O diretor-geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo), Haroldo Lima, foi protagonista de uma cena rara na vida de um órgão regulador. Ele simplesmente foi desautorizado pela sua regulada, no caso a Petrobras, por ter falado mais do que devia. Normalmente, o que se espera é o contrário.
"O diretor da ANP foi, no mínimo, precipitado", diz Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura). O problema é que as declarações de Haroldo Lima fizeram não só as ações da Petrobras subirem mais de 7% na Bolsa de SP como também serem as mais negociadas ontem na Bolsa de Nova York, segundo a Economática.
Durante um seminário no Rio, Haroldo Lima afirmou que uma área localizada na bacia de Santos, o bloco BM-S-9, conhecido como Carioca, poderia ser o terceiro maior campo de petróleo do mundo. O poço teria reservas em torno de 33 bilhões de barris de óleo, cinco vezes maior que o megacampo de Tupi. Disse que seriam informações "oficiosas".
As declarações de Haroldo Lima despertaram duas reações. Primeiro, uma corrida às ações da Petrobras, que chegaram a subir 10% durante o dia, e, depois, uma reação da própria companhia.
A Petrobras afirmou, em nota, que "dados mais conclusivos sobre a potencialidade da descoberta somente serão conhecidos após a conclusão das demais fases do processo de avaliação e serão informados ao mercado oportunamente".
Nos bastidores, diretores da Petrobras consideraram inadmissível a declaração de Haroldo Lima.
O papel da ANP é claro. O órgão é responsável pela fiscalização e pela regulação do setor e jamais poderia fazer um anúncio desse tipo. Só a empresa pode falar sobre as suas próprias operações. A inversão dos papéis é confusão na certa.
Por indicação política, o ex-deputado federal Haroldo Lima (PC do B-BA) ocupa a diretoria geral da ANP desde 2005, em substituição ao embaixador Sebastião do Rêgo Barros. Antes, ocupava uma diretoria na ANP, depois de ter sido derrotado na eleição em 2002.

À PROCURA
Volker Deville, vice-presidente do grupo segurador europeu Allianz, desembarcou ontem em São Paulo e vai também a Curitiba. Deville está de olho em oportunidades para o crescimento da empresa no Brasil e acompanhará a abertura do mercado de resseguros no país. Segundo Deville, com a abertura, haverá um crescimento acelerado no volume de vendas de seguro e a entrada de novos produtos no Brasil. A Allianz do Brasil pretende faturar até 20% a mais neste ano. O faturamento em 2007 foi de R$ 1,6 bilhão. A companhia também estuda aquisições no país.

EM ALTA
O saldo do valor presente da carteira de leasing no país, em fevereiro, foi de R$ 71,176 bilhões -alta de 6,09% ante janeiro e 54,39% ante fevereiro de 2007. Os novos negócios no mês tiveram volume de R$ 5,632 bilhões, com aumento de 133,01% na comparação com fevereiro de 2007. O valor acumulado do ano é R$ 11,649 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Leasing. O número de contratos foi 159.294 em fevereiro.

FRANQUIA
Em 2007 e no primeiro trimestre de 2008, as sete empresas que participam do convênio entre a Associação Brasileira de Franchising e a Apex para a internacionalização das marcas brasileiras de franquia inauguraram 45 unidades em 17 países. As divisas geradas foram de US$ 2,1 milhões. Integram o projeto Wizard, Lilica Ripilica, Showcolate, Carmen Steffens, Livraria Nobel, Global Franchise e Bob's.

MUNICIPAL
A Rio Tinto investirá R$ 2 milhões, a partir de julho, para financiar iniciativas municipais em saúde, ambiente, educação e turismo. O projeto faz parte de acordo assinado com a prefeitura de Corumbá (MS) e tem validade de 24 meses.

SÉRIE ESPECIAL
A Renault e a Nokia lançam hoje, em São Paulo, a série especial Sandero Nokia, o primeiro veículo do país a ter como item de fábrica um sistema com tecnologia Bluetooth, navegação GPS, serviço Nokia Mapas, viva-voz e streaming de áudio. Serão produzidas mil unidades da série. O telefone Nokia N95 vem com o carro. A função streaming permite escutar, no carro, as músicas armazenadas no aparelho.

PROPAGANDA
A Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade) lançou no fim de semana campanha contra a proibição da publicidade de cerveja. "Proibir é uma solução simplista e cínica. Não é proibindo a propaganda política que o país vai acabar com a corrupção", diz Dalton Pastore, presidente da Abap. "Fazemos um alerta à razão. Temos de entender as razões e causas dos problemas [causados pelo consumo de álcool em excesso], mas não é com proibição que vamos chegar à solução."

LEITO
O Hospital Sírio-Libanês vai divulgar em maio seu primeiro balanço social. O hospital registrou investimento de R$ 81,3 milhões em filantropia em 2007.

INFLAÇÃO: FGV LANÇA IPC-C1 PARA MEDIR IMPACTO EM RENDA DE ATÉ 2,5 MÍNIMOS
A Fundação Getulio Vargas lança hoje o IPC-C1, índice de preços para consumidores com renda familiar de até 2,5 salários mínimos. A FGV concluiu a série histórica desde 2004. Nos últimos 12 meses, a inflação foi mais alta para essa faixa de renda por causa da alta no preço dos alimentos. O item alimentação tem participação de 27,73% no IPC e de 39,23% na faixa que recebe até 2,5 salários mínimos.