registrado em um
ano foi de R$ 12,2 milhões.
O banco atribui o aumento de
gastos nos últimos anos ao
maior volume de desembolsos.
Em 2006, o BNDES liberou R$
51 bilhões. No ano passado, o
montante subiu para R$ 92 bilhões. A área responsável pela
propaganda é o gabinete da
presidência da instituição.
Nos últimos anos, foram realizadas campanhas de produtos
como Cartão BNDES, Procaminhoneiro, Debêntures BNDESPar, além de outras de apoio à
cultura (incluindo apoio ao cinema e recuperação do patrimônio histórico).
No ano passado, a maior parte dos recursos foi destinada
para a televisão (82%).
A fatia gasta em jornais ficou
em 8,5%, seguida pelas despesas com internet (4,5%), revistas (4%) e rádio (0,5%).
Sem especificar os veículos, o
banco informou que gastou
R$ 126,5 mil em publicidade no
exterior no ano passado. O
montante representa um aumento de 168% em relação aos
gastos de 2007 com propaganda fora do país.
Campanha com energia
Para a concorrência deste
ano, foi proposta às agências a
criação de uma campanha referente ao apoio do banco à produção de energia.
No ano passado, o banco emprestou R$ 19 bilhões para projetos de infraestrutura.
A estimativa deste ano é de
um total de R$ 30 bilhões, sem
contar os financiamentos para
a Petrobras.
Além de sustentar parte dos
investimentos da estatal petrolífera, o banco é o principal financiador das obras do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), com destaque
para projetos como as usinas
hidrelétricas do rio Madeira.
Segundo o representante de
uma grande agência, que pediu
para não ser identificado, a
concorrência do BNDES movimentou o mercado apesar de
estar longe do patamar gasto
por uma empresa como a Petrobras. No ano passado, ela
gastou mais de R$ 200 milhões
em publicidade. Apesar disso, o
publicitário ressaltou que em
um cenário de crise, em que o
setor privado está cortando
despesas, as agências estão
mais interessadas na verba pública. É uma conta importante,
especialmente neste momento.
Para Ulysses Reis, professor
da FGV, as empresas privadas
mudaram a estratégia, com foco em ações mais direcionadas
ao público que querem atingir.
"Não significa que as empresas
privadas estejam parando de
fazer propaganda, mas elas estão mudando a forma de divulgação. Em tempos de crise, as
empresas começam a se questionar. É como se percebessem
que o barco está furado. Quando para o motor, elas começam
a tapar os buracos", disse Reis.
Desde 2005, as duas agências
que têm a conta do BNDES são
a DPZ e a Arcos Propaganda.
Procurada pela reportagem, a
DPZ afirmou que não tinha um
executivo disponível para comentar, mas confirmou que
participa da licitação atual. A
Arcos disse que foi orientada a
encaminhar a reportagem para
a área de publicidade do banco,
porque o BNDES concentra os
dados sobre a sua publicidade.
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