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Para analistas, BC pode reforçar cautela na Selic
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os indícios de inflação da economia dos EUA -o índice de
preços ao consumidor (CPI) subiu 0,5% em março- podem levar o Banco Central brasileiro a
adotar uma dose extra de cautela
para decidir sobre futuros cortes
na taxa básica de juros.
A conclusão é de analistas ouvidos pela Folha. Uma pressão inflacionária na economia americana deve levar o Fed (banco central
dos EUA) a antecipar a esperada
alta da taxa básica de juros. Os
economistas esperam que o aumento da taxa, hoje em 1%, deva
ocorrer até agosto deste ano.
"A elevação da taxa de juros do
Fed deve causar alguma turbulência no mercado. Esse cenário deve
diminuir a velocidade do corte
das taxas do Banco Central brasileiro", disse Lisa Schineller, diretora da área de risco soberano para a América Latina da agência
Standard & Poor's em Nova
York. "O BC deve ficar mais cauteloso", completou.
A economista-chefe do BES Investimentos, Sandra Utsumi,
também afirma que os rumos da
política monetária nos EUA terão
desdobramentos nas ponderações do BC. "Quando o Fed aumentar a taxa de juros, o BC vai
ter que esperar a acomodação das
variáveis da economia americana
que podem afetar a economia
brasileira antes de tomar decisões", declarou.
Mas a economista faz uma ressalva: "Por enquanto, o cenário
internacional é administrável.
Ainda há espaço para cortes".
Um aperto da política monetária americana tem impactos mundiais, especialmente para economias emergentes como a brasileira. A primeira conseqüência da
elevação da taxa básica de juros
dos EUA seria uma retração da liqüidez mundial, o que levaria a
uma escassez de fluxos de capitais
para o país. Com menos recursos
disponíveis para o Brasil, o BC teria uma margem de manobra menor para promover cortes nas taxas de juros.
Com juros mais atraentes nos
EUA, o volume de investidores
em papéis de países emergentes
também podem diminuir, o que
pressionaria a cotação do risco
Brasil, mais um dos inúmeros
componentes que são observadas
pelo BC.
"Uma alta da taxa básica de juros do Fed pode, num primeiro
momento, elevar o risco-país dos
emergentes. No caso do Brasil, o
mercado vai levar isso em consideração, mas vai olhar principalmente para os fundamentos da
economia brasileira", diz a economista da S&P.
Entretanto, o peso da conjuntura americana parece ainda não ter
sido refletido na decisão de ontem
do Copom (Comitê de Política
Monetária).
"Uma alta dos juros americanos
joga alguma sombra para o futuro
da política monetária no Brasil,
mas o peso da conjuntura americana nas decisões do BC não deve
ser muito grande. O BC já é naturalmente bastante conservador",
diz Antonio Lacerda, da Sobeet
(Sociedade Brasileira de Estudos
de Empresas Transnacionais e da
Globalização Econômica).
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